Sociedade

Crise:Bispo do Algarve pede à comunidade católica para estar «na linha da frente»

O Bispo do Algarve, D. Manuel Neto Quintas, enviou a todas as comunidades católicas algarvias uma nota pastoral, na qual exorta «todo clero algarvio, particularmente os nossos párocos com os leigos que os assistem», e a toda a comunidade católica algarvia, a sentir-se «na linha da frente, comprometida e empenhada na resposta às emergências sociais já existentes ou que, porventura, possam vir a surgir ou a aumentar», resultantes da crise económica provocada pela Covid-19.

PUB
D. Manuel Neto Quintas, fala de um Algarve, que possui «uma estrutura produtiva muito centrada no turismo e nas suas áreas afins», com o problema a agravar-se ainda mais, existindo um «aumento invulgar do desemprego nesta época do ano, com o aumento a rondar as 100 mil pessoas, o que corresponde a nível nacional, a mais 29% de desempregados (406.665 desempregados)», afirma o prelado algarvio.
 
Vive-se, por isso, nas palavras de D. Manuel Quintas «uma emergência social no Algarve», que nos permitirá «não esquecer o valor inestimável de cada vida humana, a riqueza da vida dos idosos, a redescoberta do papel da família, o papel do Estado, mas também o da sociedade civil».
 
Para que essa solidariedade se cumpra, o Bispo do Algarve aponta caminhos para a região: «O Algarve tem carências elevadas nas respostas sociais e na área da saúde, que urge colmatar. Não só o sistema económico e social vigente deve colocar a pessoa humana no centro da sua atuação, mas a saúde pública deve procurar a equidade e ser reforçada na região. É tempo de fazer diferente». E acrescenta: «É tempo de valorizar o que é nosso, não esquecendo as festas e tradições, ainda que as vivendo de modo distinto, consumindo produtos locais, fazendo aqui as suas férias, usufruindo da gastronomia regional na restauração, visitando os nossos monumentos e museus, cumprindo sempre as normas de segurança e os cuidados previstos para este tempo. Deste modo, estaremos a construir a comunhão e a ajudar o próximo, estaremos a reerguer a economia do nosso Algarve, sem deixar de beneficiar do necessário descanso, bem como do convívio e da presença reconfortante dos que mais gostamos».
 
Assim, para D. Manuel Neto Quintas, «todos deverão ter um papel neste momento, a começar pelos governantes, que o prelado considera serem capazes de «avaliar e compreender a realidade especial que se vive nesta região e encontrar fórmulas apropriadas para ajudar a preservar empregos e fazer a economia retomar o seu crescimento», sem  «normas administrativas complexas e exigentes» que não se compadecem com a situação presente.
 
«Estamos todos no mesmo barco», diz o Bispo do Algarve, cujo desafio passa por «criar sinergias solidárias e fraternas, geradoras da esperança que anima e fortalece».