Família

Ensine o seu filho a ser feliz

 
Ter um filho feliz é o objetivo da maior parte dos pais que se esforçam em dar-lhes tudo para que, efetivamente, os seus descendentes possam gozar de muitos momentos de bem-estar e harmonia.

Há pais que investem tanto na felicidade dos mais novos que se esquecem de serem eles também felizes, tal como há progenitores que protegem os filhos de tudo o que é negativo para impedir que as crianças ou jovens passem por frustrações e, logo, que sejam infelizes. Há também quem os carregue de bens materiais para que se sintam “confortados”, “preenchidos” e para que não tenham a sensação de falta, já que, a mesma é entendida como infelicidade, mas será que estes pais estão a agir corretamente?
 
Na posição de muitos entendidos nesta matéria, é preciso assinalar que, a felicidade é um momento durável de satisfação, durante o qual o indivíduo se sente plenamente feliz e realizado, um momento em que não há nenhum tipo de sofrimento.
 
A felicidade é formada por diversas emoções e sentimentos, que se podem dever a um motivo específico, como um sonho realizado ou um desejo atendido.
 
Muitos cientistas sociais e psicológicos atribuem a felicidade principalmente a dois elementos: o equilíbrio emocional e os níveis de satisfação. O primeiro diz respeito à quantidade de emoções e humores positivos vivenciados por uma pessoa. Já o segundo refere-se à quão satisfeita essa pessoa se encontra com a sua vida.
 
Nesta sequência, é preciso anotar que, em nenhuma destas explicações surge a ideia de que temos de proteger os nossos filhos das frustrações e dos dissabores inerentes à nossa existência, mas sim, que lhes podemos proporcionar alguns momentos de felicidade com algo que possamos fazer. Depois, é também essencial registar que, evitar que a criança passe por momentos desagradáveis só fará com que seja mais infeliz, pois acaba por nunca estar preparada para os dissabores e por não saber o que fazer quando os mesmos acontecem.
 
Ainda no mesmo contexto, faz sentido assinalar que, uma criança mimada não consegue ser feliz porque quer o mundo á sua maneira e, tal não é possível, pelo que, o ideal é que estejamos disponíveis para ajudar os nossos filhos quando eles precisam de ajuda e não impedir ou pelo menos tentar evitar que aprendam a viver nas mais variadas situações.
 
A frustração faz tão parte do processo como os momentos de felicidade, pelo que precisamos de ambos. Depois, é também importante ensinar aos nossos filhos que, eles não vão aprender a superar os problemas evitando os erros, mas sim, estando disponíveis para os corrigir, uma vez que, é aí que reside a verdadeira aprendizagem e a preparação para que saibam lidar com futuras situações.
 
Os pais também tendem a mostrar aos filhos que, o seu património será deles, pelo que não terão motivos para não serem felizes, pois terão uma vida abonada, no entanto, com essa atitude, os progenitores apenas estão a limitar o esforço, o empenho e a inteligência dos mais novos que, por terem tudo, acabam por não ter força para lutar por nada.
 
Os pais têm de mostrar aos filhos que possuem o seu património e que eles terão de lutar pelas suas conquistas. Se receberem a ajuda dos pais ou de alguém, tanto melhor, mas não podem contar com isso à priori, pois não só se tornarão preguiçosos e sem motivação, como não vão conseguir ser felizes sem esforço. A ideia de criar filhos herdeiros há muito que tem sido criticada também pelo psiquiatra e escritor, Augusto Cury que reforça a importância de estimular a criatividade, a capacidade de trabalho e os talentos dos filhos, ao mesmo tempo em que os conduz ao prazer e ao bem-estar.
 
É essencial dizer aos nossos filhos que a felicidade é algo que se constrói dentro de nós e não através da dependência dos outros. Não são os pais e demais intervenientes na sociedade que oferecem a felicidade aos filhos, mas sim, dão-lhes desafios e despertares para que eles a encontrem dentro de si mesmos.
 
Para tal, faz falta a sensação de falta, a frustração pelo que não se conseguiu, a luta pelo que se deseja, o empenho naquilo que se faz, a procura do bem-estar e o encontro de momentos de felicidade.
 
A título de curiosidade registe que, quando as crianças são bem comportadas em muitos momentos e mostram um aparente bem-estar, isso significa que são felizes e que já encontraram boas sensações dentro de si. Pelo contrário, crianças sempre mal dispostas, com comportamentos desviantes, excessivamente desafiadoras, não estão bem consigo mesmas e precisam de alguém que as ajude a encontrar momentos de felicidade. Nestes casos, os pais devem ensinar-lhes a serem felizes e a descobrirem as boas sensações dentro de si mesmas.
 
Fátima Fernandes