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Descubra se tem algum trauma de infância

Foto|Freepik
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É amplamente difundido que, as vivências da infância são fundamentais para a construção da personalidade e formação do caráter de todos os indivíduos.

É nessa fase que captamos, muitas vezes sem que tenhamos essa consciência, valores importantes, que vão determinar as nossas escolhas ao longo da vida. Os traumas acabam por explicar a razão pela qual agimos de uma determinada forma em vez de outra, pelo que, faz todo o sentido ir ao fundo de nós próprios e procurar compreender aquilo que está na base de muitos dos nossos comportamentos.
 
Neste apontamento que resume um artigo publicado no Portal Raízes, procuramos mostrar os quatro indicadores mais usados e conhecidos para mostrar se o indivíduo reage de determinada forma devido a um trauma de infância.
 
Antes de mais, importa sublinhar que, qualquer adulto deve ter coragem para ir ao mais fundo de si para procurar saber o que está na base de muitas ações que pratica e pensamentos que possui. Muitas dessas memórias estão arquivadas e reprimidas no fundo do nosso ser e acabam por nos causar muitos problemas e sofrimento. Segundo o mesmo portal, quando sofremos um abuso na mais tenra idade, não esquecemos o que passamos e sentimos, «apenas reprimimos essas lembranças traumáticas no nosso inconsciente». Atualmente sabe-se muito bem que, o tempo não cura as feridas, pelo que, somente a capacidade de ir ao fundo dessas memórias e permitir reeditá-las é que nos pode ajudar a sentir um maior alívio e qualidade de vida. Para isso, na maior parte dos casos, é necessária a intervenção de um profissional de psicologia que nos possa ajudar a resignificar esse passado e a encontrar novos sentidos para a nossa vida.
 
Para que se perceba a dimensão do problema, importa lembrar que, os maus-tratos na infância afectam a qualidade de vida dos adultos e podem conduzi-lo a várias doenças. Tendo por base o Portal Raízes, os maus-tratos geram stress que podem afetar o desenvolvimento do cérebro. Esse stress extremo «pode prejudicar o desenvolvimento dos sistemas nervoso e. imunitário», sublinha a mesma fonte acrescentando que, como consequência, as crianças que são abusadas correm um maior risco de sofrer problemas de saúde quando adultos. Estes problemas incluem alcoolismo, depressão, abuso de drogas, distúrbios alimentares, obesidade, comportamentos sexuais de alto risco, tabagismo, suicídio e doenças crónicas, especificou.
 
Tendo por base os resultados de estudos desenvolvidos com crianças vítimas de maus-tratos, percebe-se que, o abuso emocional ou a privação grave «pode alterar permanentemente a capacidade do cérebro de usar serotonina», substância, que ajuda a produzir sentimentos de bem-estar e estabilidade emocional através da alteração do equilíbrio neuroquímico do cérebro, «alterando a capacidade da criança de interagir positivamente com os outros».
 
Outros estudos publicados identificaram uma associação entre um trauma de infância e a depressão na vida adulta. Segundo o Portal Raízes, vivências traumáticas na infância, como a perda de vínculos afetivos devido à morte de pais ou de irmãos ou, ainda, a privação de um ou de ambos os pais por separação ou abandono «constituem importantes fatores associados à depressão na vida adulta».
 
Confira agora as quatro consequências que, um trauma de infância pode apresentar na vida adulta:
 
1. Medo de falar em público
 
Uma pessoa que tem medo de se expressar perante os outros fá-lo por receio de um julgamento, de uma crítica e por fantasiar aquilo que os outros possam dizer a seu respeito.
 
Muitas vezes, esse receio é decorrente de um trauma de infância, que pode ter ocorrido em casa ou no ambiente escolar. Crianças que são repreendidas, agredidas ou humilhadas diante de uma plateia tendem a ter medo de reviver essa situação. Assim, tornam-se adultos com dificuldade em falar novamente para o público, com receio que lhes aconteça a mesma coisa, sublinha o Raízes.
 
2. Agressividade: estímulo pode ter acontecido na infância
 
Na categoria de Psicologia, o Portal Raízes lembra que, os casos de violência doméstica são muito comuns e que não é raro encontrar uma pessoa que reproduza aquilo que viu em casa ou de que foi vítima.
 
«Para muita gente, a agressão física e verbal é a única maneira de resolver um problema», pelo que, crianças que vivem em ambientes agressivos, têm muita dificuldade em criticá-los por considerarem que é mesmo assim que se resolvem os problemas e reproduzem-nos na sua vida adulta. Crianças que assistem a atos de agressão entre os pais, que são maltratadas por eles e que vivem num ambiente de guerra com irmãos, tendem a aceitar que é mesmo assim e que isso é normal. Tal só sofre uma mudança quando o sujeito toma consciência de que se trata de um erro e pode alterar o rumo dos acontecimentos.
 
3. Baixa autoestima: resultado de muita incompreensão
 
A baixa autoestima é outro problema que pode ter uma relação com os traumas de infância. Às vezes, sem perceber, os próprios familiares e amigos levam a pessoa a desenvolver uma imagem equivocada de si mesma e das suas atitudes.
 
Repreender, criticar comportamentos e anseios, pode levar a pessoa a ter a sensação de que nunca será boa o suficiente para nada. Os psicólogos recomendam que se trate este problema o mais rapidamente possível, uma vez que, o mesmo pode conduzir a estados depressivos e a transtornos de ansiedade.
 
4. Dificuldade em se relacionar com os outros
 
Este é um dos traumas de infância mais comuns e resulta de abusos físicos e psicológicos. A pessoa pode manifestar esta dificuldade nos mais variados contextos, especialmente no escolar e no profissional que são aqueles em que está mais exposta. O medo de se aproximar de pessoas devido aos maus-tratos que viveu na infância, dá lugar a relações tensas e complexas na idade adulta, sobretudo devido ao medo inconsciente de pssar pelo mesmo sofrimento.
 
O Portal Raízes aponta ainda algumas estratégias para tratar estes traumas, uma vez que, estes medos e frustrações podem estar a impedir a qualidade de vida e o bem-estar de quem sofre com essas memórias, mas que não as associa ao passado e às suas origens.
 
«Através da psicoterapia a pessoa vai poder identificar esses traumas, e ressignificá-los de forma a que não afetem a sua qualidade de vida».
 
O papel da psicoterapia nesse caso é fazer com que o adulto perceba que já não é aquela criança inocente, submissa, indefesa e despreparada que acreditava ser. Com o terapeuta, o indivíduo traumatizado vai encontrar caminhos para redescobrir a sua força, energia e a sua vontade de viver. Para isso, é necessário que o trauma seja revivido não só com lembranças, mas com emoções e afetos correspondentes. «É preciso que o sujeito retorne àquele lugar doloroso, mas encontre segurança no meio do caos não elaborado anteriormente». A terapia vai fazer com que o indivíduo organize aquilo que ficou fragmentado no decorrer da vida. As lacunas do viver serão preenchidas por pensamentos de confiança, tranquilidade, força e ousadia para se colocar no mundo de forma ativa e positiva. Essa força será sentida no corpo e na mente, evidencia o Raízes.
 
Fátima Fernandes