Política

Grupo Parlamentar do PCP visitou Ruínas Romanas de Milreu e interpela Ministro da Cultura

 
Uma delegação do PCP, integrando o deputado Paulo Sá eleito pelo Algarve, visitou ontem as Ruínas Romanas de Milreu (concelho de Faro), acompanhada por representantes da Direção Regional de Cultura do Algarve.

 
A Villa Romana de Milreu, classificada como Monumento Nacional em 1910, é um dos mais importantes vestígios da época romana no país. A sua relevância está bem patente no volume de achados arqueológicos, como mosaicos, revestimentos marmóreos e cerâmicos, estuques pintados e escultura decorativa. O número de visitantes deste monumento nacional tem vindo a crescer, atingindo os 16 mil no ano passado, destaca comunicado do PCP.
 
As últimas escavações arqueológicas em Milreu foram realizadas em 2002-2003, sob a orientação do arqueólogo alemão Felix Teichner, cujos resultados dessa campanha encontram-se registados numa tese de doutoramento (em língua alemã), a qual, apesar de ter sido publicada em 2008, ainda não se encontra traduzida para português, circunstância, que para o Grupo Parlamentar do PCP, "além de limitar o acesso a um documento de grande relevância para o estudo e compreensão do sítio arqueológico de Milreu, tem ainda constituído um obstáculo à realização de novas escavações".
 
Nessa mesma altura, em 2003, foi realizada uma intervenção de reabilitação deste monumento nacional, consistindo na remodelação da zona de acesso, na construção do centro de acolhimento e interpretação e no arranjo dos percursos de visita. As pequenas intervenções de conservação, realizadas desde essa altura, revelaram-se insuficientes, não impedindo a degradação de alguns elementos das Ruínas Romanas de Milreu, em particular, de mosaicos.
 
De acordo com especialistas, é ainda necessário completar as escavações dentro do atual perímetro do monumento, além de iniciar escavações num terreno contíguo pertencente a um particular, no qual existem vestígios arqueológicos da antiga villa romana. Nos anos 90 do século passado chegaram a decorrer negociações com o proprietário para a compra deste terreno, mas o processo nunca foi concluído. Em consequência, uma parte não despicienda das ruínas da villa romana de Milreu, ainda não foi escavada e estudada, jazendo debaixo de um laranjal.
 
Impõe-se, na opinião do PCP, a conclusão do processo de aquisição do terreno e o prosseguimento das escavações, revelando e estudando em toda a sua plenitude as ruínas romanas de Milreu, o que, por sua vez, exige a disponibilização dos meios humanos e financeiros adequados para esse fim.
 
Segundo o mesmo comunicado do PCP, há ainda uma acentuada carência de funcionários, nas Ruínas Romanas de Milreu. Apesar de serem necessários 6 assistentes técnicos para o normal funcionamento do monumento, apenas dois se encontram aí colocados. 
 
De acordo com informação recolhida pelo Grupo Parlamentar do PCP, está atualmente a decorrer um procedimento para recrutamento de 6 assistentes técnicos para a Direção Regional de Cultura do Algarve. Embora a decisão de contratar pessoal seja de valorizar, não se pode deixar de assinalar que o número de vagas a concurso é manifestamente insuficiente para colmatar as carências existentes, salientam os comunistas, que dizem não haver técnicos conservadores-restauradores na Direção Regional de Cultura do Algarve, "pelo que as tarefas desempenhadas por estes profissionais são contratadas a empresas privadas".
 
Assinala-se ainda a falta de meios humanos e financeiros para renovar e modernizar a exposição patente no centro de interpretação, a sinalética de orientação e conteúdo existente ao longo do percurso da visita e o material de divulgação disponibilizado no acolhimento.
 
Por fim, as Ruínas Romanas de Milreu não têm, como a delegação do PCP diz ter constatado, condições adequadas para visitantes com mobilidade reduzida. Apesar de haver na entrada do monumento e em alguns pontos do percurso rampas próprias para cadeiras de rodas, o piso é, em diversos pontos, demasiado acidentado, não permitindo a circulação dessas cadeiras de rodas.
 
Assim, o Grupo Parlamentar do PCP, por intermédio do deputado Paulo Sá, questionou o Ministro da Cultura, dirigindo-lhe algumas questões como se o Governo reconhece que as pequenas intervenções de conservação, realizadas após a reabilitação de 2003, se revelaram insuficientes para impedir a degradação de alguns elementos deste monumento nacional, em particular, de mosaicos, que recursos humanos e financeiros adicionais serão disponibilizados para essas pequenas intervenções de conservação, se o Governo reconhece que é necessário completar as escavações dentro do atual perímetro das Ruínas Romanas de Milreu e iniciar escavações num terreno contíguo pertencente a um particular, no qual existem vestígios arqueológicos da antiga villa romana, se tenciona diligenciar no sentido de garantir a tradução para português da tese de doutoramento publicada em 2008 e que contém os resultados da última campanha arqueológica realizada nas Ruínas Romanas de Milreu em 2002-2003, quando se procederá a um reforço de funcionários na Direção Regional de Cultura do Algarve, possibilitando a colocação de mais assistentes técnicos nas Ruínas Romanas de Milreu, se tenciona dotar a Direção Regional de Cultura do Algarve desses recursos humanos e financeiros, entre outras questões.