Família

Estará a cuidar bem do seu filho?

 
De vez em quando, é preciso fazer esta pergunta a nós próprios, já que é só assim que podemos melhorar a nossa atuação.

No topo da nossa reflexão deve constar o facto de que, não há pais nem filhos perfeitos, que ambos cometem erros, que ambos querem corrigi-los e ultrapassá-los e que, os mais velhos não querem fazer aos filhos aquilo que já receberam dos seus pais.
 
Na mesma sequência, é preciso analisar que, nem tudo o que os nossos pais nos fizeram estava errado e que os nossos filhos são muito diferentes do que nós já fomos com a idade deles.
 
É ainda relevante registar a importância de pedirmos desculpas aos nossos filhos quando nos enganamos, quando somos injustos, indelicados ou quando não tivemos a necessária paciência para eles.
 
Os pais gostam que os filhos os tratem com educação e respeito, que lhes peçam desculpa quando cometem um erro, que agradeçam quando recebem algo, que peçam licença e demais cordialidades, mas nem sempre se verifica a mesma forma de tratamento dos pais em relação aos filhos. Na posição dos especialistas em comportamento humano, apesar de existir uma relação desigual entre pais que são uma referência de autoridade e os filhos que naturalmente estão um patamar abaixo, as regras de boa educação devem imperar e fazer-se notar para que o respeito seja mútuo.
 
Se repararmos, não faz qualquer sentido exigirmos aos filhos aquilo que não lhes damos e, quando se fala em boa educação e em cuidar bem, torna-se essencial que exista essa relação de correspondência.
 
Depois, quando refletimos acerca do que é uma boa educação, devemos incluir algo tão elementar como a imperfeição e a tristeza. Há pais tão obcecados em tornar os filhos felizes que se esquecem de ser eles também alegres e de bem com a vida e, deixam de lado tudo o que lhes possa causar frustração para evitar o sofrimento, mas na realidade, isso não é educar bem.
 
As crianças precisam de se conhecer e de aprender a viver. Necessitam de conviver com os outros, de sofrer dissabores, de rir, chorar, correr, saltar, de correr riscos e daí por diante. Não há super pais nem super mães capazes de impedir a dor dos filhos. Há pais e mães em carne e osso que ensinam o melhor que sabem, que tentam explicar aos mais novos os perigos e alertá-los para as situações menos positivas, no entanto, ninguém consegue evitar um galo na cabeça, um arranhão na perna, uma lágrima de tristeza porque um colega não lhe liga, a desilusão de uma má nota na escola e daí por diante. A função dos pais é apoiar os filhos e não impedi-los de viver e de sentir. É também de lhes mostrar que a perfeição não existe, pelo que, ambos devem aprender a aceitar-se com as imperfeições que têm.
 
Claro que muitos pais se culpabilizam por não conseguirem evitar essas dores, consideram-se maus educadores e daí por diante, mas precisam de relaxar um pouco mais para que, efetivamente consigam ser melhores pessoas e progenitores. Ouvir os nossos filhos, dar-lhes amor e compreensão quando têm um problema é muito mais gratificante e importante do que tentar a todo o custo impedir que eles vivam a experiência.
 
Uma coisa é aquilo que os pais desejam para os filhos, outra completamente distinta é aquilo que eles precisam de desenvolver para aprenderem a viver, é aquilo que sentem necessidade de fazer e para o qual mostram interesse. Evitar que eles vivam só vai atrasar o processo e fazer com que ultrapassem uma etapa de desenvolvimento importante.
 
Uma criança só está saudável quando tem curiosidade, quando se questiona, quando desafia os limites, quando quer contrariar aquilo que parece estático, quando gosta de descobrir algo novo. Crescer é mesmo procurar a novidade todos os dias, pelo que, os pais devem aceitar esse facto com naturalidade ao invés de estarem sempre a tentar que os filhos façam as coisas como eles querem. A construção pessoal só ocorre com esses desafios, não com os pais a fazerem tudo pelos filhos, alertam os entendidos nesta matéria.
 
Para que os pais eduquem bem os filhos é fundamental que tenham uma boa dose de paciência, ingrediente que, infelizmente falta a muitos adultos mas que precisa de ser desenvolvido! Os miúdos precisam de tempo, de compreensão, de muito diálogo e alguma liberdade, ainda que devam ter limites, regras e uma referência de autoridade por parte dos pais.
 
Na mesma sequência, os entendidos deixam alguns pontos importantes que os pais devem reunir para educar melhor, são eles:
 
• Pais pacientes conseguem dosear a compreensão com a exigência;
 
• O excesso de exigência abre espaço para o stress e a insegurança  nas crianças. É preciso levar em consideração que cada ser tem o seu próprio ritmo de amadurecimento, o seu tempo e as suas necessidades. Se exigimos coisas que, simplesmente, não podemos dar, vamos frustrar ainda mais o crescimento. Ainda neste ponto, é preciso acrescentar que, quando os pais não fazem algo da forma correta, o filho vai demonstrar com o olhar.
 
O impacto emocional de uma criança quando se sente sem cuidados, quando ouve gritos, ou se sente desiludida, fica marcado na sua expressão, assim é fácil interpretar o que se passa e tentar agir da forma mais adequada.
 
• Às vezes, fazemos coisas pensando que é para o bem das crianças, no entanto, aos poucos percebemos que não é exatamente assim. Se o seu filho tem medo do escuro, não é preciso ironizar dizendo-lhe que já é muito crescido para ter esse tipo de medos. Se ele faz xixi na cama,  não precisamos de fazer um escândalo por isso. Conversamos com ele no momento mais apropriado e tentamos compreender o que se passou. Às vezes, um pesadelo pode dar lugar a um descuido e, não será certamente com humilhações que a criança vai aprender a levantar-se a tempo.
 
Depois, é também fundamental reter que, quando nos damos conta de um erro, devemos ser capazes de conversar com os nossos filhos de coração aberto e de lhes pedir desculpa, pois será assim que eles também vão reagir connosco numa situação semelhante.
 
Os especialistas dão conta de alguns comportamentos que também não contribuem para uma boa educação dos mais novos, são eles:
 
• Promete e não cumpre com as suas promessas.
• Exige um determinado comportamento dos seus filhos, mas não dá o exemplo.
• Educa com base em gritos, ameaças, violência física e verbal.
• Compara o seu filho a outras crianças.
• Critica, ridiculariza e humilha o seu filho em público.
• Diz ao seu filho que ele não consegue, que é lerdo, é diferente dos outros porque não consegue obter os mesmos resultados, é mais feio e não possui as mesmas habilidades dos demais.
• Diz-lhe que está a perder a paciência, que o seu filho é chato e que não consegue suportá-lo.
• Não responde às perguntas do seu filho, ignora-as ou faz de conta que não existem porque simplesmente não sabe ou não tem interesse ou paciência.
 
Segundo os especialistas, tudo isto somado dá lugar a que a educação mereça uma boa reflexão e, acima de tudo, uma mudança de atitude que, certamente irá melhorar muito a sua relação com os seus filhos.
 
Pensar de uma forma mais humana, mais humilde, mais afetuosa, ajuda qualquer pai e qualquer mãe a ser muito melhor, por isso, tente uma nova forma de educar e encontre uma pessoa muito melhor dentro de si, sugerem os entendidos, reforçando que, a autoridade não se perde por sermos melhores pessoas; muito pelo contrário, reforça-se!
 
Fátima Fernandes