O médico que faz voluntariado no Centro Hospitalar do Algarve aponta como principais problemas para o estado de “exaustão em que se encontram os clínicos” nesta altura do ano, “a falta de investimento para com a realidade da saúde no Algarve.”
O edil de Castro Marim realçou que, “não podemos só apontar o dedo aos administradores hospitalares quando o problema da saúde no Algarve precisa de uma política mais interventiva.”
“Sabemos que estamos a atravessar um momento difícil; de grande crise económica, mas a saúde tem de ser uma prioridade para as pessoas e, se é verdade que se abrem concursos e que os médicos não querem vir exercer funções na região, então também tem de ser uma realidade a mudança de atitude por parte de quem toma as decisões na área da saúde”, sublinha Francisco Amaral clarificando que, “o Governo tem de dar incentivos para que essa contratação se efetue, já que os doentes precisam de apoio ao longo de todo o ano.”
Ainda neste âmbito, o médico defende que, “tem de existir um tipo de parcerias público-privadas que suporte essa falta de clínicos, sob pena de continuarmos a assistir a situações dramáticas como aquelas com as quais contacto diariamente enquanto autarca.”
“Há pessoas sem dinheiro para uma consulta de especialidade no privado e não podem esperar anos pela mesma no público e, temos vários exemplos disso. Casos de jovens com hérnias discais que aguardam anos por um apoio. Pessoas que estão em idade de trabalhar e que se vêm impedidas por falta de respostas na saúde. O mesmo se passa com a medicina dentária”.
“Não se admite que o Centro Hospitalar do Algarve não disponha de dentista para a população e que, muitas pessoas não possam cuidar da sua saúde oral por falta de meios.”
Enquanto autarca, Francisco Amaral assume que está a tentar criar parcerias com um dentista no seu concelho “para tentar apoiar quem mais precisa, mas o problema estende-se a toda a região e tem de ser o Estado a dar essa resposta, quando o Algarve gera tantos impostos para o país” lembrando que, “há muitos serviços no CHAalgarve que funcionam com falta de especialidades médicas e, não há uma ´varinha mágica` para resolver estes problemas. O Estado deve contratualizar esses serviços fora do hospital, tem de incentivar os médicos para que não saiam do serviço público e ter uma atitude mais agressiva para dar uma resposta aos doentes.”
Sublinhando que, “eu já digo isto há muito tempo. Tem de haver um esforço suplementar para a saúde; para evitar situações desumanas como estas a que assistimos neste momento e que se arrasta há décadas.”
Em seu entender, Francisco Amaral afirma que, “não há governo que consiga dar resposta a estas dificuldades. Não se admite que existam listas de espera vergonhosas, pessoas com muitas dores, com o acesso de saúde limitado. Isto não pode existir. Qualquer governo tem de ser capaz de resolver esta realidade – a qualidade de vida das pessoas é muito importante e deveria estar acima de qualquer crise. Deveria existir sempre dinheiro para dar resposta a estas situações.”
Apontando que tem havido uma desconsideração para com o Algarve que, “tanta riqueza dá ao país e que merecia ser melhor tratado”, Francisco Amaral frisou que “o principal problema começava logo na escolha dos deputados para representar o Algarve… Há uns anos atrás, quem liderava as listas não eram algarvios, mas sim pessoas que pouco ou nada conheciam da realidade de cá, agora felizmente que essa situação está a mudar, o que poderá ser uma mais-valia para melhorar a qualidade de vida da população.”
Recorde-se que, o presidente do concelho do sul da Ordem dos Médicos, Jaime Mendes, disse esta semana à Rádio Renascença que, os médicos do Centro Hospitalar do Algarve estão “em estado de exaustão” pela necessidade de dar resposta aos muitos doentes que acorrem à unidade hospitalar e à falta de meios para responder ás exigências.