Comportamentos

É fácil viver com mais saúde e amor

 
Temos sido “bombardeados” com a noção de que, quanto mais ligados ao mundo estivermos, mais felizes somos, já que estimulamos o conhecimento e este é a base para a felicidade.

Perante essa informação, somos cada vez menos pessoas, já que nos preocupamos tanto em estar na linha da frente do conhecimento que acabamos por não tirar partido da maior parte das coisas e das situações.
 
Os novos estudos sobre a felicidade demonstram algo muito importante: muito mais do que estar ligado ao mundo, é saber retirar dele aquilo que nos faz falta para que sejamos mais felizes. O mesmo se aplica às pessoas, pois em vez de termos uma imensa lista de contactos na nossa agenda e de andarmos sempre à procura de alguém que se ajuste ao momento, devemos restringir as nossas atenções dando mais e melhor a quem desfruta de interesses semelhantes.
 
Muito mais do que fazer um telefonema para desabafar com um amigo, mais vale pensar numa solução dentro de nós e depois viver um momento de felicidade com alguém.
 
Perante esta constatação, percebemos o tempo que se perde a ouvir as opiniões dos outros sobre a nossa vida, as frustrações que colhemos quando não nos dizem aquilo que gostaríamos e as expetativas que criamos em cada encontro.
 
Os dinamarqueses que são o povo mais feliz do mundo, afirmam que o segredo é o encontro familiar sem tecnologias por perto, saber fechar a porta de casa a qualquer tipo de invasão e marcar encontros para nos divertirmos, para saborearmos uma boa comida ou sobremesa.
 
Diz o povo mais feliz do mundo que somos felizes com muito pouco, basta que saibamos parar uns momentos por dia para que encontremos as nossas sensações, para que nos organizemos mentalmente e para que entremos verdadeiramente no mundo afetivo em casa.
 
Nada há de mais saudável que estar com os nossos filhos a confecionar as refeições, a cuidar das lides domésticas ou a brincar. Faz bem a toda a família esta capacidade de estar, de trocar ideias, de falar sobre o dia e fechar a entrada da TV e demais máquinas nestes momentos. Saborear a refeição, beber um chá ou um café e marcar a hora de ir para a cama tranquilamente.
 
Faz-nos bem ter a cama feita todos os dias para que o nosso sono seja reparador, tal como nos anima ver o entusiasmo das crianças em brincar connosco. Contar uma história e conversar sobre qualquer coisa sem a preocupação de terem de ser assuntos inteligentes é outra mais-valia para o nosso bem-estar.
 
Na prática, o nosso mundo está a dar-nos orientações erradas em função daquilo que precisamos, pois após um dia de trabalho, em que o nosso cérebro recebe um conjunto de estímulos, faz-nos falta o oposto; o tempo de descompressão e de lazer, o tempo para nos encontrarmos enquanto pessoas e seres humanos. O tempo para cuidar das nossas coisas carinhosamente sem que tenhamos um chefe ou qualquer responsabilidade.
 
Faz-nos bem usufruir da casa que pagamos a muito custo com o trabalho, tal como nos faz bem acender uma vela ou um incenso enquanto conversamos.
 
É muito agradável receber um ou outro amigo em casa, tal como é bestial não ter mais ninguém que o prazer de estar em família, de conversar com os nossos filhos e de saborearmos uma refeição juntos e, tudo começa desde cedo.
 
Devemos habituar os mais novos a desligarem os ecrãs. Devemos dar-lhes natureza, desporto e tempo. Devemos dar-lhes atenção, enquanto nos libertamos também das tensões do dia a dia. Não precisamos de estar ligados ao mundo no nosso tempo livre. Precisamos de estar concentrados em nós mesmos, naqueles que amamos e nos momentos em que estamos juntos. Devemos estar pelo simples prazer de receber as energias uns dos outros.
 
Saber pensar sobre aquilo que está à nossa volta também requer tempo, disponibilidade e a mesma concentração, por isso é dar mais tempo à nossa vida o segredo para a felicidade e para uma vida muito mais saudável.
 
Não temos de enterrar e sair de atividades programadas. Podemos e devemos fazer exercício livremente. Podemos e devemos ir às situações em família e sem outras imposições, porque é muito mais fácil viver com amor e liberdade de ação e de pensamento, acredite.
 
Fátima Fernandes