Sociedade

Esta quinta-feira a cidade romana de Balsa mostra-se ao público

O Algarve Primeiro participou esta manhã numa visita que foi endereçada aos jornalistas para acompanharem de perto os trabalhos arqueológicos na cidade romana de Balsa, em Torre D'Aires, concelho de Tavira.

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Estiveram presentes vários representantes das entidades envolvidas, nomeadamente Universidade do Algarve, Direção Regional de Cultura do Algarve, CCDR Algarve, Centro de Ciência Viva de Tavira e Câmara Municipal de Tavira.
 
Aos jornalistas o professor João Pedro Bernardes da Ualg e coordenador do projeto arqueológico, referiu que dos trabalhos efetuados - onde têm participado arqueólogos e estudantes de outros pontos do país, é visível uma parte da cidade romana de Balsa, cuja génese data do século I antes de Cristo, com o seu apogeu até ao século II (d.c).
 
Apesar de ter havido uma primeira fase de escavações em 2017, os trabalhos retomaram em agosto com base numa candidatura aprovada ao programa CRESC Algarve 2020, um suporte financeiro que garantirá que os estudos decorram nos próximos 3 anos. 
 
O professor adiantou que há muito trabalho pela frente, «estamos a falar de uma cidade romana de pequena ou média dimensão, que não irá além das duas dezenas de hectares».
 
Pelo que está à vista, apercebe-se de uma rua e casas, que podem alongar-se a outros terrenos privados, com João Pedro Bernardes a acreditar que haja abertura para as negociações com os proprietários desses terrenos.
 
O técnico explicou que a cidade de Balsa, terá sido fortemente afetada no século II, por um forte tsunami, tanto mais que se encontra junto à Ria Formosa. «Depois desse fenómeno, a cidade reergueu-se com dificuldades até ao século VII, mas não passou daí».
 
João Pedro Bernardes disse que para se chegar à localização dos achados arqueológicos, utilizaram-se técnicas de geomagnetismo, sobretudo com a ajuda do GPR, «que não é mais do que um radar de penetração do terreno que assinala com grande fiabilidade, informações importantes sobre a existência de construções, muros ou outro tipo de edificações».
 
Neste momento além do coordenador do projeto estão no terreno mais dois arqueólogos, Celso Candeias da autarquia de Tavira e Vítor Dias da Universidade de Coimbra.
 
Esta quinta-feira, 5 de setembro há Dia Aberto para ver as primeiras formas da cidade de Balsa, bastando para tal que os interessados se dirijam ao terreno agrícola da empresa "Fresh Cut", que tem colaborado com as entidades na preservação dos achados.
 
O site balsacvtavira.pt também poderá ser consultado, lá está toda a informação sobre a cidade de Balsa.
 
Ao Algarve Primeiro a vice-presidente da Câmara de Tavira, Ana Paula Martins indicou que o projeto ganhou agora um novo fôlego, depois de muitos anos em que se tem falado desta cidade.«Se tivermos aqui outro foco de interesse turístico, certamente que será bom para todos nós e o que se pretende é mostrar a presença romana em Tavira, este processo de facto tem demorado tempo porque também estamos a falar de terrenos privados e nesse sentido temos reunidas agora as condições para se pensar de forma sólida a continuidade deste projeto».
 
A autarca adiantou que a comunidade de Tavira tem tido, muito interesse em saber mais sobre Balsa, «está na hora de avançar, aproveitando o apoio dos fundos europeus, para percebermos o que de facto aqui existe e se vale a pena investir ainda mais nestas escavações, se assim for, implica um grande investimento da parte do Governo e de todas as instituições».
 
O vereador João Pedro Rodrigues que tem tido a responsabilidade de representar a autarquia de Tavira neste processo, salientou ao nosso jornal, que Tavira «é uma cidade rica em património histórico, arqueológico e cultural de muitas épocas e esta época romana aqui na Luz de Tavira é realmente um património que esperemos que se venha a revelar, sendo muito importante para o Município».
 
Para o responsável «o importante é que ao fim de muitos anos de promessas e de intenções, recuos e avanços chegou-se finalmente a um projeto devidamente estruturado em parceria com as entidades que sabem sobre estas matérias como a Direção Regional de Cultura e a Universidade do Algarve, que junta o Centro de Ciência Viva numa perspetiva de sensibilização e divulgação.Penso que estão reunidas as condições para se fazer um trabalho realmente sério, cujo objetivo agora é saber o que realmente existe e onde vale a pena investir».
 
Dado que as expetativas são elevadas quanto ao património que será desvendado, está a ser pensada já a segunda fase do projeto, que passa por expor os achados, a inventariação daquilo que sair de Balsa, e o que já saiu e consta noutros museus, para depois se projetar um futuro museu, um campus de investigação e de conhecimento.