Sociedade
“É muito mais o que nos une do que nos separa”
Perdemos demasiado tempo a sinalizar as diferenças que temos uns dos outros em vez de aproveitarmos as cumplicidades que nos podem aproximar, é uma das muitas ideias apontadas por Daniel Goleman no seu livro Inteligência Social que nos remete para a necessidade de nos olharmos enquanto Humanos e, com características comuns dentro das diferenças.

 
Na verdade, todos conhecemos a facilidade com que se “aponta o dedo” ao outro por fazer algo de uma determinada forma, mas se pensarmos bem, prestamos tanta atenção a isso porque provavelmente já passamos ou pensamos em algo semelhante. Se conseguirmos aprender com as experiências dos outros, temos a tarefa muito mais facilitada, seja entre homens e mulheres, no casamento e na vida social.
 
A ciência acredita que não são assim tantas as diferenças entre as pessoas e que, os exemplos de uns, podem ajudar a prevenir os problemas de outros e, isso verifica-se muito bem na comparação entre países e culturas. Basta ver o entusiasmo que se vive em torno do futebol nos quatro cantos do mundo para percebermos que não faz sentido tantos gostarem do mesmo e irem para os estádios “medir forças” entre adeptos.
 
Ainda menos se justifica tornar a competição em algo pessoal quando deveria ser um prazer coletivo. Parece que temos necessidade de descomprimir as frustrações da nossa vida, daquilo que nos corre menos bem, no colega de bancada ou numa fila de trânsito.
 
Tal acontece porque ainda não percebemos que é dentro de nós; no seio da nossa família que encontramos a felicidade; que vivemos os bons momentos e que superamos os menos positivos que todos têm. É com essa base pessoal que vamos para o mundo social à procura de outras realizações.
 
Ora se formos todos com a mesma necessidade para um estádio, certamente que serão muitos mais os conflitos que o prazer de desfrutar de uma boa partida de futebol que deveria servir para nos dar mais um momento de felicidade.
 
Esta tónica aplica-se a tudo na vida. Devemos pensar para connosco próprios naquilo que podemos melhorar para andarmos mais descontraídos e disponíveis para aproveitar a beleza da vida e das situações.
 
Goleman não tem dúvidas de que é através do autoconhecimento que somos mais capazes de enfrentar a vida, as pessoas, os problemas e as situações. Ao mesmo tempo, se nos colocarmos no lugar do outro, somos muito mais capazes de compreender em vez de reagir da mesma forma e, no seu todo, isso acaba por dissipar as más energias a que vamos assistindo.
 
Somos todos Humanos e, apesar de termos pontos de partida diferentes, as emoções são universais. Todos compreendemos os mesmos sinais de trânsito em qualquer lugar do mundo, tal como um gesto de “fixe” é positivo para todos os povos, é tudo uma questão de alargarmos os nossos horizontes e percebermos que não vale a pena andarmos em lutas inúteis quando o que todos queremos é ser mais felizes, é desfrutar de um bom momento seja no campo ou na praia, na multidão ou no deserto.
 
Com esta capacidade de olharmos carinhosamente para dentro de nós, somos capazes de identificar as nossas emoções e de as controlar, usando cada vez mais a razão em primeiro lugar e reagindo algum tempo depois se assim se justificar. Muitas situações nem merecem que façamos algo, basta saber, basta compreender ou reprovar. Não temos de tirar partido de tudo, tal como não precisamos de ser indiferentes a tudo. Temos de pensar antes de tomar uma decisão que consideremos importante.
 
Quantas mais pessoas fizerem esse exercício, muito mais prazerosos serão os momentos em que participamos; não tenhamos dúvidas disso e, quanto mais conhecermos os outros, mais encontramos os pontos em comum, independentemente da roupa que se usa, do corte de cabelo, da cor de pele ou da orientação sexual. Somos Humanos, somos pessoas que queremos ter cada vez mais momentos de bem-estar no privado e no espaço social.
 
Fátima Fernandes