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Como uma viagem pode “salvar” uma relação

Está provado que uma “escapadinha” a dois pode regenerar uma relação, mas desiluda-se quem acredita que essa é a solução para todos os males.
Está provado que uma “escapadinha” a dois pode regenerar uma relação, mas desiluda-se quem acredita que essa é a solução para todos os males.  
Foto: Freepik
Está provado que uma “escapadinha” a dois pode regenerar uma relação, mas desiluda-se quem acredita que essa é a solução para todos os males.

Segundo os especialistas em terapia de casal, há benefícios em fazer uma viagem a dois, mas a mesma tem de obedecer a alguns requisitos.
 
É importante que a viagem tenha o propósito de recuperar aquilo que se tem desgastado na convivência diária do casal, como sendo a falta de tempo, o encontro da cumplicidade, a possibilidade de realizarem atividades em conjunto ou a disponibilidade para conversar abertamente sobre os mais variados assuntos, pois, caso contrário, pode surtir o efeito inverso, uma vez que, as pessoas vão estar mais tempo juntas e sem as tarefas do quotidiano.
 
Quando a relação está a  passar por uma crise profunda, com falta de paciência, respeito, tolerância e diálogo, naturalmente que esses problemas vão agravar-se num ambiente neutro, alertam os entendidos.
 
Se o problema do relacionamento passa pela absorção no trabalho e nas atividades exigentes do dia a dia, em muitos casos, a “escapadinha” ajuda a aproximar os parceiros que, durante alguns dias, aproveitam para estar mais tempo juntos, para viverem emoções novas e, acima de tudo, para estarem mais disponíveis um para o outro. Neste caso, é positivo viajar, descobrir um novo local, participar em momentos a dois que permitam a recuperação de memórias conjuntas ou de aprendizagem mútua.
 
Assim, torna-se importante que os parceiros consigam avaliar muito bem o estado da sua relação antes de arriscarem ir para um novo destino, pois é natural que se criem expectativas elevadas e que as mesmas não se concretizem ou que não correspondam ao desejado.
 
Depois, há casais que já estão tão distantes um do outro, que já perderam os sentimentos positivos que os uniram, que não conseguem dialogar e ainda menos respeitar-se que, o facto de se encontrarem num novo local só faz “disparar” as emoções negativas que acumulam.
 
Muitos parceiros, vão atraídos pelos bons resultados confidenciados por outros e acabam por não conseguir encontrar-se ou sentir-se melhor porque a sua base emocional já se perdeu ou está muito afetada. É nesse sentido que, os entendidos nesta matéria sugerem que se avaliem os propósitos dessa deslocação e que ambos sejam capazes de tomar essa decisão, o que nem sempre acontece. São também muitos os casos em que a viagem é programada com outros casais, situação que ainda agrava mais a relação em crise.
 
Recomendam então os especialistas que, um casal em dificuldades planeie a viagem cumprindo alguns requisitos:
 
- Ter noção de que uma crise de casal não desaparece com uma fuga temporária; num toque de mágica e só porque saíram de casa;
 
- É preciso tentar prever como é que se vão encontrar a dois quando já estão muito distantes um do outro e, ainda mais, visualizar como é que vão voltar a casa depois da experiência e com o contacto com os problemas anteriores que os afastavam;
 
- É fundamental que se faça uma reflexão séria e isenta que permita que o casal mude alguma coisa na sua convivência e na forma como lida um com o outro, sob pena de a viagem colocar “a nu” tudo aquilo que os parceiros querem esconder.
 
Assim, os entendidos deixam algumas reflexões para que possa utilizar bem a viagem e para que ambos desfrutem da mesma e melhorem a qualidade da relação:
 
Quais são as dificuldades que estamos a sentir no relacionamento?  O que se está a passar com a nossa vida de casal e que não acontecia antes? Este ponto varia de casal para casal e pode traduzir mais ou menos conflitos entre os parceiros, pelo que deve ser feita a avaliação de forma consciente e honesta para que surta os efeitos desejados. Depois, também é preciso ter em conta que, os parceiros podem ter posições distintas sobre o mesmo problema, daí a importância de estabelecer um bom diálogo e uma escuta ativa para que ambos se expressem livremente. Conversar em vez de discutir é a única solução para o problema, nem que seja para colocar um ponto final amigável num relacionamento sem solução, lembram os entendidos.
 
Seguindo a teoria triangular de Sternberg, avalie se tem paixão, intimidade e compromisso, já que essa é a base para tentar “salvar” uma relação.
 
Como estou a sentir-me? Que falta me faz esta relação? Este é o principal ponto de partida para que se consiga também compreender o lado do outro. Partindo de nós próprios, com uma análise isenta, mais facilmente estaremos disponíveis para ouvir e entender os motivos da outra pessoa, recomendam os especialistas.
 
Note-se que, na maioria das vezes, temos uma natural tendência para olharmos criticamente para o outro, para lhe apontarmos o dedo pelo que faz e não faz e, poucas vezes olhamos para nós mesmos e avaliamos a nossa postura, sentimentos e comportamento. Este é o desafio: começar a partir do que sentimos, pensamos e acreditamos que podemos melhorar.
 
Conhecer-nos, explorar-nos e identificar as nossas emoções e necessidades é crucial para podermos comunicá-las a quem está ao nosso lado, registam.
 
O que posso fazer para melhorar? Em que posso contribuir para fortalecer o relacionamento? É fundamental assumir a responsabilidade a esse respeito, aceitar os nossos próprios erros ou pontos de melhoria e  comprometer-nos com uma atitude positiva para que a relação possa evoluir com o trabalho e empenho de ambos.
 
Lembre-se que, a assertividade, a empatia, a vulnerabilidade, a paciência, a resiliência, a escuta ativa e a capacidade de expor os nossos pontos de vista, explicando ao outro o que estamos a sentir e mostrando também disponibilidade para ouvir, são requisitos essenciais para melhorar uma relação. Não se esqueça também que, quem assume um erro não é fraco, mas sim, honesto e capaz de o corrigir. Registe ainda que, se não dissermos o que estamos a pensar, o que queremos melhorar, o nosso arrependimento face a algum comportamento, o outro não vai adivinhar o que se passa. Muitos parceiros fecham-se em si mesmos, isolam-se à espera que o outro descubra o que se passa e, passa-se o tempo e nada se resolve porque ninguém tem a capacidade de ler pensamentos pelo que temos mesmo de dizer o que estamos a sentir.
 
É importante que, dessa análise surjam soluções conjuntas sob pena de um dos parceiros ir de viagem livre e descontraído e ter de conviver com a tristeza ou raiva do outro!
 
Feita a reflexão, é tempo de aproveitar a viagem, de respeitar os momentos a sós que cada um precisa, melhorar a convivência a dois e encontrarem novos desafios que podem ser aproveitados para que o regresso das férias seja mais interessante, harmonioso, duradouro e uma fonte de recuperação do sentimento que vos une, mas não se esqueçam de trabalhar diariamente para manter a chama, pois caso contrário, em pouco tempo, tudo regressará ao mesmo e com as marcas do passado que não se resolveu, porque as promessas se perderam nas palavras e não nos gestos.