Neste tempo em que as notícias nos vão dando conta da perigosidade de contágio do coronavírus e em que o Governo toma medidas para conter a propagação do vírus, assistimos a uma sensação de medo e de instabilidade resultantes de uma situação nova e para a qual temos de nos adaptar.
Um dos aspetos que mais tem chamado a atenção dos especialistas na área da psicologia é a corrida aos supermercados e a aquisição de conservas, papel higiénico e álcool. Para que se perceba a razão pela escolha desses produtos, os especialistas clarificam que, o medo nos torna irracionais e que acabamos por mostrar algo que já vimos nos outros julgando ser a melhor solução para aquele momento.
Como estamos mais assustados que o habitual, pensamos menos por nós próprios e naquilo que é realmente essencial e projetamo-nos muito mais nos outros. A corrida às máscaras surgiu devido ao facto de termos visto imagens da China, onde surgiu pela primeira vez o Covid-19 e, a partir daí dispararam os números sem que ouvíssemos as orientações das autoridades de saúde nacionais, já que cada cenário tem de se adaptar com as suas características, à mesma realidade. Não se pensou que, em Portugal não é habitual o uso de máscaras como acontece na China. O mesmo se passou provavelmente com a corrida aos supermercados que ocorreu noutros países e cujo exemplo vimos nas notícias. Quando não sabemos o que fazer, a forma que encontramos para ultrapassar o medo é imitar aquilo que vemos nos outros, já que isso parece dar-nos uma (ilusória) sensação de segurança.
Segundo os especialistas, o medo é uma resposta perfeitamente normal que nos alerta para o perigo e ativa o nosso instinto de sobrevivência. No entanto, quando este sentimento é direcionado para algo sem fundamento, então torna-se irracional e pode paralisar-nos.
Essa sensação é designada por “medo irracional”.
No caso concreto desta pandemia, não se pode permitir que o medo irracional nos domine, já que isso nos impede de reagir da forma mais adequada. Temos de nos concentrar naquilo que se pode fazer para minimizar a situação e, a atitude mais correta passa por seguir as orientações das autoridades de saúde. Tem circulado pelos meios de comunicação social o conjunto de medidas a adotar diariamente para que possamos prevenir o contágio da Covid-19. É nessas recomendações que nos devemos focar para podermos enfrentar o medo que vai para além do racional.
Para quem não está a conseguir superar essa sensação de medo, deixamos aqui um conjunto de truques que podem fazer toda a diferença no seu dia a dia.
1- Não tenha medo do medo:Para superar esta situação, a primeira coisa a fazer é reconhecer que estamos com medo e ter força de vontade suficiente para enfrentá-lo.
Somente nós mesmos podemos enfrentar o nosso medo; isto torna-nos mais fortes e mais resistentes para enfrentarmos os medos que ainda virão.
Cada desafio, cada nova situação que enfrentarmos, provocará medo. Mas isso é mau? O medo mantêm-nos alerta, impulsiona-nos a desafiar a nós mesmos e a tomar as medidas necessárias.
2- Confie em si mesmo e na sua capacidade de enfrentar os seus medos. Acredite que está a seguir as orientações da Direção Geral da Saúde e, com essa atitude responsável, já está a minimizar o risco de contágio para si e para os outros.
3- Substitua o medo por emoções positivas.
4- Não permita que o medo o paralise, siga em frente.
5- Veja o medo como uma oportunidade para aprender e superar algo novo.
Como já sabemos, podemos tirar algo positivo de todas as situações. O medo irracional não é mau, mas pode ser uma oportunidade para mudar a sua reação diante dele.
Se souber que está a cumprir as orientações das autoridades de saúde, certamente que vai ficar muito mais tranquilo e capaz de ir reagindo à medida em que a situação vai evoluindo.
Não se esqueça de evitar os contactos sociais, de lavar frequentemente as mãos, de tossir e espirrar para o cotovelo, de permanecer em casa o máximo tempo possível e de ir à rua com restrições para evitar aglomerados.
Fale com os seus filhos e explique-lhes que a nova fase é muito importante para todos, que deve ser cumprida para a manutenção da qualidade de vida da família e da nossa comunidade.
Cumprimente as pessoas à distância e incuta também esse hábito nos mais novos e continue atento à atualização das medidas que vai evoluindo sempre que assim se justifique. Procure manter a calma e transmitir esse sentimento aos que dependem de si ou estão em seu redor.