Dicas

Crianças com mau comportamento crescem em famílias conflituosas

 
A qualidade da relação familiar é muito importante para o desenvolvimento das crianças.

São muitos os estudos que demonstram o quanto um grau positivo de afetividade, de compreensão entre os pais e entre estes e os filhos, podem ser decisivos para o correto desenvolvimento das crianças.
 
Muitas vezes os pais não se apercebem dessa importância e, tudo começa logo da decisão de ter ou não filhos. Muitas famílias aceitam uma criança que lhes surgiu sem qualquer planeamento, sem medirem a sua capacidade financeira, as condições de vida, o seu estado emocional e daí por diante. Há cada vez mais crianças nascidas em seios de famílias estruturadas, mas sabemos que foram muitos os anos em que tal não acontecia e dava lugar a “um salve-se quem puder”.
 
Independentemente da forma como a criança foi mais ou menos planeada, a verdade é que os pais são responsáveis pelo seu desenvolvimento e comportamento e, quando estes se entendem e respeitam, a tarefa fica muito mais facilitada, já que pai e mãe educam no mesmo sentido, dão regras e orientações muito importantes para o comportamento dos filhos dentro e fora de casa. Quando os pais se perdem em conflitos, não se entendem, cada um diz uma coisa á criança, esta fica confusa e acaba por não saber o que fazer. Por norma, a criança até se porta melhor na escola porque sabe diferenciar o ambiente, mas mesmo assim, nem sempre consegue os melhores resultados em função das bases que leva de casa.
 
De acordo com o trabalho académico Psicologia: Ciência e Profissão, a família é considerada um sistema social essencial na transmissão de crenças, ideias, conceitos e significados sociais, e influencia o comportamento das crianças. As relações afetivas estabelecidas na família constituem um dos fatores determinantes para o desenvolvimento emocional da criança.
 
Sendo a família o principal meio de socialização por introduzir crenças, cultura e modos de pensar, construindo sujeitos e cidadão, é nela que devem incidir os trabalhos. A escola deve apostar na proximidade com o seio familiar para facilitar a sua ação, já que, muitas vezes, os pais não sabem fazer melhor e precisam dessa ajuda exterior.
 
É importante sublinhar que os pais também têm de estar disponíveis para participar nesse processo de ensino e aprendizagem para que, em conjunto, possam facilitar a tarefa do professor. Os pais conhecem muito bem os seus filhos, mas muitas vezes não se apercebem de que, os mais novos imitam o que vêm em casa. Pais conflituosos e agressores, acabam por transmitir esses valores aos filhos que, sem se aperceberem vão reproduzir esses comportamentos nas mais variadas situações.
 
Uma criança que vê o pai bater na mãe, vai bater nas meninas da escola, o mesmo se passa com os palavrões que se ouvem em casa, com as respostas que se dão ao marido e à mulher e a forma como a criança é tratada no seio da família.
 
As relações afetivas estabelecidas na família constituem um determinante para o seu desenvolvimento emocional, pois é a partir dela que as crianças aprendem as diferentes formas de ver o mundo e constroem as suas relações sociais.
 
As experiências familiares formam comportamentos, ações e resoluções para lidar com os problemas, pelo que, é no ambiente familiar que a criança aprende a lidar com os conflitos, a controlar as suas emoções, a demonstrar os diferentes sentimentos que permeiam as relações e a lidar com a vida e com as adversidades. A qualidade desse ambiente será o exemplo que a criança vai seguir para o positivo e para o negativo.
 
Como dizia Quintino Aires no seu livro: “15 Minutos com o seu Filho”, os pais não são obrigados a saber tudo, mas podem sempre recorrer a quem sabe, podem consultar material nesse sentido e pedir a ajuda de um psicólogo quando não sabem a melhor forma de educar. Mas é preciso é que façam alguma coisa, que reajam e que ajudem os filhos a crescer num ambiente sadio.
 
Cada vez mais a escola está a investir nessa interação com os pais, chamando-os a si para que, em conjunto, trabalhem as questões que limitam o melhor rendimento e comportamento escolar da criança. Os pais devem aceitar esse desafio, devem trabalhar num mesmo objetivo e, ao mesmo tempo, melhorarem também a sua relação de casal. No fundo, perceber esta interação faz com que todos beneficiem do mesmo trabalho, sendo que os filhos são os principais prejudicados quando tal não acontece.