A ria Formosa foi o local escolhido para testar um protótipo de produção de electricidade, aproveitando a força produzida pelo encher e o vazar das marés.
Segundo explica hoje o "Público", o equipamento, desenvolvido por uma empresa escocesa, destina-se a iluminar, numa primeira fase, a comunidade piscatória da ilha da Culatra, (Faro) com cerca de 750 habitantes.
Mas ainda falta assegurar o financiamento comunitário para que o processo possa avançar.
A transferência da tecnologia para Portugal irá resultar de uma parceria entre a Universidade do Algarve (Ualg) e a Ocean Flow Energy – a empresa escocesa que está a concluir o processo para comercializar a energia marinha no Reino Unido.
André Pacheco, do Centro de Investigação Marinha e Ambiente (CIMA), adiantou que a Escócia“tem por objectivo tornar-se energeticamente independente só com a energia marinha”.
O investigador da Universidade do Algarve, de 36 anos, nascido no Porto, fez o doutoramento em hidrodinâmica e transporte sedimentar.
Depois, a partir estudo que desenvolveu na ria Formosa, decidiu aplicar-se a fundo na descoberta do potencial económico que representará a força das marés. “Temos condições para trazer para Portugal a indústria das renováveis marinhas”, enfatiza, lembrando que a “ria Formosa tem tantas condições como a Escócia para produzir electricidade”. A amplitude da maré, no sitíto onde será testado o protótipo da Ocean Flow Energy, é de 2,8 metros; no Algarve anda à volta dos 2,5 metros.
A diferença, comenta, estará no investimento público e privado que se pretende fazer. Para que a investigação não “morra na praia”, o Centro de Ciências do Mar (CCMar) da Ualg concorreu a um projecto europeu (Programa Oceanera), no valor de um milhão de euros, em parceria com duas empresas escocesas – Ocean Flow Energy e Orion Energy Center.
O protótipo a instalar na ria Formosa produz energia através de um sistema de turbinas que são accionadas em função dos fluxos das marés por uma engrenagem semelhante a uma caixa de velocidades automática de um automóvel. Em terra, fica instalada uma unidade de controlo que recebe toda a informação.