Sociedade

Enfermeiros algarvios em greve dia 24 de janeiro por "compromissos ainda não cumpridos"

A Direção Regional de Faro do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, anunciou uma greve para 24 de janeiro no Algarve, (CHUA e ARS).

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Em conferência de imprensa realizada esta manhã em Faro, Nuno Manjua do SEP Algarve, disse aos jornalistas que o prazo esgotou-se no final do ano. 
 
Este responsável explicou que a ARS Algarve e o CHUA assinaram com o SEP «importantes compromissos escritos pré-eleitorais que não cumpriram na sua totalidade».
 
Os acordos visavam concretizar o descongelamento de «progressões para centenas de enfermeiros», previsto no Orçamento do Estado para 2018, em que no caso do CHUA, seria igualar enfermeiros com Contrato Individual de Trabalho aos colegas com Contrato de Trabalho em Funções Públicas. No caso da ARS o compromisso de contabilizar o tempo de trabalho anterior ao ajustamento salarial que decorreu por imposição de uma nova carreira.
 
Compromissos que levaram os enfermeiros a suspenderem dois dias de greve a 26 e 27 setembro 2019.
 
Nuno Manjua avançou que os enfermeiros perderam 70% do seu tempo de trabalho durante o período do congelamento das carreiras, havendo profissionais que em 2020 perfazem 18 anos sem progressão, e sem qualquer aumento salarial, levando ao congelamento da progressão em 5 escalões.
 
Com o propósito de evitar conflito, o representante do SEP disse que houve novas reuniões com as duas instituições no início de dezembro para que concretizassem os compromissos, «mais uma vez foi-nos dada a garantia que os acordos se mantinham, apesar de se encontrarem em compasso de espera. Não compreendemos e não aceitamos, porque a informação que detinham à data em que assinaram os acordos é a mesma que continua a existir. Não há nenhum dado novo ou fundamentação que justifique a não concretização imediata».
 
Para piorar o quadro, o sindicalista referiu que no mês de dezembro, as instituições não procederam ao pagamento dos últimos 25% do faseamento do descongelamento da progressão a muitos enfermeiros: «Em causa está a progressão de centenas de enfermeiros, cujo descongelamento já deveria ter ocorrido com efeitos a janeiro de 2018 e 2019».
 
O SEP critica ainda o primeiro-ministro António Costa que anunciou que o SNS é uma prioridade e que é necessário investimento nos recursos humanos, reforçado na mensagem de Natal. Lembra que foram os próprios deputados eleitos pelo Algarve que assumiram a Saúde como prioridade, no dia em que foram eleitos.
 
Presente na conferência, Guadalupe Simões, dirigente nacional do SEP, disse ser «uma falácia assumirem que é preciso criar estratégias para motivar os profissionais; que há carência e que têm dificuldades na admissão; que não conseguem fixar profissionais na região periférica do Algarve e depois não concretizam as medidas legais que resolveriam estes problemas».
 
A sindicalista confirmou que o problema dos enfermeiros não se restringe só ao Algarve, mas a todo o País, «não entendo como é que o primeiro-ministro António Costa e o ministro das Finanças Mário Centeno, dizem que todos os trabalhadores da administração pública, inclusivamente os enfermeiros, tiveram um aumento de 3.2% na sua massa salarial, quando há 20 mil enfermeiros que não progrediram nas carreiras».  
 
Além da greve marcada para o próximo dia 24 de janeiro, o SEP assumiu que irá fazer um pedido de reunião aos restantes deputados eleitos pelo Algarve, não pondo de lado a possibilidade de em fevereiro anunciar novas paralizações.