O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) alertou hoje que a equipa de enfermagem do serviço de Medicina da unidade de Lagos do Centro Hospitalar do Algarve (CHA) está “à beira da rutura”.
A administração do centro já reagiu, referindo estar empenhada na “resolução da situação” e já ter solicitado ao Ministério da Saúde a abertura de concurso para contratar mais enfermeiros.
“Dos 31 enfermeiros afetos àquele serviço, dez estão de baixa ou licença maternidade, com consequências para os cuidados prestados aos utentes e restantes profissionais”, referiu o sindicato, em comunicado.
De acordo com o SEP, “a opção tomada para solucionar esta problemática foi o de reduzir o número de enfermeiros por turno”.
No turno da noite, de quatro enfermeiros escalados para 40 doentes passou-se para três.
“Esta noite, 28 de março, prevê-se que apenas estejam dois! Ou seja, de um «ratio» de 1/10 doentes «progredimos» para 1/20 doentes. Nem os «serviços mínimos» estão assegurados”, acusa o SEP.
Segundo o sindicato, a carência de enfermeiros “é uma realidade”, citando os dados do Sistema de Classificação de Doentes (ACSS): em 2011 não foram prestadas 36.775 horas de cuidados de enfermagem necessárias, “o equivalente a 21 enfermeiros em falta”.
“Ou seja, é o Ministério da Saúde que diz que a equipa de enfermagem deveria ter 50 enfermeiros, em vez dos atuais 20”, salienta o SEP.
“As respostas com a qualidade e a segurança que os doentes têm direito e os enfermeiros devem prestar estão colocadas em causa”, acrescenta o sindicato, responsabilizando “os culpados” na figura do ministro da Saúde.
Os enfermeiros lembram que, em setembro do ano passado, já tinham alertado Paulo Macedo, quando este visitou a unidade, para “a possibilidade de rutura que se tornava previsível”, tendo o governante assumido o compromisso de verificar a situação.
O SEP exige agora que seja o ministro da Saúde “a explicar aos familiares e utentes, estes com idades superiores a 75 anos e totalmente dependentes, que afinal não têm direito a cuidados de excelência”.
Em declarações, por escrito, à agência Lusa, o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), Pedro Nunes, assegurou que se tem empenhado na “resolução da situação”.
“O conselho de administração do CHA já solicitou ao Ministério da Saúde a autorização necessária para a contratação dos enfermeiros. O Ministério da Saúde reconhece a importância do reforço desse número de profissionais e autorizou a contratação, aguardando-se agora que o processo seja finalizado”, explicou Pedro Nunes.
Este responsável informou, também, que o CHA desencadeou um “processo público de constituição de bolsa de recrutamento de enfermeiros, tendo recebido várias candidaturas que serão enquadradas nesse concurso”.
Para assegurar a “melhor prestação de cuidados aos cidadãos que acorrem ao Hospital de Lagos, tem-se recorrido, sempre que necessário, a horas extraordinárias" e ao "internamento no Hospital de Portimão”, acrescentou.