Família

Gosta de alguém ou quer ter alguém?

A questão é fácil de colocar, mas nem sempre simples de responder, na medida em que, em alguns casos, parecemos confundir estes dois verbos.

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Na realidade, quanto mais esclarecidos formos, melhor nos corre a vida e mais prazer retiramos das situações. Se eu souber descodificar os meus sentimentos, então estarei mais livre e disponível para que os momentos me sejam mais gratificantes.
 
De acordo com o dicionário da Língua Portuguesa, gostar é um sentimento agradável que sentimos por algo ou alguém. É algo de prazeroso que naturalmente nos permite uma sensação positiva.
 
No caso do querer, este refere-se muito mais ao precisar, ao cobiçar e ao ter vontade de ter algo ou alguém.
 
Enquanto que o gostar está ligado ao sentir afeto, o querer refere-se em grande medida ao querer possuir alguma coisa ou alguém.
 
De certo que o leitor já percebeu que, gostar de algo ou de alguém, não é a mesma coisa que o querer ter, mas apesar de ser mais fácil utilizar esta comparação com objetos, ainda é muito comum que a usemos para as pessoas e para os prazeres da vida, o que nem sempre nos liberta para as boas sensações.
 
Se eu for a uma festa porque gosto de estar com aquelas pessoas e de conversar com elas, sinto muito prazer nessa situação. Se pelo contrário, for ao mesmo evento porque quero ver quem lá está, acabo por me sentir frustrada com a escolha que fiz, pois em pouco tempo tenho a sensação de que nada faço ali. Já vi quem estava e fiquei com a curiosidade satisfeita, o restante tempo é um desperdício de energia.
 
Com este exemplo pretendo mostrar que, a felicidade reside essencialmente na forma como pensamos e tomamos as nossas decisões. Se me quero ficar pelo simples querer de algo, assim que tenho essa necessidade satisfeita perco o interesse. Se opto por libertar o sentir, consigo prolongar essa sensação positiva durante mais tempo e repeti-la sempre que se proporcionar.
 
Temos o exemplo de gostar de alguém e de querer ter alguém. Se gostar, alimento esse meu lado emocional e positivo e sou capaz de desfrutar de boas sensações. Se me satisfaço com o simples facto de ter alguém ao meu lado, em pouco tempo perco o prazer em estar com essa pessoa e não consigo ter muitos momentos de felicidade.
 
O sentimento renova-se e o querer implica estar sempre à procura de novos interesses por ser mais efémero.
 
Se repararmos no sexo por querer uma satisfação momentânea, rapidamente a descompressão acontece e pouco nos fica de vontade para voltar a ter o mesmo ato mecânico com aquela pessoa. Podemos escolher outra e sabemos que o prazer será o mesmo. Se sentimos amor, se gostamos daquela pessoa, naturalmente que vamos ter muito mais interesse em repetir o ato com ela e de sermos criativos. Ao sentimento inicial vamos juntando outros como a criatividade, a maior disponibilidade, a maior capacidade de entrega. Somam-se os sentimentos que acrescentam a relação, enquanto que o querer é rápido e instantâneo.
 
Depois deste apontamento acredito que seja mais fácil para o leitor encontrar mais momentos de felicidade e de prazer, sobretudo porque se conhece melhor a si mesmo, porque consegue avaliar a importância de cada momento na sua vida e fazer escolhas mais inteligentes e direcionadas ao que pretende para si.
 
Fátima Fernandes