Política

Francisco Amaral deixa a Câmara de Castro Marim esta quinta-feira

 
Um acumular de dúvidas e de impasses que têm vindo a retirar poderes ao presidente da Câmara de Castro Marim, «motivam um cenário de eleições antecipadas».

 
O autarca decidiu devolver a voz ao povo para tentar alterar a situação e «alcançar uma maioria expressiva que permita poder governar».
 
Em declarações ao Algarve Primeiro, o autarca mais antigo do país, explicitou em linhas gerais, aquilo que está por detrás da sua decisão e, o que mais o preocupa neste momento, nomeadamente «tem sido um acumular de situações em que nada se avança. A minha lista chegou a um ponto de renúncia porque acreditamos que é o bom-nome de Castro Marim que está a ser manchado e não podemos permitir que tal se mantenha».
 
Na posição do autarca, «já fizemos de tudo para que esta situação se inverta e, até ao momento, nada surtiu efeitos. Por diversas vezes já tentei fazer acordos com a oposição que optou por se coligar com o vereador independente e, nesse sentido, são levantadas dúvidas e obstáculos que não nos deixam realizar as obras que temos em curso. Há uma oposição maioritária que está ali só para boicotar o trabalho do executivo».
 
Francisco Amaral adianta que, «esta oposição já acabou com a Unidade Móvel de Saúde, houve obras que já eram para estar feitas e ainda estão em concurso por causa de umas dúvidas inventadas, como a Praia Fluvial de Odeleite, como o Passadiço que liga Manta Rota a Altura, como o desenvolvimento da Casa do Sal, pelo que, são tudo obras que já deveriam estar feitas e ainda estão atrasadas à conta de sucessivas dúvidas que a oposição inventa».
 
O autarca salienta ainda «os poderes que me foram retirados. Neste momento não tenho os poderes que qualquer presidente de Câmara tem no nosso país. As reuniões de Câmara que eram de 15 em 15 dias e que demoravam perto de um quarto de hora, agora são semanais e demoram cinco ou seis horas, constituem autênticos massacres que justificam a devolução do voto ao povo para que a situação se altere e clarifique».
 
Francisco Amaram lamenta «o clima que se vive dentro da autarquia, em que há espaço para tudo menos para avançar naquilo que é realmente importante. Perde-se tempo com ofensas pessoais, num ambiente de constante guerrilha que, em nada beneficia esta terra e os castromarinenses».
 
«Uma situação rara no país» como descreve acerca do que se está a passar dentro da autarquia.  
 
O edil sustenta que, «já fiz todas as tentativas possíveis para tentar alterar este estado de coisas e, até ao momento, nada se modifica, tornando o ambiente insustentável para todos os que aqui trabalham e que deveriam estar concentrados no melhor para Castro Marim e para a sua população».
 
O edil sublinha que não tem apego ao poder. «Não podia ficar de braços cruzados enquanto que o nome de Castro Marim está a ficar prejudicado. Estar à frente dos destinos deste concelho a qualquer preço, não é para mim».
 
Ao nosso jornal, o autarca confidenciou que, «se perder estas eleições, assumo com ética e dignidade o meu papel de vereador».
 
Após dois enfartes em quatro anos «devido a um conjunto de pressões, de cartas anónimas e de perfis falsos nas redes sociais que eram usados para me ofender e para denegrir a minha imagem, tenho de consultar a minha cardiologista se a situação se mantiver como está após as eleições!».
 
As eleições estão previstas para maio.
 
Entretanto, o ainda presidente fica em gestão, «com uma comissão administrativa em que serei o presidente desse organismo, mas cujos poderes são muito reduzidos».
 
Francisco Amaral sai esta quinta-feira «de consciência tranquila, porque fiz tudo o que podia para que conseguíssemos trabalhar da melhor forma. Eu convidei os dois vereadores do PS para trabalharem a tempo inteiro, não aceitaram. Convidei-os para virem cá todas as semanas para conversarmos e vermos os pontos de entendimento que poderíamos ter, também não aceitaram e preferiram fazer uma coligação informal com o vereador independente para obstaculizar e dificultar a vida daqueles que estavam no executivo».
 
E realça que, «Castro Marim é muito mais importante que os egos de cada um. A decisão está nas mãos dos castromarinenses, eu tudo farei para merecer a sua confiança e a maioria absoluta que se pretende para poder trabalhar».