Curiosidades

Consegue desligar o piloto automático?

 
De um modo geral, viver em piloto automático é repetir padrões durante semanas, meses e anos.

 
É estabelecer uma rotina de comportamento que, apesar de ser essencial à nossa vida, se torna excessiva quando não nos conseguimos desligar dela. Em suma, viver em piloto automático é um estado mental em que as atividades/tarefas são desempenhadas sem uma intencionalidade
 
O piloto automático é fundamental para nos facilitar a vida, na medida em que o nosso cérebro não teria capacidade para pensar em tantas coisas ao mesmo tempo. Se repararmos, para realizar uma pequena tarefa, são muitos os mecanismos do nosso cérebro que estão envolvidos, no entanto, é fundamental que nem tudo se viva nessa dimensão, sob pena de perdermos talentos, acumularmos frustrações e de perdermos muitos momentos de felicidade na nossa vida, já que estamos sempre centrados nos mesmos padrões.
 
Se, pelo contrário, investirmos em desligar em alguns momentos o piloto automático, vamos despertar para a intenção de fazer algo e logo, o prazer na realização dessa tarefa ou atividade. “Eu vou ali porque”, passa a ser o motivo que nos obriga a pensar, a analisar e a criar uma finalidade para muitas das nossas ações. Esta postura perante a vida melhora significativamente o nosso comportamento, enquanto que evita que repitamos por exemplo, os mesmos erros. Obriga-nos a ponderar e a refletir com mais atenção acerca de nós mesmos e da nossa vida permitindo-nos ser mais responsáveis e conscientes.
 
Para o psicólogo clínico Pedro Albuquerque, “algumas pessoas experienciam espontaneamente alguns momentos em que estão completamente envolvidos com a experiência do momento presente sem serem apanhados pelas formulações ou conceitos acerca dessa experiência”, enquanto que, para outras pessoas, a forma de lidar com a experiência que se encontra no momento presente é caracterizada por uma espécie de “nevoeiro de preocupações acerca de acontecimentos futuros, ou de ruminações acerca de acontecimentos passados, ou mesmo de formulações acerca de Si, dos Outros e dos acontecimentos”.
 
Ainda de acordo com este especialista da Oficina de Psicologia, “o racional que a prática do Mindfulness confere é o permitir que a pessoa se desligue intencionalmente do piloto automático” e dos seus associados processos de pensamento, e que traga a atenção para a atualidade do momento presente, abrindo desta forma a possibilidade a respostas mais esclarecidas para uma determinada situação.
 
Para que essa mudança no estilo de vida ocorra, é preciso entre outros fatores, treino. Para começar, procure diversificar as suas atividades diárias, como por exemplo almoçar num local diferente, fazer uma refeição fora do habitual, estar com alguém novo, procurar um novo caminho para ir para o emprego, são pontos que podem ajudar tal como fazer uma caminhada na areia da praia num final de tarde, ler um novo autor, fazer compras noutro local, entre outros.
 
Muitas vezes não nos apercebemos do quanto estamos acomodados a um estilo de vida, a ponto de estremecermos só de pensar que vamos ter de fazer algo de forma diferente, mas esse é o segredo para sair do piloto automático e, para nos darmos oportunidade de experimentar algo novo, mais criativo e interessante.
 
Naturalmente que as rotinas são fundamentais e que sem elas não suportaríamos a informação que transportamos, mas o desafio é fazer algo novo nem que seja uma vez por semana. Ao iniciar uma etapa diferente, vai perceber o quão gratificante a vida se torna com mais liberdade de ação e de pensamento. Vai perceber que é muito mais habilidoso e talentoso do que pensava e vai assumir que, afinal faz bem mudar e descobrir novas potencialidades.
 
Tal como o exercício físico, a meditação é uma forte aliada desta mudança interior que se pretende, por isso, comece por marcar cinco minutos no seu relógio, de olhos fechados e… reserve-se no direito de não pensar em nada. Vai ver que, a partir daí, tudo se torna mais fácil e num hábito de que vai gostar.
 
Fátima Fernandes