Política

Fogos de artifício silenciosos propostos pelo PAN Olhão não foram aprovados pelo Município

Deputado municipal do PAN, Alexandre Pereira.
Deputado municipal do PAN, Alexandre Pereira.  
O deputado municipal do PAN, Alexandre Pereira, explica em comunicado, ter questionado o presidente da câmara sobre quais os avanços conseguidos, «para que Olhão fosse uma referência em boas práticas ambientais e de proteção e bem estar animal».

O deputado lembra que na recomendação apresentada pelo partido em 2021, foi acordado por todos os membros da Assembleia Municipal que nas festas de ano novo de 2022-2023 se iniciasse uma transição para fogos de artifício mais silenciosos, que não implicassem as atuais explosões. O representante do PAN diz que relativamente à proposta, António Pina «contrariou todos os membros da Assembleia Municipal, incluindo os deputados e presidentes de junta do PS, quando respondeu»: "Os fogos de artifício vão ser iguais, não acolhemos a vossa recomendação”.
 
O deputado do PAN diz que a Assembleia Municipal, aprovou por unanimidade, em 21 de dezembro de 2021, uma recomendação que visava a transição para fogos de artifício mais silenciosos, «tendo em conta os impactes negativos no ambiente, nas pessoas mais vulneráveis e nos animais». 
 
Alexandre Pereira alerta para o facto de que, «existindo hoje em dia alternativas e tecnologia disponível, nada justifica que não seja iniciada uma mudança gradual para celebrações mais ecológicas». O deputado chama ainda a atenção de que na altura o autarca de Olhão, argumentou que se arranjassem tampões e auscultadores para colocar nos animais durante as explosões do fogo de artifício, por o mesmo acontecer muito perto do atual canil municipal.
 
«Tudo isto demonstra uma tremenda falta de respeito e consideração, primeiro porque a decisão de não mudar nem uma vírgula contraria uma vontade unânime dos membros da Assembleia Municipal, depois pela estranha contradição de Olhão se assumir como capital da Ria Formosa e ao mesmo tempo permitir que as zonas de lançamento e explosões aconteçam dentro de uma área protegida como o Parque Natural da Ria Formosa, e, finalmente, porque este ano os locais de lançamento vão ser ainda mais perto do canil municipal e em zona classificada como Área de Proteção Parcial II no âmbito do Plano de Ordenamento da Ria Formosa, RCM nº 78/2009, de 2 de setembro, necessitando, a meu ver, de parecer por parte do ICNF. A minha convicção é que deveríamos ser os primeiros a dar o exemplo, tornando Olhão a referência nacional na utilização de formas mais ecológicas de celebração, sem poluição sonora e ambiental, acautelando o bem-estar de pessoas e a proteção de animais, domésticos e selvagens», argumenta o deputado municipal.
 
Para o mesmo deputado, os danos causados pelo barulho das explosões atingem animais domésticos mas também animais silvestres, sobretudo as aves, sendo que estas são presença constante nas salinas e sapais adjacentes às zonas das explosões. «Os rebentamentos provocam nas aves uma reação instintiva de fuga que, combinada com a falta de visibilidade noturna, causa a morte de muitas aves decorrente do choque com as estruturas urbanas, árvores ou com o próprio fogo de artifício, durante o voo», adianta.
 
Em relação aos animais de companhia, nomeadamente o cão, explica que a sua audição é muito mais apurada que a do ser humano, fazendo com que o som dos estrondos seja percecionado de uma forma muito mais intensa. «O barulho, associado ao medo, desencadeia respostas fisiológicas de stress, por meio da ativação do sistema neuroendócrino, que resultam numa resposta de 'luta ou fuga', observada através do aumento da frequência cardíaca, vasoconstrição periférica, dilatação das pupilas, piloereção e alterações no metabolismo da glicose (dados de um estudo elaborado pela Society for the Prevention of Cruelty to Animals – SPCA Scotland)».
 
Mesmo em algumas pessoas, nomeadamente crianças muito pequenas, idosos e pessoas fragilizadas física ou psiquicamente, o deputado exemplifica que as explosões do fogo de artifício podem provocar reações diversas, «existindo relatos de bébés que desmaiam com o ruído».