Dicas

Como saber se o meu parceiro me mente?

 
A mentira faz parte das relações humanas e é entendida como um recurso para nos protegermos numa determinada situação, no entanto, há pessoas que vivem ao máximo essa forma de contornar a verdade. Mentem aos amigos, familiares, ao cônjuge, colegas de trabalho e daí por diante.

Os especialistas chamam-lhes mentirosos crónicos, na medida em que não conseguem viver sem inventar histórias, sendo que estas são cada vez mais elaboradas e constantes.
 
Os mesmos entendidos clarificam que, um mentiroso crónico apresenta quatro dimensões no seu comportamento, são elas:
 
1.Integração no ambiente
 
O mentiroso sabe muito bem que, para que os outros acreditem nas suas mentiras, tem de ser convincente, por isso, começa por se mostrar muito confiável; transparente e carregado de boas intenções para que os demais confiem. Ultrapassada esta fase, torna-se muito mais fácil enganar quem está ao seu redor e, os mentirosos crónicos sabem isso muito bem, pois ao terem o outro a acreditar no que diz, pode ir até onde quiser.
 
2.Mentiras elaboradas
 
Os mentirosos crónicos elaboram as suas histórias até à exaustão, a ponto de reunirem todos os pormenores e de pensarem em tudo o que os outros lhes possam perguntar. Conduzem a história até onde querem e levam o outro consigo. Qualquer história que contem, é sempre carregada de detalhes tão elaborados que dificilmente levantam suspeitas.
 
3.Obtenção de benefícios
 
Pode-se perguntar a razão pela qual os mentirosos elaboram tão bem as suas histórias e a resposta é: obter benefícios. Cada detalhe é ponderado, cada gesto pensado, o que no seu todo dá lugar a uma história convincente e acatada por muitos, o que por si só, já acarreta lucros. Depois, mediante o que pretende alcançar, assim será a história que elabora. Para se saber se o nosso parceiro ou parceira é um mentiroso crónico, é importante observar que tipo de vantagens ele/a retira dessa mentira, por exemplo, obter lucro extra num negócio, enganar o cônjuge com uma vida paralela e daí por diante.
 
4.Deteção
 
Este ponto refere-se a toda a cautela que o mentiroso reúne para continuar a mentir e a enganar os outros. Aqui é preciso ter em conta que, com o passar do tempo e ao ouvirmos diversas vezes as suas histórias, é natural que, ao estarmos mais atentos, consigamos desmascarar um mentiroso, por muito bem elaborado que seja. No entanto, quanto mais o mentiroso sente que está a ser descoberto, mais histórias inventa e melhor elabora as suas mentiras, pelo que não é fácil confrontá-lo.
 
Por fim, deixamos-lhe algumas técnicas que podem facilitar a descoberta de um mentiroso tendo sempre em conta que, as mesmas não são infalíveis e que estamos a lidar com pessoas que possuem uma arte muito especial.
 
1.Surpreenda-o
 
Por norma, o mentiroso conhece muito bem as suas vítimas e está habituado a um determinado comportamento, convencendo-se de que todos acreditam nas suas histórias, pelo que ao surpreendê-lo, conseguirá desmascará-lo. O truque é fazer-lhe muitas perguntas para que o seu cérebro fique sobrecarregado e sem capacidade para conseguir elaborar melhor o que está a dizer. Está provado que, a mentira requer frescura mental, pelo que, quando confrontamos discretamente um mentiroso com questões também elaboradas, isso leva-o a não conseguir proteger-se e a ser mais facilmente desmascarado. Se a pessoa está a falar sobre uma situação em que foi muito bem sucedida, por exemplo, fale-lhe sobre a sua família, pois ao apresentar-lhe um tema diferente, o mentiroso ficará confuso e com menos capacidade para prosseguir a sua história com êxito.
 
Outra forma de saber se o seu parceiro é um mentiroso é pedir-lhe que conte um episódio passado, já que dessa forma, ser-lhe- à difícil conseguir organizar-se e manter o estilo que tinha até então. Estas surpresas irritam qualquer mentiroso e desviam-no do foco da sua história, o que faz com que sinta maior dificuldade em ser fiel ao que estava a dizer.
 
2.Faça-lhe perguntas abertas
 
Segundo os entendidos nesta matéria, as perguntas abertas são um bom recurso para detetar mentiras, porque obrigam a que o interlocutor tenha de expandir as suas histórias. Em vez de perguntar à pessoa sobre algo específico do passado, peça-lhe que conte um episódio da sua infância. Se estiver a mentir, ela será forçada a inventar informações no momento, e poderá sentir-se nervosa.
 
3.Preste atenção aos detalhes
 
Em cada história há pequenos detalhes que podem ser verificados para apurar inconsistências. Por exemplo, a pessoa pode dizer inadvertidamente que foi à praia , que estavam muitas pessoas e uma forte tempestade. Em vez de corrigi-la, é recomendável deixá-la continuar a história. Dessa forma, quem escuta terá a oportunidade de detetar mais inconsistências. Quem diz a verdade conta a situação com pormenores e com um maior à vontade.
 
4.Certifique-se da confiança com que a pessoa está a falar
 
Se suspeita que o seu parceiro/a lhe mente, ouça-o/a com muita atenção e não o/a confronte com a sua verdade dos factos. É preferível ouvir até onde vai a mentira e, num momento mais tranquilo, procurar conversar e apresentar a sua leitura dos factos sem lhe dizer frontalmente que “apanhou” a mentira. Registe que, ninguém muda ninguém, pelo que, mais vale ficar a saber que é enganado e tomar uma decisão do que discutir. Se o outro lhe mente é porque algo não está bem também na relação. Em muitos casos, a pessoa é mesmo assim e não vale a pena tentar modificá-la.
 
Ao usar estas técnicas, o leitor pode perceber se o seu parceiro/a fica incomodado, se se sente desconfortável ou se até confessa que mentiu. Caso contrário, tente perceber se a mentira é recorrente e tire as suas próprias conclusões, pois ou aceita essa pessoa ou não.
 
Anote ainda que, quando o mentiroso se sente desmascarado tende a dizer que está a passar mal, que está mal disposto, que se quer ir embora ou simplesmente sai da situação, o que revela bem a dimensão da mentira.
 
Há pessoas que aceitam tratamento psicológico para tentarem encontrar um outro modo de vida, enquanto que outras afirmam a sua verdade até ao fim e nada as convence do contrário. Vivem autênticas histórias que debitam a todos quantos se lhes cruzam pelo caminho e chegam a acreditar nas suas próprias mentiras, o que é um problema crónico.
 
Fátima Fernandes