Economia

Congresso subordinado ao MAR teve lugar em Lagos

Maria Joaquina Matos - Presidente da Associação Terras do Infante
Maria Joaquina Matos - Presidente da Associação Terras do Infante  
 
 
O Centro Cultural de Lagos, foi palco do Congresso subordinado ao Mar organizado pela Associação Terras do Infante, que congrega os Municípios de Lagos, Vila do Bispo e Aljezur.

 
No final dos trabalhos foram anunciados os princípios orientadores para a elaboração de uma Carta de Compromisso que pretende envolver os vários atores em ações de defesa do mar como recurso económico, garantindo a sua proteção e sustentabilidade.
 
Deste evento sai também reforçada a intermunicipalidade entre Aljezur, Lagos e Vila do Bispo.
 
A poesia, dita pelo autor e artista Napoleão Mira, abriu o I Congresso da Associação de Municípios Terras do Infante, recordando a obra de Sophia de Mello Breyner Andresen, no ano em que se assinala e celebra o 100.º aniversário do seu nascimento.
 
Uma opção explicada por Maria Joaquina Matos no seu discurso de abertura dos trabalhos, que enquadrou a homenagem referindo-se a Sophia como alguém que amou e sentiu Lagos, e deixou na sua obra esse sentimento.
 
Sobre a oportunidade de realização do Congresso, a Presidente do Conselho Diretivo da Associação de Municípios das Terras do Infante lembrou a importância do mar na construção da identidade deste lugar e das suas gentes, mas que hoje continua ainda a gerar muitos desafios que advêm da necessidade de, por um lado, potenciar o mar como recurso económico e, por outro lado, garantir a sua proteção e sustentabilidade, o que exige a capacidade de voltar a alargar horizontes mentais e pensar além do imediato.
 
Para Paulo Águas, Reitor da Universidade do Algarve, entidade coorganizadora do evento, o Congresso, sendo promovido pela Terras do Infante, só podia ter como tema o mar, atendendo à sua centralidade nos três concelhos. Uma centralidade que é também uma característica da Universidade do Algarve.
 
Embora referindo que todas as áreas de saber são importantes no seio da Universidade, Paulo Águas admitiu que algumas se destacam pela excelência da investigação numa área de saber específico, o do conhecimento do mar.
 
Na sua intervenção deixou também alguns dados que confirmam a importância do mar na economia portuguesa.
 
Francisco Castelo, Técnico Superior da Câmara Municipal de Lagos, trouxe à memória o passado industrial da cidade de Lagos, que teve na indústria conserveira, entre o final do séc. XIX e meados do séc. XX, a sua principal atividade económica. Um trabalho de investigação feito a partir da recolha de fotografias antigas, documentos de arquivo e testemunhos pessoais de quem viveu os factos na primeira pessoa ou conviveu muito perto com essas pessoas.
 
O Congresso contou com diversas intervenções também da sociedade civil que apresentaram os seus propósitos e trabalho direcionado ao mar.
 
Ana Paula Vitorino encerrou os trabalhos recordando, também ela, a figura homenageada e afirmando que “Portugal está empenhado em estar à altura dos seus pares internacionais, mas deve ir mais além, pois é o compromisso que temos para com o prof. Mário Ruivo no âmbito da sustentabilidade”. 
 
A Ministra do Mar acrescentou que a consciência de que “não basta não estragar mais; é preciso recuperar o que já se estragou” se deve à inspiração do prof. Mário Ruivo. Referindo-se a medidas concretas, a governante mencionou o Plano de Ordenamento do Espaço Marítimo que será aprovado em breve, após a realização de duas consultas públicas, o qual prevê o aumento das áreas marinhas protegidas até 2030, com o objetivo de fazer renascer algum desse capital natural.
 
Segundo a Ministra, a própria tomada de consciência de que as ameaças no mar são ameaças globais também se deve ao trabalho do prof. Mário Ruivo, sendo necessário soluções inteligentes e inovadoras, envolvendo a ciência. A partilha do conhecimento sobre o mar entre cientistas, com as empresas e os cidadãos em geral, foi indicado como outro fator chave de sucesso nestas políticas, razão pela qual está em curso a criação de um Observatório, assim como outros projetos que apostam na literacia do mar. 
 
Rematando a sua intervenção, Ana Paula Vitorino afirmou que é preciso democratizar o conhecimento para mudar comportamentos e para aprendermos a respeitar o mar, pelo que o Congresso promovido pelas Terras do Infante e outros encontros e debates são de extrema importância para o sucesso deste trabalho conjunto que importa fazer.
 
A Canção do Mar, interpretada pela voz de Ana Marques, acompanhada pelo músico e compositor Paulo Ribeiro, fechou esta jornada de trabalhos.