Pode parecer estranho que, numa altura que se quer de paz e harmonia surjam tantos conflitos.
Na realidade, tal acontece porque o ambiente é mágico, as tradições marcam o percurso de quem nelas acredita e gosta de se envolver, mas as feridas pessoais persistem nas mentes de quem celebra esta ou qualquer outra quadra festiva.
Por norma, as famílias juntam-se, mas em muitos casos, passam longos períodos afastadas e dando resposta às suas vidas. É também um facto que, poucas famílias se dedicam a conversar sobre os problemas do passado, sobre aquelas feridas que permanecem abertas e que, ao mínimo toque ou palavra, ganham expressão.
Juntando o facto de estarem muitas pessoas reunidas ao mesmo tempo, com características distintas, interesses diferentes, estilos de vida muito próprios e gosto pela sua liberdade de expressão, pode dar-se o caso das discussões ocorrerem na noite que se quer feliz, mas que nem sempre é para todos.
Na posição dos especialistas em comportamento humano, nem a paz, nem o amor podem ser impostos por decreto ou obrigação, pelo que, nada nos garante que, por sermos da mesma família e por ser Natal, que estejamos todos bem uns com os outros, por isso, mais vale pensar muito bem na melhor forma de organizar esta confraternização, sob pena de os conflitos superarem a alegria pretendida.
Evitar piadas, estabelecer limites e manter certas distâncias são recomendações úteis para evitar conflitos no Natal. Assim, os entendidos deixam algumas orientações que podem tornar esta quadra mais harmoniosa:
1. Partilhar as decisões
Para evitar conflitos, o melhor é que todas as decisões sejam tomadas em conjunto. Os pequenos detalhes devem ser acordados com todos os adultos que também se devem envolver na organização da festa. Da compra de presentes, passando pelo local onde se vai fazer a celebração, sem esquecer o que se vai comer e beber, quanto se vai gastar, são alguns itens daquilo que precisa de ser decidido em conjunto para evitar conflitos, pois se todos estiverem na mesma linha, minimiza-se o desconforto.
2. Acordar as despesas
No Natal há mais gastos, e esse é um fator que pode gerar conflitos se os critérios não forem previamente unificados. A melhor coisa a fazer é limitar o orçamento e definir quem paga o quê.
Se alguém decidir contribuir com mais dinheiro, é importante garantir que isso é feito de forma totalmente voluntária. O ideal é que cada um dê o que pode e quer, sem nenhum tipo de pressão. Esta é uma boa medida para evitar conflitos no Natal.
3. Dividir as tarefas e responsabilidades
Há um aspeto que desperta sempre muitos conflitos no Natal, os casais com filhos que têm menos tempo para ajudar, que acabam por dedicar mais atenção aos seus rebentos e que, na maioria das vezes, não têm quem os ajude nessa tarefa para que se possam sentir mais libertos. Uma boa atitude familiar é que outros membros ocupem um pouco os mais novos para que os pais possam relaxar um pouco e ajudar em alguma coisa, sem esquecer que, dessa forma também podem conviver um pouco mais. Com essa atitude, o ambiente fica logo mais leve e amigável entre todos.
É ainda fundamental que as tarefas sejam distribuídas por todos, já que este também é um foco de conflito, pois uns trabalham sempre mais do que outros e acabam por estar exaustos no momento da celebração, o que facilmente dá lugar a comentários negativos e a conflitos.
4. Evitar tópicos controversos e evitar forçar reconciliações
Sabe-se que nas famílias muitas vezes há questões que causam polémica, como sendo a religião, assuntos relacionados com política ou rancores do passado. O melhor é fazer um acordo para evitar esses problemas, pois os mesmos podem transformar a comemoração num campo de batalha. É Natal e esta não é a época mais propícia para entrar em debates, que, em geral, não levam a lugar algum.
O desejo de paz e fraternidade não deve ir tão longe a ponto de se pressionar as pessoas com conflitos não resolvidos e insistências em reconciliações. Cada um tem o direito de estar chateado com quem quiser e de fazer as pazes se assim o entender. Não é por ser Natal que todos têm de estar felizes e de bem uns com os outros. Há pessoas que se ausentam da comemoração e devem ser respeitadas, tal como os que comparecem não devem ser confrontados com problemas, insinuações ou cobranças. É Natal, mas todos são adultos e sabem muito bem o que querem logo, não tente ser o bom samaritano que isso, na maioria das vezes, acaba mal.
As conversas devem ser leves e sem um alvo específico precisamente para evitar trocas de acusações, ofensas e “bocas” desnecessárias. Quem dá a sua casa para a festa também não deve fazer disso um ponto de superioridade e uma marca de poder dizer tudo o que lhe apetece.
5. Seja flexível
Se cada um gerir as suas próprias atitudes e emoções, o mais provável é que tudo corra muito bem. Ninguém pode mudar o comportamento dos outros, mas pode mudar o seu próprio. O segredo é não se deixar arrastar por gestos ou atitudes negativas. Haverá tempo para resolver o que fica pendente.
A melhor forma de evitar conflitos no Natal é adotar uma atitude de abertura, flexibilidade e serenidade. Dar o melhor de si, respeitar o outro e preparar-se para um Natal em paz são fatores decisivos na hora de comemorar com a família e amigos.
Fátima Fernandes
