Foi constituída a associação por um Acesso Pedonal para a Praia de Cabanas – APPC, que ocorreu no contexto da existência do movimento cívico “Por uma ponte pedonal para a ilha de Cabanas”.
O movimento - tal como a associação -, luta pela construção de um acesso pedonal para a praia nascente de Cabanas, que permita aos cidadãos, poderem desfrutar da praia durante todo o ano e não apenas no período da época alta, e em qualquer horário, sem constrangimentos.
Em comunicado, o movimento sugere que o acesso de apoio aos barcos, construído pela Câmara Municipal há cerca de dois anos, na margem sul da ria, seja prolongado até à margem norte, ligando-o ao passadiço longitudinal da marginal da vila, completando o atravessamento pedonal da ria, "bastante estreita naquele local e de águas pouco profundas sendo que, mesmo com maré cheia, a travessia marítima apenas subsiste com recurso a dragagens para viabilizar a navegabilidade, as quais, de acordo com documento da Docapesca datado de 2018, serão necessárias de cinco em cinco anos".
Para um percurso de cerca de 200 metros, a nova associação considera que não se justifica a existência de uma carreira de barcos em exclusividade para o atravessamento de centenas de milhares de pessoas por ano.
A solução adequada à situação é para a APPC, "acabar com as longas filas de acesso aos barcos na ida e no regresso da praia, que obrigam a que as pessoas permaneçam por vezes mais de uma hora em pé, ao sol, com crianças e bagagens, num cenário absolutamente terceiro-mundista".
O movimento adianta que "tem sentido recetividade" por parte do Parque Natural da Ria Formosa, relativamente à sua pretensão, tendo a entidade emitido um parecer endereçado à Câmara Municipal, no qual demonstra existir nos regulamentos viabilidade para a construção de uma travessia pedonal em estrutura ligeira, para uso coletivo.
Apesar da construção do acesso pedonal constar do programa eleitoral sufragado em 2021 e de terem sido aprovadas várias moções sobre o assunto, em sessões de Assembleia de Freguesia e de Assembleia Municipal, a associação revela que a Câmara Municipal, "de acordo com declarações públicas da presidente", prepara a concretização de um contrato de exploração comercial de longa duração, para a travessia marítima, cujo contrato que decorre do concurso público lançado em 2016 pela Docapesca, pressupõe uma maior capacidade de transporte de passageiros, em regime de exclusividade por 25 anos, "estando protegido com cláusulas de indemnização por perda de lucros estimados, caso as condições de exploração sejam alteradas", lê-se no documento.
Acresce que a travessia marítima opera em zona de reserva natural inserida na Rede Natura 2000, classificada no POOC como “zona lagunar de uso restrito”, a mais elevada classificação de proteção ambiental, onde "são apenas permitidas dragagens por motivos biológicos e nunca para obtenção de cotas de navegabilidade, sendo a navegação extremamente restritiva e interdita a barcos a motor e a atividades poluentes".
A APPC tem alertado diversas entidades "para as ilegalidades em que a travessia marítima incorre", face aos diversos regulamentos que regem a Ria Formosa. Ao mesmo tempo, diz que tem denunciado "esta gritante incoerência e ligeireza com que se permite o atentado ambiental", referindo-se "ao frenesim de mais de uma dezena de barcos a gasolina, que durante doze horas por dia fazem cerca de mil viagens". Apela ainda para que sejam realizados estudos de impacto ambiental relativamente à travessia pública, comparando o modelo de travessia marítima, com uma travessia pedonal ou uma solução mista.