Comportamentos

Como lidar com o desleixe dos adolescentes

 
Muitos pais queixam-se que os filhos, sobretudo adolescentes, arrastam as tarefas domésticas e resmungam por tudo e por nada.

Se os jovens não são todos assim, é um facto que, muitos têm sempre o quarto desarrumado, não colocam a louça suja no lava louça após a refeição, não querem fazer os trabalhos escolares e não colaboram nas mais variadas atividades diárias.
 
Segundo os especialistas em comportamento humano, a adolescência é uma fase de afirmação da identidade e um período em que os jovens querem fazer tudo à sua maneira, seja para desafiarem os pais, seja para corresponderem ao que mais gostam de fazer ou ainda para desafiarem os seus próprios limites.  Por norma, arrastam as obrigações para poderem jogar, estar ligados às redes sociais ou para realizarem uma qualquer tarefa que lhes apeteça naquele momento. Demoram muito tempo porque não se preocupam com o que ainda têm de fazer e porque as horas e os minutos parecem não ter qualquer relevância nessa idade e, acabam por construir uma desorganização em seu redor.
 
Os pais, muitas vezes à beira de um ataque de nervos, não compreendem essa aparente tranquilidade em adiar as obrigações e acabam por irritar-se, por discutir com o filho e, em muitos casos, por dizer aquilo que não deveriam. O ambiente deteriora-se e a convivência é cada vez mais difícil, sendo caso para perguntar: o que fazer?
 
Segundo os entendidos na área da psicologia, os pais precisam de dois ingredientes básicos: paciência e compreensão, mas também assertividade e exigência.
 
Assim, como a melhor forma de educar é através do exemplo, os pais devem mostrar aos filhos como se podem organizar para que tenham tempo para tudo. Se necessário, podem fazer um horário que deve ser cumprido e onde deve constar o tempo livre para o jovem fazer o que deseja, mas acima de tudo, o rigor deve fazer parte da convivência diária entre pais e filhos.
 
É regra levantar a mesa após as refeições e todos devem fazê-lo. É regra que se faça a cama antes de sair de casa e todos devem fazê-la. Os jogos e a ligação às redes sociais devem ocorrer após a realização dos trabalhos escolares e, nesse tempo livre, o jovem pode fazer o que bem entender. Estes são alguns exemplos do quanto as regras são fundamentais para que o jovem cumpra as suas obrigações e para que se habitue a ser organizado e responsável. Aos poucos, como quer ser cada vez mais independente, o seu filho tenderá a fazer tudo sem que lhe seja exigido ou sem que tenha de andar a dizer-lhe isso a toda a hora, mas lembre-se da importância do exemplo.
 
Pais que arrastam a limpeza da casa, que não arrumam a cozinha após as refeições, que acumulam roupa na cadeira do quarto, que não fazem a cama de manhã, que não cumprem com as suas obrigações profissionais a tempo e horas, não podem exigir que os filhos sejam limpos, arrumados e organizados.
 
Depois, muitos pais também se queixam que os filhos não só não querem fazer as tarefas como resmungam por tudo e por nada, o que agrava o mau ambiente familiar. Nesse ponto, os entendidos dizem que, não se deve permitir que o jovem o faça e, a melhor forma de cortar logo esse mau exemplo é também os pais não reclamarem por tudo e por nada. Ao mesmo tempo, devem dizer ao filho que, enquanto ele lhes falar assim, não vão responder-lhe e não vão ouvi-lo. Será dessa forma que o adolescente vai perder a mania de estar sempre de mau humor e a reclamar de tudo.
 
Quando o seu filho lhe falar corretamente, elogie-o e recompense-o com algo nem que seja simbólico como um abraço, um beijo ou qualquer outra coisa que tenha à mão, pois é muito importante dar-lhe esse reforço positivo.
 
Ao mesmo tempo, é essencial que, os pais, como figura de autoridade e exemplo para os filhos, que saibam explicar o que pretendem com as regras, que mostrem o quanto é fundamental viver num ambiente limpo e arrumado e o quanto é crucial que todos colaborem para o mesmo objetivo.
 
Para tal, «pede-se aos pais muita paciência, capacidade de diálogo, assertividade, amor e compreensão», mas também rigor e exigência para que os problemas se resolvam rapidamente, sublinham os entendidos.
 
Reforce ainda a ideia de que, se o seu filho não cumprir as tarefas, ninguém as fará por ele e que essa preguiça terá consequências em algo que ele quer muito, no tempo de jogo ou de ligação às redes sociais, por exemplo.
 
Quando ele se esquecer de cumprir uma obrigação, faça-o lembrar e, mesmo que seja mais tarde, terá de cumprir com o devido, mas mostre-se aborrecido com essa falta de cumprimento. Ao mesmo tempo, respeite quando ele lhe pedir mais um momento porque está a fazer algo importante. Este respeito é fundamental para que a relação flua de forma saudável e agradável, mas se perceber que o jovem o manipula, esteja atento e não permita. Seja firme quando necessário, compreensivo e afetuoso quando for o caso.
 
Os pais não têm de estar sempre irritados e zangados com os filhos, mas sim, saber qual é a melhor forma de se dirigirem aos jovens e de levá-los a fazer o que é importante e necessário, mas acima de tudo, é imperioso o respeito de parte a parte.
 
Fátima Fernandes