Os especialistas reforçam a todo o instante a importância de salvaguardar a saúde mental neste tempo de confinamento, sendo que se torna um imperativo seguir algumas linhas de orientação que nos permitam encontrar o desejado equilíbrio.
Antes de mais, é fundamental ter em conta que todos precisam de mais apoio e compreensão nesta fase atípica e difícil. Criança, jovens, adultos e idosos sofrem as consequências de uma nova realidade e têm de aprender a lidar com ela da melhor forma, sendo que, muitas vezes, precisam de um apoio acrescido, uma maior dose de carinho e de compreensão. Neste sentido, não devemos ter medo de nos sentirmos frágeis e de falar abertamente das nossas emoções.
Ser capaz de expressar o que se sente é um ponto essencial para manter o equilíbrio. Ao mesmo tempo, é fundamental procurar falar com pessoas que estejam a sentir algo semelhante, já que essa é sempre a melhor forma de nos sentirmos acolhidos e compreendidos. Falar “a mesma linguagem” nem que seja por telefone assume um papel decisivo nessa expressão emocional crucial para o nosso bem-estar a vários níveis, sobretudo devido ao plano libertador que a mesma encerra.
É ainda de anotar que, quanto mais formos capazes de expressar as nossas emoções, mais estaremos aptos para as gerir e identificar, o que nos liberta e reduz a ansiedade e o medo.
Na posição dos especialistas, o simples facto de falar em voz alta acerca daquilo que nos inquieta, ajuda-nos a libertar as tensões e os medos, já que nos permite assumir e compreender melhor o que estamos a sentir e o que se está a passar em nosso redor. A postura de conversar sobre o que se está a passar também abre caminho para que falemos melhor com os outros, para que possamos dar e receber apoio e sentirmos menos apreensão face ao que se está a passar.
Se os adultos precisam de apoio, não menos as crianças o necessitam, por isso, a estratégia deve ser a mesma, ainda que ajustada à idade dos mais novos. O diálogo é a base para suportar qualquer momento de crise, a compreensão é um suporte essencial para qualquer ser humano, por isso, nunca deixe de ouvir os seus filhos e de lhes explicar a realidade. Ouça os seus medos e conforte-os com uma mensagem positiva: “vai ficar tudo bem”, mas até lá, temos de lavar bem as mãos, ter cuidados diários e estar em casa para estarmos mais seguros. Ainda neste ponto, é fundamental que os pais, mesmo com alguns receios, sejam capazes de mostrar calma, segurança e respeito pelos filhos e pelos seus sentimentos, ao mesmo tempo em que lhes mostram que, dentro do possível, “está tudo sob controle”.
É imperioso falar aos mais novos acerca dos avanços científicos, da procura de uma vacina para, ao mesmo tempo, já os estar a preparar para a fase seguinte, pois não iremos manter esta situação para sempre; é uma fase passageira, mas que é muito importante que cada um faça a sua parte.
Nas brincadeiras com os nossos filhos, é interessante colocar os temas da atualidade para que, também eles, desde cedo, vão aprendendo a identificar as suas emoções e a geri-las. Um desenho alusivo à pandemia, uma música que se inventa sobre a Covid-19, uma história são importantes para compreender a forma como os mais novos estão a vivenciar toda esta situação.
Realçando que as emoções são aquilo que mais nos constitui e caracteriza enquanto humanos, é essencial que lhes saibamos dar o devido espaço, tempo e valor, que aprendamos a ouvir os nossos sentimentos e que nos saibamos libertar dos nossos medos.
Para terminar e, não menos importante, devemos gerir a informação que recebemos de todos os lados para evitar entrar em pânico. Devemos ouvir e ler o essencial,. Proteger os nossos filhos desses excessos e, procurar fontes credíveis para aceder a conteúdos. Devemos ter em conta que, se recebemos excesso de informação, depois não temos a necessária descompressão e tranquilidade para que possamos regressar ao equilíbrio, por isso, devemos fazer opções e limitar o tempo em que estamos expostos à informação ao longo do nosso dia. Procurar o essencial e não o que se transmite a toda a hora nos mais diversos canais e vias de comunicação. Nunca é demais recordar a importância de diversificar os conteúdos ao longo do dia, de organizar o melhor possível o nosso tempo a sós e com aqueles que vivem connosco.
Fátima Fernandes - Educadora Social