Nesta minha primeira crónica para o Algarve Primeiro, começo por agradecer a oportunidade de escrever num jornal algarvio, e por mencionar o que de mais relevante se passou nos últimos tempos…
O desaparecimento do actor Nuno Melo, ficando mais conhecido pelo papel que desempenhou na novela Chuva na Areia, “o Caniço”, e também o desaparecimento de Christopher Lee, um dos actores de eleição da Hammer, “O Vampiro”, “O Drácula.”
São as personagens que perduram no tempo associadas aos actores que as desempenharam, e é assim que devemos prestar homenagem aos que já cá não estão.

No que se refere ao cinema actual, considero existir como que uma “guerra civil” pelo facilitismo e pela futilidade, deixando de parte a essência da 7ª arte: contar histórias e mostrar as imagens em movimento.
No panorama português a “guerra civil” transformou-se em holocausto mediático de uma elite… temos filmes, realizadores, actores, etc., mas nem todos chegam ao público.
Os filmes e os prémios perdem-se devido a uma inércia viciosa de quem tem responsabilidade na área do cinema em Portugal.
A ideia de termos no nosso país film commissions, film offices, e outros organismos, em meu entender, não passa de um conjunto de iniciativas incoerentes e, que pelo que se poderá constatar, não apresentam nada de concreto no apoio ao cinema português.
No panorama nacional existem mais coisas para além do “mediatismo do social e do cor-de-rosa”, pelo que não podemos continuar numa linha de acefalia generalizada em relação ao que vai acontecendo no nosso país.
Os festivais de cinema mais importantes continuam com “a visão e a política do acolhimento do amigo,” deixando de parte realizadores e filmes.
No Algarve temos demasiadas entidades ligadas ao cinema e, o resultado é zero!
É preciso dizer que, na nossa região temos alguns eventos, festivais ligados ao cinema cujo desfecho é precisamente o mesmo: zero!
No Algarve o público movimenta-se por grupos, pelo que, a informação que se pretende passar fica sempre retida num lugar qualquer, o que me faz pensar que, na nossa região predomina uma visão turva e, estando esta ligada ao turismo e a grupos, os que estão ligados a outros grupos nada mais têm que uma visão grupista.
Não obstante destas elações de um realizador acéfalo como eu, (nunca disse que não o era), fica-me retido que, quanto mais ladrar menos me ouvem e, por cá, é o que lamentavelmente acontece.
No entanto, por ser como sou, não posso deixar de dizer o que penso. Em meu entender, a cultura, o cinema e as diversas actividades culturais devem de ter com urgência o seu espaço e o seu público.
Para isso é preciso que se façam alterações nos modelos pré-concebidos dos eventos culturais e, ao mesmo tempo, estendo o apelo aos órgãos de comunicação social regional que devem assumir uma postura mais assertiva e “ter tomates” para divulgar tudo o que se passa na nossa região.
Para as entidades dirijo também um pedido de maior responsabilidade, bem como “olharem menos para o umbigo” e mais para os artistas locais….
Como algarvio, artista, e defensor da minha região, espero que alguma coisa mude, nem que seja à força….
Por Hernâni Duarte Maria