Em declarações ao Algarve Primeiro, Ulisses Brito, Diretor do Serviço de Pneumologia do Hospital de Faro, fez um ponto de situação sobre um eventual cenário de segunda vaga da pandemia por covid 19.
Para este especialista, “um cenário de segunda vaga no próximo Outono/Inverno vai exigir uma maior mobilização de todos os profissionais de saúde, à semelhança do que já aconteceu e acentuar a falta de espaço do Hospital, que terá de enfrentar ao mesmo tempo um cenário de gripe”.
Ulisses Brito recorda que, até ao momento, a unidade de Faro do CHUA - Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, tem conseguido dar resposta a todos os doentes, sem saturação dos serviços, “mas se tivermos um cenário com 200 doentes a precisar de cuidados intensivos, naturalmente que existirá uma ruptura”. Por essa razão defende que a solução é mais prevenção, sendo que “cada um de nós tem aí um papel muito importante no uso de máscara e nas medidas de higienização e distanciamento social, recomendadas pela Direção-Geral da Saúde, sem esquecer a vacinação da gripe, reduzindo a afluência destes doentes à urgência”.
Destacando também os médicos de Saúde Pública que “têm tido um papel muito importante” acompanhando os doentes que são tratados no domicílio, representando 80% da totalidade do infetados, Ulisses Brito sublinha que é fundamental que “esses doentes cumpram as orientações das Autoridades de Saúde, por muito que possam estar fartos de estar em casa, mas não há outra forma que não essa”.
Neste enquadramento, está confiante de que o serviço terá capacidade de resposta num cenário de segunda vaga, em que se junta a gripe e a covid 19, mas recorda que todos os algarvios sabem bem as limitações do Hospital de Faro. “Há muitos anos que este ‘reclama’ a falta de espaço e que precisamos de um novo hospital de ponta, para evitar o que acontece atualmente com doentes a serem transferidos para Lisboa, devido a complicações”. Ainda assim: “com a capacidade de transformação que temos tido até agora no Hospital, estou certo de que vamos conseguir dar resposta ao próximo Outono/Inverno.”
Sobre o recente anúncio do Governo para a contratação de mais pessoal no SNS - Serviço Nacional de Saúde, Ulisses Brito encarou bem a medida, mas recorda que, “é preciso que exista disponibilidade desses recursos humanos em vir para o Algarve, pois todos sabemos que as pessoas estão nas suas terras e que não é fácil mudarem-se de um momento para o outro, para além de todos conhecermos as dificuldades que temos a nível de recrutamento de médicos e enfermeiros”.
Em termos de equipamento, “o hospital está apetrechado”, o problema maior são as instalações exíguas, a que acrescem as outras complicações próprias do Inverno, “mas estamos bem servidos de ventiladores e demais equipamentos necessários para fazer face a uma segunda vaga, ainda que a mesma tenha sempre contornos imprevisíveis, como sabemos”.
O responsável reforçou ainda que, “os doentes não devem deixar de ir ao hospital quando precisam, cumprindo com as suas consultas, pois se usarem máscara, o risco de contágio é mínimo”, concluiu.
