Sociedade

Foi apresentado em Loulé o livro das atividades artesanais algarvias

José Apolinário - Presidente da CCDR Algarve
José Apolinário - Presidente da CCDR Algarve  
 
 
A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve promoveu a apresentação do livro “Red Book - Lista Vermelha das Atividades Artesanais Algarvias”, num evento público realizado no espaço dos Banhos Islâmicos e Casa Senhorial dos Barretos, em Loulé.

José Apolinário, presidente da CCDR Algarve, valorizou a parceria que permitiu a edição do “Red Book” sublinhando que esta obra havia nascido de «um projeto com Fundos Europeus no quadro do INTERREG, da Cooperação Transfronteiriça, visando promover as nossas tradições e a oferta cultural inovadora no contexto da Eurorregião Alentejo-Algarve-Andaluzia - EURO AAA».
 
«O trabalho de investigação e de produção foi desenvolvido pela Proactivetur, no contexto do projeto Magalhães_ICC, acrónimo do Centro Magalhães para o Empreendedorismo de Indústrias Culturais e Criativas, o qual pretende estabelecer uma rede de cooperação transfronteiriça destinada a consolidar e a promover a oferta cultural inovadora no seio da EURO AAA, sendo co-financiado pelo Programa Interreg V-A Espanha Portugal (POCTEP) 2014-2020, como acrescentou José Pacheco, vice-presidente da CCDR Algarve.
 
Na sessão intervieram o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, sublinhando a oferta do município na cultura e património, e as diretoras regionais da Cultura e do Emprego e Formação Profissional, Adriana Nogueira e Madalena Feu, que sustentaram a boa aplicação dos Fundos Europeus geridos no Algarve para a preservação e valorização do património cultural edificado e imaterial, como a «recuperação deste espaço museológico e esta recolha de saberes tradicionais e atividades como exemplos a replicar para consolidar e diversificar a oferta turística da região», fazendo a diferenciação do Algarve também pela sua paisagem e “saber-fazer” das suas gentes.
 
Miguel Reimão Costa, da Universidade do Algarve, Graça Palma e Susana Calado Martins, autoras da Proactivetur, referenciaram o caráter pioneiro desta iniciativa desenvolvida em plena pandemia com artesãos, alguns já de idade avançada, autarquias e associações do setor, levando à descoberta de «um mundo cuja dimensão era desconhecida, obrigando-se a estabelecer critérios de seleção muito rigorosos», orientada pela comissão técnico-científica constituída com representantes das entidades relevantes para o Património Cultural Imaterial (PCI), e optando por «deixar de fora outras expressões de atividades artesanais tradicionais, como a arquitetura tradicional, a cerâmica decorativa ou a doçaria regional», sugerindo a criação de um plano de salvaguarda para as 26 artes referenciadas e a continuidade e aprofundamento dos estudos das demais.
 
As listas resultantes da investigação guiam-se pelos procedimentos estabelecidos pela UNESCO, com a vantagem de estas manifestações de PCI poderem futuramente ser inscritas no inventário nacional, o único instrumento de proteção legal deste património, ou seja, passando a ter uma base sólida para apresentar à Direção-Geral do Património Cultural para o Inventário de Património Imaterial do Algarve, que já integra manifestações regionais de PCI como o culto da Mãe Soberana em Loulé, ou da Nossa Senhora dos Navegantes, na Ilha da Culatra, em Faro.
 
Presente no evento, a sub-diretora geral do Património Cultural, Rita Jerónimo, considerou esta obra como um exemplo a replicar noutras regiões do país, manifestando o apoio e envolvimento no alargamento das áreas de investigação, quer temáticas, quer territoriais.