Sociedade

Crise: Pastelaria de Olhão oferece pão que sobra do dia anterior a famílias necessitadas

A crise pandémica trouxe com ela uma grave crise económica e social, que o diga Filipe Martins, dono de duas pastelarias, uma em Olhão e outra em Vila Real de Stº António.

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A pensar nas famílias e nas crianças com mais dificuldades que chegam à sua porta, decidiu ajudar à sua maneira e de forma discreta. A solução passa por oferecer o pão que não foi vendido no dia anterior, e que está disponível para quem o queira levar, sem inscrições ou burocracias. Por norma de manhã, e próximo da porta de entrada da pastelaria Kubidoce na Avenida D João VI, em Olhão, encontra-se uma mesa com uma cesta de pão, pronto a levar. 
 
Ao Algarve Primeiro, Filipe Martins explicou que é comum doar o que sobra a instituições das duas cidades onde tem o negócio, «mas optámos agora também para colocar uma parte desse pão, que está embalado, à disposição de quem mais precisa, sem ter que dar a cara ou sujeitar-se a entrar na loja». 
 
O empresário referiu que pode ser pão, como podem ser outros produtos, como bolo-rei ou queijo, «depende do que conseguimos escoar, mas o pão é o que costuma sobrar mais».
 
Negócio com quebras acima dos 40%:
 
Sobre o negócio, Filipe Martins confidenciou que «nem quero fazer contas», apontando para quebras acima dos 40%. Confirmou que a pastelaria de Vila Real de Stº António tem tido uma quebra maior, «estamos a tentar aguentar, mas infelizmente não vamos conseguir segurar todos os postos de trabalho em Vila Real». A explicação está na redução do poder de compra das pessoas e a falta de espanhóis, que devido à pandemia praticamente pouco aparecem.
 
Sobre as ajudas do Estado aos empresários, lamenta o tempo da burocracia. «Esses apoios quando chegarem, já as empresas estão de portas fechadas, acho que este tipo de processos deviam ser mais agilizados, para que as ajudas chegassem em tempo útil. Acredito que o papel do Governo também não é fácil, porque somos um país pobre e não há dinheiro para tudo, mas se mesmo assim o dinheiro não chega às mãos de quem precisa - para salvar empresas que estão a ficar descapitalizadas e também os postos de trabalho, aí as coisas ficam muito difíceis», sublinhou.
 
Filipe Martins salientou que já vendeu algum património da empresa para aguentar as despesas, «felizmente que tenho algum espaço de maneio, mas não sei até quando, porque estamos a falar de 15 funcionários que estão comigo e vamos ver o que o futuro nos diz», desabafou.