Por muito que se queira afastar o cenário de crise, os números mostram que as famílias portuguesas continuam a passar por muitas dificuldades financeiras.
Tendo por base os dados da Deco, não há uma melhoria significativa da situação financeira das famílias portuguesas.
O Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado da Deco recebeu, no primeiro semestre do ano, 17.300 pedidos de ajuda, mais 70 face a igual período de 2015, o que mostra que a situação das famílias não melhorou, anunciou a associação.
“Os dados permitem concluir que não há uma melhoria significativa da situação financeira das famílias portuguesas”, porque os pedidos de ajuda são muito semelhantes aos verificados nos períodos homólogos de 2014 e 2015.
A coordenadora do Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado (GAS), Natália Nunes, adiantou que, “a situação financeira destas famílias é muito débil e não lhes permite ainda proceder” à sua reestruturação de forma a equilibrá-la.
Segundo Natália Nunes, o desemprego (29%), a deterioração das condições laborais (22%) e a penhora dos rendimentos (14%) são as principais causas de sobre-endividamento das famílias que pediram ajuda, problemas que se agravaram durante a crise.
As penhoras decorrentes das dívidas relativamente a créditos e serviços já têm “um peso significativo” nos pedidos de ajuda, das quais 10% dizem respeito a execuções de crédito e 4% a execuções fiscais, sublinhou.
Segundo os dados do GAS, 53% dos processos iniciados este ano já apresentavam créditos em incumprimento, sendo que, em 2015, as famílias tinham em média cinco créditos em renegociação, número que se manteve este ano.
Para a coordenadora do GAS, os portugueses têm de ser “cada vez mais rigorosos”, na forma como lidam com o dinheiro, e as instituições de crédito têm de “privilegiar a concessão de crédito cada vez mais responsável”.
“Este é um papel que tem de ser assumido, de uma vez por todas, por parte da banca e das instituições de crédito”, defendeu.
Os dados da Deco/GAS adiantam que 60% das famílias que pediram apoio estavam a trabalhar, 26% estavam desempregadas e 14% na reforma.
Das que estavam a trabalhar, 39% estavam no setor privado, 15% no setor público e 6% trabalhavam por conta própria.