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Impactos das redes sociais na saúde mental

 
É um facto que as redes sociais nos trouxeram um conjunto de benefícios, sobretudo no que se refere à aproximação entre pessoas que estão distantes, no entanto, será que é só de aspetos positivos que se reveste essa evolução?

Recorrendo a uma publicação do Vittude, percebe-se que, apesar de estarmos muito mais conectados com as redes sociais, também passamos a sofrer de problemas que outrora não se colocavam como sendo a ansiedade resultante da necessidade de obter gostos, a frustração de ver “as melhores vidas de sempre” e a nossa não corresponder a esses padrões de perfeição, sem esquecer que, a negatividade é contagiosa e que facilmente circula pelas redes dando-nos a sensação de que, de um momento para o outro, tudo está mal no nosso mundo.
 
São muitas as emoções que circulam ao minuto nas redes sociais, pelo que é interessante saber como é que o cérebro humano e as novas gerações estão a lidar com estas particularidades. É disso que vamos falar neste artigo.
 
Segundo o Vittude, «a vida social cultivada no mundo cibernético difere da vida social do mundo real, uma vez que esta é muito mais dinâmica, superficial e, por vezes, mentirosa». As fotografias postadas no Instagram e no Facebook geralmente retratam uma realidade diferente – mais alegre, mais satisfatória.
 
Por outro lado, os internautas já estão demasiado apegados às suas vidas virtuais, especialmente os mais jovens. As crianças já dizem que querem ser youtubers ou instagrammers quando crescerem e os jovens passam horas a atualizar os seus múltiplos perfis virtuais. «A tendência é que esse apego às redes e à internet aumente nos próximos anos». 
 
Neste contexto, o Vittude reforça que, essas plataformas podem ser muito bem aproveitadas quando se tem a intenção certa, contudo, a influência descontrolada do mundo virtual na realidade acarreta inúmeras consequências negativas para a saúde mental.
 
A mesma fonte cita um estudo realizado pela Royal Society for Public Health, instituição inglesa voltada para a saúde pública, que identificou que as redes sociais provocam tantos efeitos positivos como negativos. Os impactos nocivos resultam da má gestão da vida online, na medida em que, por norma os utilizadores gastam demasiadas horas nas atualizações nas redes, controlando à distância a vida de ex-parceiros (falta de controle dos ciúmes) ou de desavenças, necessidade de se autoafirmar através dos perfis virtuais, exposição exagerada da vida pessoal (a qual pode ser perigosa), entre outras.
 
Por sua vez, um artigo da The Atlantic afirmou que «o uso descontrolado das redes sociais pode estar relacionado com o aumento considerável da depressão e ansiedade no mundo».
 
O Vittude lembra que, a maioria dos adolescentes da nova geração cresceu com acesso à tecnologia. Desde pequenos, já tinham contacto com as redes e as suas excentricidades. Neste contexto, a relação dos jovens com esta nova realidade, «é completamente diferente da dos adultos deste tempo», assim «as novas gerações são mais suscetíveis a vivências negativas e aos impactos prejudiciais do excesso de horas dedicadas à socialização virtual».
 
Como consequência, os autores do mesmo trabalho suspeitam que «os adolescentes de hoje são emocionalmente mais vulneráveis devido ao modo de vida e à exposição anormal à Internet». Ao mesmo tempo, os mais velhos também são afetados pelo uso contínuo de plataformas/aplicativos como o Instagram e o Facebook, «mas não são tão impressionáveis como os jovens», completou a mesma fonte.
 
É importante ter em conta que, o uso moderado e consciente das redes sociais, não acarreta qualquer perigo para a saúde mental, no entanto, todos são unânimes em reconhecer que se torna complexa a tarefa de dosear corretamente a sua utilização num tempo em que “todos os caminhos vão parar à Internet”.
 
Por se perceber a dimensão dos riscos para a saúde mental, em meados de 2019, o Instagram, a maior rede social de fotografias do mundo, removeu o número de likes das publicações. Desde essa altura, os utilizadores deixaram de poder “gostar” das fotos publicadas, o que no entender dos especialistas, foi um passo importante para reduzir o efeito negativo dessa modalidade. Assim, aquela competição silenciosa que se vivia nas redes em virtude do número de “gostos” deixou de existir. Foi a partir daí que se começou a falar muito mais na falsa felicidade apresentada pelas fotos que “esbanjam fortuna” e que deixam frustradas as pessoas que não conseguem alcançar esse nível de vida.
 
Quem não recebia uma quantidade aceitável de “gostos” questionava-se sobre o que poderia estar mal consigo. Quem não tinha uma vida tão movimentada perguntava-se se estava a perder os melhores anos da sua existência. Esta realidade foi assumida e reconhecida pelo Instagram quando decidiu remover essa funcionalidade, no entanto, os especialistas alertam que, o mundo virtual continua a acarretar muitos impactos emocionais negativos nos seus utilizadores.
 
Entre os principais prejuízos para a saúde mental, o Vittude destaca:
 
Ansiedade
 
Nas redes sociais, a pessoa pode ter a impressão de que a vida dos outros é fantástica e que a sua é medíocre. O confronto com a suposta plenitude alheia pode elevar a ansiedade.
 
A pessoa pode acreditar que está estagnada ou que os seus esforços até então foram insuficientes para conquistar a vida dos seus sonhos.
 
O Vittude reforça ainda neste ponto que, as incessantes notícias negativas e comentários desagradáveis também podem aumentar a ansiedade. O nosso cérebro é incapaz de digerir todas as informações recebidas durante o dia. Dessa forma, os estímulos negativos tornam-se “fardos pesados” para a mente.
 
Pressão
 
A quantidade de informações, pesquisas, artigos, notícias, opiniões e fotos podem mexer com a sua cabeça. A sensação de “preciso de  ser produtivo” pode passar a permear os seus pensamentos, e pressioná-lo a alcançar os seus objetivos de maneira pouco saudável.
 
Uma das questões recorrentes incide em “porque razão eu não consigo sair do meu lugar quando tantas pessoas já alcançaram o sucesso?”
 
Essa cobrança, segundo o Vittude, está a tornar-se cada vez mais comum entre profissionais e estudantes, especialmente os mais jovens. A pressão que a pessoa coloca em si mesma pode levá-la ao esgotamento.
 
Sensação de isolamento
 
Por um lado, o uso das redes pode conectar pessoas das mais variadas origens e personalidades. É mais fácil encontrar indivíduos com interesses idênticos ao seu na internet e construir uma amizade.
 
No entanto, o excesso de interações virtuais pode aumentar a sensação de solidão, levando-o ao isolamento social. 
 
A pessoa pode sentir-se mais amada e aceite nas comunidades virtuais e dedicar mais tempo a essas interações, mas deve lembrar-se de que, também é necessário manter bons relacionamentos com as pessoas que lhe são próximas.
 
Medo de estar a perder algo nas redes sociais
 
A expressão em inglês FOMO, ou fear of missing out (medo de perder experiências, em português), é bastante popular por uma razão simples: muitas pessoas a sentem.
 
Enquanto se observa a vida dos outros através dos ecrãs, teme-se estar a perder vivências importantes ou não estar a aproveitar a fase da vida em que se encontra. Subitamente, a sensação de ainda não ter viajado, amado, trabalhado ou se divertido o suficiente toma conta de si.
 
Ao notar isso, começa a planear as próximas aventuras e, muito provavelmente, não terá paz até realizá-las. Essa sensação desagradável, aliada à pressão para viver intensamente, é propícia para ao surgimento da depressão.
 
Procura desenfreada pela perfeição
 
Da mesma forma que as redes podem colocar uma pressão enorme sobre os seus ombros para se profissionalizar, ganhar dinheiro, realizar sonhos e, basicamente, tornar-se a melhor pessoa do mundo, pode coagi-lo a procurar a perfeição.
 
Essa procura acarreta muito sofrimento para quem decide fazê-la, pois é impossível alcançar o objetivo final.
 
Sedentarismo ou obsessão com o corpo
 
Estes dois extremos também podem resultar do mau uso da internet. A tecnologia tende a tornar as pessoas mais estáticas por ser a principal fonte de trabalho e entretenimento, facilmente levando-as ao sedentarismo.
 
Por outro lado, a procura incessante pelo físico perfeito pode causar uma distorção da imagem corporal.
 
A promessa da perda de peso milagrosa dá lugar a distúrbios alimentares, pelo que, se deve ter em conta que é fácil cair nessas armadilhas para se poder proteger.
 
Para perder peso, procure um profissional de saúde habilitado.
 
Raiva
 
As pessoas tendem a ser ousadas online. Conversas e debates amigáveis à primeira vista podem tornar-se agressivos em instantes. Por detrás disso, está o anonimato e a distância que encorajam muitos a falar o que não diriam pessoalmente. 
 
Além disso, nas redes encontra-se uma variedade de opiniões e nem todas são agradáveis, pelo que, a pessoa pode ficar com raiva pela forma de expressão de terceiros ou de palavras ofensivas, sendo que, o confronto ainda aumenta mais o stress e o mau-estar, pois sabemos que, muitas pessoas só utilizam a Internet para desabafar e para dizer tudo o que lhes passa pela alma sem pensarem no lugar do outro e como se poderá sentir perante esses comentários negativos.
 
Depressão
 
À medida em que se prioriza as redes sociais, pode sentir-se raiva, inadequação, tristeza e frustração. No dia a dia, qualquer um de nós também pode esbarrar nessas emoções ao interagir com colegas de trabalho, amigos ou familiares pelo que, a sua mente não se consegue afastar da negatividade nem sequer por um minuto.
 
Neste ponto, é preciso considerar que, o uso excessivo das redes amplifica emoções de caráter negativo, as quais podem afetar o seu bem-estar emocional e agravar sintomas de depressão, stress e ansiedade.
 
O Vittude apresenta também as boas práticas no uso das redes sociais e, nesse contexto, temos de destacar que, os perfis que construímos podem ser usados para fins de entretenimento, informação e descontração, mas não tomar conta da nossa vida. Para evitar os fatores prejudiciais das redes sociais, a pessoa deve equilibrar os momentos dedicados à vida online e à vida real. Depois, é importante praticar a atenção plena nas conversas e manter o foco nas pessoas com quem está a conviver. Com esta postura, é interessante desligar as tecnologias à mesa e quando se está com outras pessoas. Ao mesmo tempo, não desenvolva a necessidade de tirar fotos de tudo e mais alguma coisa para publicar. Opte por guardar as suas fotos e por desfrutar os momentos sem essa preocupação constante.
 
Quando se sentir sobrecarregado, seja de informações ou de interações, desligue-se das redes, recomenda o Vittude acrescentando que, devemos dar prioridade a outras áreas de vida como sendo o exercício físico, a meditação, ouvir música, relaxar e estar com outras pessoas.
 
Comece por se desligar das redes sociais ao fim de semana e perceba a enorme diferença que isso vai fazer na sua vida e, não se esqueça, cuide-se com carinho!
 
Fátima Fernandes