Comportamentos

Como está a sua autoconfiança? Faça o seu confiançagrama

 
Contrariamente ao que se possa pensar, ter níveis elevados de autoconfiança não é positivo, tal como estar abaixo da média também nos é prejudicial. Idealmente devemos situar-nos na media, sabendo que a nossa autoconfiança depende da fé, da confiança nos outros e na confiança que temos em nós próprios.

Neste sentido, o psiquiatra Roberto Shinyashiki propõe que se realize um confiançagrama como forma de perceber como estão distribuídas as nossas energias por essas três áreas fundamentais. Dando como exemplo que o equilíbrio entre a fé, a confiança que temos nos outros e em nós mesmos é a base para o nosso bem,-estar e felicidade, este especialista ilustra que o excesso de fé conduz ao fanatismo, o excesso de confiança nos outros pode levar-nos a confiar nas pessoas erradas e, confiar demasiado em nós mesmos dá lugar à arrogância.
 
Para elaborar o seu confiançagrama, agarre num papel e numa caneta e escreva a percentagem que atribui à sua fé, a percentagem que atribui à sua confiança nos outros e a que atribui a si mesmo. Se obtiver por exemplo 85% de fé, 25% de confiança nos outros e 40% de confiança em si mesmo, isso quer dizer que precisa de reduzir a sua ideia de fé, na medida em que esse excesso o está a impedir de se dar mais aos outros e a si mesmo.
 
O mesmo exemplo serve para as demais áreas de vida em que se pretende que a média se situe nos 50% para cada item. Naturalmente que cabe a cada pessoa fazer essa avaliação para saber como está a distribuir as suas atenções e energias, ainda assim, se obtiver resultados muito baixos em duas ou nas três categorias, não opte por fazer esta resolução sozinho. Procure um psicoterapeuta para o ajudar a fazer esse processo.
 
Segundo Roberto Shinyashiki, qualquer pessoa pode fazer este processo sozinha desde que sinalize a forma como está a distribuir as suas energias, que defina um plano para melhorar esses resultados e que estabeleça prazos para os conseguir concretizar. Na posição deste especialista é também essencial que se tenha em conta a forma como se pensa acerca da obtenção de resultados. O modo como dizemos ao nosso cérebro que pretendemos alcançar um determinado objetivo tem de ser claro, por exemplo, em vez de dizer que me quero manter em forma, quando elaboro os meus objetivos, eu preciso de escrever que vou fazer 30 minutos de exercícios diários para me manter em forma. A ação assume aqui um papel de extrema relevância para o sucesso que se pretende.
 
É fundamental escrever que vou dedicar uma hora por semana para beber um café com um amigo, em vez de simplesmente dizer que vou melhorar a minha vida social. Se quero resolver um problema tenho de anotar com clareza aquilo que vou fazer para o solucionar, sabendo que não basta dizer que vou reduzir os doces, tenho de planear a minha dieta de forma a reduzi-los efetivamente e seguir essa orientação com rigor e disciplina.
 
Na posição deste orador, escritor e psiquiatra, a forma como nos preparamos para enfrentar e para resolver os problemas, faz toda a diferença na sua resolução por isso, devemos avaliar o nosso confiançagrama, tomar consciência dos pontos que temos de melhorar e depois definir um plano para atingir os resultados pretendidos.
 
Como é que vou reduzir a minha fé, quando a mesma não está no caminho certo?
 
Como é que vou aprender a confiar mais em mim mesmo?
 
Como é que vou confiar mais nas outras pessoas?
 
Como é que vou aprender a delegar competências nos outros para não exagerar no trabalho?
 
Identificadas as respostas, tenho de partir para a elaboração do meu plano. Tenho de delinear objetivos concretos e formas de ações específicas.
 
Definir prazos e a forma como os vou alcançar. Traço um plano como um atleta de alta competição que se prepara sistematicamente para obter bons resultados. Quando não consigo algo, tenho de mudar de direção e reformular o meu confiançagrama de forma a ajustar novas metas, mas não posso desistir.
 
É mesmo essencial definir prazos para alcançar essas metas e tirar fotos do que estou a fazer para as alcançar. Não tenho de as publicar nas redes sociais, mas devo tê-las no meu computador para apreciar os meus progressos. Por exemplo, se decidi estudar inglês para aperfeiçoar os meus conhecimentos, faz sentido que tire uma foto a estudar para me manter inspirado e motivado, sabendo que estou a fazer de tudo para melhorar a minha autoconfiança. O mesmo se passa com o exercício físico e com todas as metas que estabeleci após a realização deste teste.
 
Como nota essencial, o autor do livro Coragem de Confiar alerta que, “devemos estar atentos para não confiar nas pessoas erradas, já que isso acarreta muitos prejuízos a vários níveis, sendo de incluir o plano material, mas também o afetivo”. Ao mesmo tempo, “a falta de confiança em si leva à insegurança. Quando não se confia no nosso taco, torna-se difícil fazer qualquer movimento com segurança e certeza”.
 
E eis a questão: "como  se pode acreditar que algo que vamos fazer dará bons resultados se não confiarmos na nossa capacidade ou na força de vontade de persistir até que os resultados apareçam?"
 
A baixa autoconfiança “paralisa e impede-o que viva a vida plenamente e põe a perder os seus sonhos e projetos. Por outro lado, o excesso de autoconfiança pode conduzir-nos à arrogância”.
 
O mesmo autor sublinha que, “quando desenvolvemos a autoconfiança, precisamos de ter o cuidado de desenvolver também a humildade, o espírito de equipa e a gratidão”.
 
Para Roberto Shinyashiki “achar que é autossuficiente e o dono da verdade, além de lhe limitar os resultados, pode levá-lo à prepotência e à arrogância”.
 
De um modo geral, “o excesso isolado de um único tipo de confiança pode levá-lo a uma distorção de comportamento, assim como a falta de qualquer dessas três confianças pode levá-lo a perdas importantes na sua qualidade de vida e nos seus resultados”.
 
Fátima Fernandes