Sociedade

GeoPalcos mostrou-se em Albufeira pela lente de Rui Gregório e pela pauta de Armando Mota

 
 
 
 
Estiveram presentes na inauguração da exposição, os autarcas de Albufeira e de Loulé.

No âmbito do programa GeoPalcos, que liga a arte, a ciência e natureza, pensado a partir da colaboração e participação das populações, com vista a dinamizar o território do aspirante Geoparque Algarvensis Loulé-Silves-Albufeira, a Geoparque Mundial da UNESCO, foi lançado um desafio aos artistas e cientistas "para pensar o território como um lugar de criação, de pensamento, de inquietude e de deslumbramento".
 
Dois artistas de Albufeira aceitaram o repto da organização para lançar um novo olhar sobre o território, neste caso a zona de Paderne e Ferreiras, que integra o aspirante Geoparque Algarvensis.
 
Segundo nota da Câmara de Albufeira, Rui Gregório, natural de Albufeira e residente em Paderne há vários anos, fez-se ao caminho e durante cerca de um ano revisitou paisagens, percorreu trilhos, onde descobriu novos lugares, fósseis que antes não passavam de pedras e que agora adquiriram um novo significado. O resultado é um conjunto de imagens que contam a história dos vários lugares que a sua lente captou para mostrar a todos os que quiserem visitar a exposição.
 
O artista sublinha que ao seu ritmo mergulha nos lugares em que gosta de se perder neste território, revelando que é neste processo que “começa a compreender as coisas, a existência, as memórias e vivências de um tempo perdido, especialmente neste mundo em que tudo acontece tão rápido, não basta chegar a um lugar e fotografar”. Refira-se que este foi um projeto pensado em conjunto por dois artistas que interpretaram o território, numa visita que se faz de fotos que ganham novas dimensões através da música. Para o efeito, o maestro Armando Mota compôs a peça sonora intitulada “Percurso – 1 381Km2”.
 
Na opinião do maestro Armando Mota, a peça “pretende criar várias atmosferas para que os visitantes da exposição possam encontrar e sentir as tonalidades, as emoções, os sons do aspirante a Geoparque ao longo do seu percurso”. A obra, que foi encomendada propositadamente pelo Município para a abertura do primeiro evento do Geopalcos em Albufeira, visa “de forma indireta criar uma relação com o Algarve, nomeadamente com o território do aspirante Geoparque Algarvensis, que localizado no sul de Portugal, no centro da região do Algarve, inclui parte dos concelhos de Loulé, Silves e Albufeira, numa área total de 1 381 Km2”, justifica.
 
Armando Mota é maestro, pianista, compositor, professor e programador, residente em Albufeira há mais de 30 anos. Na inauguração da mostra fotográfica “Pelos Trilhos do Algarvensis” estreou uma peça musical especialmente concebida para acompanhar a exposição, na qual contou com a colaboração de João Cunha (violino), Gonçalo Duarte (Guitarra), Gonçalo Pescada (acordeão) e Joaquim Galvão (flauta), criando momentos de pura magia e deslumbramento.
 
A exposição está patente ao público até ao público na Galeria Municipal João Bailote, até ao próximo dia 30 de julho, das 9h30 às 12h30 e das 13h30 às 17h30.
 
A anteceder a visita à exposição, o presidente da Câmara Municipal de Albufeira relembrou a forma como começou o Geoparque e como Albufeira integrou o projeto, a convite do presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo. O autarca explicou que o projeto GeoPalcos surgiu de uma candidatura intermunicipal, liderada pela AMAL, juntando os 16 municípios algarvios e a Direção Regional de Cultura do Algarve, o que resultou no “Bezaranha – Programação Cultural em Rede”, com financiamento parcialmente assegurado pelo Programa Operacional Regional do Algarve (CRESC2020).
 
“O GeoParque é um território em que a geologia e a ciência transmite-nos conhecimento daquilo que foi a história da Terra. Tem a ver com geologia, como o próprio nome indica, mas essencialmente o objetivo passa pelo aspeto cultural, social, demográfico, económico, aspetos que podem incentivar outro tipo de ações, numa estratégia integrada de desenvolvimento deste território de forma sustentável”, sublinhou José Carlos Rolo. “No fundo, o que pretendemos é dar voz a um território do interior, mostrar a sua valorização, tirando partido da diversificação do Turismo de Natureza e Cientifico”, justificou. Estes eventos pretendem mostrar que o projeto está vivo e que ser Geoparque da UNESCO é uma tarefa extremamente exigente, que implica o envolvimento das pessoas “o Geoparque é para as pessoas, mas tem que ser feito com as pessoas e este evento é um excelente exemplo, do que acabo de dizer”, reforçou.
 
O presidente da Câmara Municipal de Loulé destacou que não poderia deixar de se associar a um evento que faz parte de uma programação cultural em rede, que tem como foco um território, que compreende a parte interior de três municípios do algarve central: Silves, Albufeira e Loulé. “A minha presença é apenas simbólica, tinha que estar aqui hoje, porque o Geoparque é um projeto que une três concelhos num único propósito, que o presidente José Carlos Rolo tão bem identificou, e que passa por atrair atividade, economia, projeção para uma zona que é pouco visitada e alvo de pouca atenção por parte das pessoas e dos investidores, o que constitui um enorme desafio. Queremos que este território seja, também, um lugar onde a criatividade e as manifestações culturais possam surgir numa lógica de participação com as populações locais, com aqueles lugares cénicos tão deslumbrantes do interior da nossa região”, sublinhou. “É um enorme desafio que temos pela frente e que iremos levar a bom porto, ou seja passar da fase em que somos aspirantes à apresentação da candidatura, para posteriormente recebermos o selo da UNESCO de Território Geoparque. Existem no mundo muito poucos, até há pouco tempo eram 161”, frisou. São áreas protegidas, com estatuto especial conferido pela UNESCO, que tem associado uma série de exigências, requisitos, normalmente ligados ao desenvolvimento sustentável. “É um projeto alinhado com o mundo que aponta ao futuro e eu, juntamente com o meu colega José Carlos Rolo e a nossa colega Rosa Palma, estamos muito entusiasmados com este projeto que vai ser um bem para todos nós, nomeadamente para as populações do interior dos três concelhos que integram o aspirante Geoparque Algarvensis”.