O Governo pretende responder a uma carência há muito reclamada pela população e pela Ordem dos Médicos.
Com um milhão de doentes sem médico de família, o Ministério da Saúde pretende contratar até 2018, setecentos médicos aposentados como forma de dar uma resposta urgente a essa realidade.
Como incentivo, a tutela está a adicionar 75% do vencimento à reforma dos clínicos, não colocando objeção à idade, uma vez que, “cabe aos serviços aferir as competências dos médicos para cada caso concreto.”
Com este incentivo, o Ministério da Saúde conta com o reforço de setecentos médicos aposentados em todo o país e que pretendam regressar à vida ativa mesmo acima dos 70 anos de idade.
No âmbito desta estratégia já estão ao serviço, desde fevereiro, 221 profissionais aposentados, prevendo o Ministério da Saúde contratar, de forma faseada, mais 500 até 2018.
No Algarve, já estão ao serviço 13 clínicos nestas condições.
Para o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, esta é "uma medida positiva que se deverá estender a outras especialidades hospitalares com carências de profissionais como é o caso da anestesia.”
Segundo o bastonário, "há relatos de falta de anestesistas no SNS, quando há anestesias a emigrar, porque os vencimentos são demasiado baixos para pagar a complexidade e exigência do trabalho correspondente a 12 anos de formação".
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse estar convencido de que, "até ao final da legislatura, todos os portugueses terão um médico de família e todos terão acesso a cuidados de proximidade". E crê mesmo que "o incentivo de 75% [de vencimento sobre a reforma]" seja suficiente para os médicos reformados regressarem ao SNS.
Em funções nos centros de saúde, desde fevereiro, já se encontram 221 médicos aposentados, dos quais 134 são profissionais da área de medicina geral e familiar, segundo o portal do SNS. Destes 221 médicos, 41 estão em exercício no Norte, 72 no Centro, 82 em Lisboa e Vale do Tejo, 13 no Alentejo e 13 no Algarve.