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Como ultrapassar uma desilusão?

Como ultrapassar uma desilusão?
Como ultrapassar uma desilusão?  
Foto Drazen Zigic Freepik
A diferença entre o que esperávamos de alguém ou de nós próprios e aquilo que realmente acontece, é uma deceção.

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Desiludimo-nos com as ações dos outros, mas também com a nossa prestação num qualquer momento, dececionamo-nos porque criamos expectativas que não se concretizam e desiludimo-nos porque nos iludimos em relação às nossas capacidades e em relação às dos outros. Faz parte da natureza humana, pelo que, desde pequenos, devemos aprender que não somos perfeitos e que os outros igualmente são imperfeitos. Devemos aprender a lidar com a frustração como algo inerente à própria condição humana, mas também desenvolver habilidades que nos permitam ver a realidade, aceitá-la, gerir as emoções e modificar aquilo que é possível e que nos pode tornar mais felizes.

Segundo a ciência, é fundamental educar a mente para o erro, para os obstáculos e para melhorarmos a nossa perceção sobre nós próprios e sobre os outros porque é aí que podemos evitar muitas desilusões.

A partir do momento em que encaramos realisticamente as situações, conseguimos agir e reagir sobre elas, analisá-las de fora, ter uma opinião e fazer algo para minimizar a dor que sentimos perante uma falha ou uma imperfeição.

As desilusões resultam das crenças que construímos desde pequenos, da influência do nosso ambiente familiar, mas também de mecanismos internos que dão lugar a que imaginemos que uma pessoa ou uma situação é de determinada forma. Ao criarmos essa ilusão, acreditamos que essa é a realidade e lidamos com ela até ao momento em que percebemos que a outra pessoa não corresponde à imagem que fizemos dela ou que uma situação, afinal não era bem como tínhamos imaginado.

É essencial reter que, somos muito influenciados pelo par ideal, pelo amor-perfeito, mas pouco preparados para olhar a pessoa que temos à nossa frente tal como ela realmente é. Os filmes, os romances, as novelas, a comunicação social, transmitem-nos uma imagem de parceiro romântico, onde não existem problemas, falhas, dúvidas, tempo para revelar quem realmente somos e o que o outro é. Só quando percebemos que essa influência não corresponde à realidade, que cada pessoa é única e especial, tal como nós mesmos e que os registos que vimos ou lemos é pura imaginação de quem os produziu, é que estamos prontos para um amor duradouro e verdadeiro, que aceita, respeita, aprende e desenvolve competências para conseguir lidar com os problemas, com os momentos menos bons e com as diferenças de cada um.

A noção de imediatismo que tem vindo a crescer nas nossas sociedades também não ajuda a resolver as ilusões porque as relações precisam de tempo, de partilha, de conhecimento conjunto para que se perceba que estamos com alguém compatível connosco ou se aquela relação tem futuro, pois quer queiramos, quer não, somos distintos, com gostos, vontades e valores próprios e, não estamos disponíveis para uma qualquer relação, mas a pressa em ter alguém, impede que façamos essa análise consciente. Todos somos capazes de o fazer, basta querer, basta incluir essa necessidade quando conhecemos alguém e, o tempo de contacto é a chave que desvenda muitos mistérios.

Para evitar o impacto de uma desilusão, os especialistas na área da psicologia deixam as seguintes dicas:

1. Fale sobre a sua deceção com alguém da sua confiança. Quando exteriorizamos a dor, ela diminui e tomamos consciência do que está a afetar-nos.

2. Não subestime o tamanho do seu problema.

3. Não deixe que a mágoa e a raiva o consumam. Procure alimentar bons sentimentos, como gentileza, gratidão, bondade e segurança.

4. Lembre-se que o ressentimento e o rancor acumulados podem gerar, inclusive, doenças.

5. Tente saber os detalhes sobre o que lhe causou deceção para tentar entender o outro lado da história e poder tomar decisões mais acertadas.

6. Se atacar a pessoa que o fez sofrer e que o desiludiu, ainda sentirá mais dor.

7. Quando a tristeza tomar conta do seu coração, recorde-se de acontecimentos agradáveis, que lhe trouxeram prazer e alegrias.

8. Não deixe que a desilusão tome conta de si. Reaja contra a apatia, o mal-estar e os maus pensamentos que tendem a invadir-lhe a mente.

9. Procure atividades positivas, que possam resgatar-lhe a autoestima ferida, seja ler, fazer exercício físico, caminhar, conversar com alguém da sua confiança e com quem sinta prazer em estar, realizar algo que lhe dê prazer, visitar um local agradável, planear uma saída com amigos, entre outras.

É praticamente impossível não viver uma desilusão num qualquer momento de vida, por isso, não é vergonha alguma aceitar que se sente assim, que criou uma ilusão, mas também é essencial que analise o que aconteceu para que não repita a situação e para que não sofra pelo mesmo motivo.

O autoconhecimento é a chave para saber lidar melhor com as suas emoções, evitar proximidade e intimidade com pessoas que não lhe inspiram confiança e a tomar decisões mais conscientes e acertadas. Não tenha receio de questionar-se, de explicar o que sente, o que acreditou e de pensar como irá ultrapassar essa desilusão e modificar algo na sua forma de pensar. É assim que cresce emocional e mentalmente, que ganha mais maturidade e resiliência para que, saiba lidar melhor numa próxima situação, seja com um colega, um amigo, um familiar ou um parceiro.

Ao conhecer-nos, decidimos com quem e como queremos lidar com as pessoas, o que facilita as relações e evita muitos dissabores, pois a pessoa consciente e realista avalia muito melhor quem está à sua volta.