Economia

Faro:João Pedro Matos Fernandes encerrou seminário sobre Economia Circular falando de "regeneração e servitização"

 
O Ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, encerrou esta quinta-feira, pelas 17 horas, o Seminário sobre Economia Circular, organizado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR Algarve), em Faro.

 
Com uma duração de dois dias, o Seminário inseriu-se no contexto da implementação da Agenda Regional de Transição para a Economia Circular do Algarve, enquadrada pelo Plano de Ação para Economia Circular.
 
Designado de “Economia Circular e sustentabilidade do Algarve”, o programa integrou duas mesas redondas sobre as questões dos resíduos, do uso da água, do voluntariado ambiental, do uso sustentável dos produtos fitofarmacêuticos, requisitos do espaço rural, plásticos e carvões ativados. 
 
Foram também apresentados alguns projetos em curso, com a participação de entidades e empresas com boas práticas registadas, nos termos do programa do evento.
 
Este seminário contou com o apoio do Fundo Ambiental do Ministério do Ambiente e da Transição Energética e dos fundos da União Europeia, no âmbito do POCTEP – Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Espanha – Portugal.
 
O Ministro do Ambiente encerrou os trabalhos, referindo que «estes 300 anos de economia linear trouxeram bem-estar, na lógica "extrair, transformar, usar, descartar", assumo que não sou agnóstico ao crescimento económico, num planeta com 7 mil milhões de habitantes, com 10 mil milhões no ano de 2050, temos necessariamente que crescer, mas regenerando recursos e ser hipocarbónico».
 
João Pedro Matos Fernandes defendeu que «se falamos hoje em eficiência energética, temos cada vez mais de incluir um discurso público e político nas nossas ações enquanto cidadãos, enquanto empresas e organizações, rumo à eficiência material», neste aspeto o responsável pela pasta da Transição Energética, adiantou «temos mesmo de usar poucos recursos».
 
E aí a Economia Circular, na óptica do Governante faz todo o sentido, «procura reutilizar os resíduos, em vez de os descartar e deitar fora e  comprar outros, no fundo é aproveitar os produtos que se encontram em fim de vida». Em conjunto, as cinco CCDR's do país e o Ministério do Ambiente e da Transição Energética, promovem agendas regionais com vista à neutralidade carbónica e à eficiência energética.
 
 
Para o Ministro, o que se pretende, é «agarrar em boas-práticas já usadas no país, de projetos ou empresas e fazê-las chegar ao consumidor num despertar para uma nova responsabilidade social».
 
Em conclusão o responsável lembrou que «num país que não vai ter mais habitantes nos próximos 20 a 30 anos, que tem mais fogos por habitante na Europa, não faz sentido ir buscar mais agregados a outro sítio, porque temos cá tudo, a grande massa já foi extraída e está aí para ser utilizada outra vez, falo por exemplo dos resíduos da construção civil, é inaceitável que se junte toneladas de inertes para fazer uma qualquer construção que não saibamos como ela vai acabar, devemos continuar a ter aquilo que temos, não devemos é ser donos dessas coisas, temos sim de partilhá-las ou partilhar serviços (servitização), isto é, deixar de vender bens, para passarmos a vender serviços com os bens lá dentro».
 
Em declarações ao Algarve Primeiro o Presidente da CCDR Algarve, Francisco Serra, explicou que o Governo através do Ministério do Ambiente e da Transição Energética, fez uma Agenda, com todas as CCDR's do país, «estamos a desenvolver trabalho em cada uma das regiões plano, em grande articulação, posso dizer que neste Seminário estiveram presentes duas CCDR's, a colaborar não só nos trabalhos mas também a apresentar boas práticas».
 
Francisco Serra, referiu contudo, que este tipo de projetos não são visíveis no imediato pelo cidadãos, «este tipo de projetos tem a ver com a mudança de atitudes, hábitos e até de práticas, semelhantes à da reciclagem ou tratamento do lixo, e aqui o Algarve tem uma taxa de reciclagem de tratamento de resíduos bastante superior à verificada no país, com o tempo já há resultados e na Economia Circular, temos de fazer o mesmo, como exemplo com os hotéis, foi apresentado como um caso de boa prática, o projeto de reaproveitamento de sabonetes».
 
Este tipo de "movimentos" de acordo com o responsável da CCDR, «é um processo de verdadeira mudança de mentalidade e envolve até aspetos do nosso dia a dia, sensibilizando para o uso mais intensivo dos mesmos equipamentos e materiais por mais pessoas, em vez de um uso particular muito sedentário, no fundo, é o que fizeram os nossos antepassados no tempos dos nossos avós, os recursos eram partilhados na comunidade, era o forno do pão da aldeia ou o lagar da aldeia, depois passou-se à ideia de prosperidade pelo facto de eu ter as minhas coisas, sendo claro, que o uso partilhado de recursos será sem dúvida uma disciplina diferente da que existe».