Economia

Falência da Monarch deixa hoteleiros algarvios com 36 milhões “a arder”

O operador turístico do grupo Monarch fez chegar milhares de ingleses ao Algarve, nos meses de verão. A súbita falência da operadora turística, deixou os hoteleiros algarvios com uma pesada fatura por cobrar.

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Segundo o DN, o encerramento súbito da operação de todas as empresas do Grupo Monarch deixou um rasto de dívidas que os hoteleiros algarvios avaliam em 36 milhões de euros.
 
"A falência tem um impacto enorme nos nossos hotéis, especialmente pelo fim dos operadores turísticos do grupo que trouxeram turistas mas não chegaram a saldar os pagamentos", avançou Elidérico Viegas, presidente da AHETA.
 
O valor em dívida diz respeito aos meses de agosto e setembro, quando o grupo britânico fez chegar ao Algarve 80 mil turistas "em que a grande maioria não pagou".
 
O DN adianta ainda que, as reservas foram processadas através de pacotes pelas empresas da Monarch Holidays, Avro e Somewhere2stay - todas pertencentes ao grupo falido - e pagas pelos clientes diretamente a estas empresas. Neste cenário de falência, são os hoteleiros algarvios que “ficam a arder” com as faturas por pagar.
 
A falência foi anunciada na passada segunda-feira e, a situação é complexa para quem já prestou os serviços de acolhimento, isto porque, “estes pagamentos nunca chegaram a ser liquidados e a enorme fatura passa agora a fazer parte da massa falida do grupo”- reporta o DN.
 
 "A expectativa de resolução destas dívidas é zero", diz Elidérico Viegas, admitindo que o buraco estimado a partir do número de reservas, dias de estada e preço médio varie consideravelmente entre os diversos estabelecimentos hoteleiros da região. "Tanto temos casos em que ficaram por pagar 1500 euros como outros em que a dívida ascende a 20 ou 30 mil euros."
 
De acordo com a mesma fonte, estes 36 milhões de euros representam cerca de 5% da faturação registada no Algarve nestes dois meses. Mas a fatura ainda poderá aumentar se as estadas já marcadas começarem a cair. "A nossa expectativa é que possa haver outros 10 milhões de prejuízo com os cancelamentos", assumiu Viegas ao DN.
 
"A Monarch Airlines não era uma companhia como a Air Lingus ou a Air Berlin. Já operava há 40 anos no Algarve, tinha 60 voos por semana para Faro, e como principal foco os meses de outubro a maio" - a época baixa que tanto interessa à região captar - e que já estavam reservados em muitas unidades e que agora vão ser canceladas, acrescenta João Soares, hoteleiro algarvio e representante da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), em declarações ao DN/ /Dinheiro Vivo.
 
"O impacto será grande para o setor que aguardava os pagamentos no prazo habitual de 30 a 45 dias sem adivinhar uma crise desta dimensão", assumiu, ainda sem conseguir quantificar a dimensão do problema que diz também afetar parte das reservas de julho nos hotéis do Algarve. "O que está para trás é uma dívida grande e que será difícil de recuperar", lamenta. E assume que, para além das reservas da Monarch Holidays, "já começaram os cancelamentos de outros operadores turísticos que utilizam a Monarch como companhia de aviação".