Política

Incêndios são resultado do "abandono do interior e do potencial produtivo do Algarve" - PCP

 
Membro da Comissão Política do Comité Central do PCP fez uma declaração sobre o incêndio florestal de Monchique.

 
Para Vasco Cardoso, o facto da Serra de Monchique, tal como outras zonas do interior algarvio, serem sistematicamente atingidas pelos incêndios florestais, "são uma consequência de uma política de abandono do interior e do potencial produtivo do Algarve".
 
No plano da prevenção e das medidas de combate ao fogo, apesar da excepcional concentração de meios que se verificou no terreno, uma vez que Monchique estava sinalizado como local de maior risco no plano nacional e não existiam outras ocorrências desta dimensão em simultâneo, Vasco Cardoso salientou, não só o "incumprimento" de várias das medidas que foram inscritas no Orçamento do Estado de 2018 e de outra legislação, como é o caso do reforço de recursos humanos de diversas estruturas dos Ministérios da Agricultura e do Ambiente, dos Guardas Florestais, de Sapadores Florestais e dos meios do próprio ICNF, a que se somam, aspetos relativos à coordenação operacional e aproveitamento de meios existentes, cujos "abundantes" relatos não podem deixar de ser averiguados, sobretudo naquilo que diz respeito ao combate inicial a este incêndio.
 
O PCP defende uma intervenção "rápida" de reposição de bens perdidos e outros prejuízos económicos, devendo, para tal, prevalecerem os mesmos critérios de apoio que foram adoptados para os incêndios de 2017, e que sejam estendidos a Silves, Monchique, Portimão e Odemira. 
 
O partido reafirma, a necessidade de uma outra política para a floresta e o mundo rural, já que "sem pessoas não é possível a gestão da floresta", exigindo uma PAC que apoie preferencialmente a agricultura familiar e o mundo rural do minifúndio, a adopção de políticas que garantam, em contraposição à lógica capitalista, o apoio efetivo a produções e produtores que aí encontrem fonte de rendimento e compensação da sua actividade e não o incentivo para que as abandonem a favor de fileiras como a do eucalipto, um efetivo desenvolvimento regional com investimento público de grande dimensão na atividade agrícola e florestal e do qual não se pode excluir o Algarve, em vez da persistência num conjunto de anúncios "tantas vezes repetidos" de novos programas, novos apoios, novos financiamentos, mas que não alteram estruturalmente um problema com que o País está confrontado. 
 
O PCP promete intervir, quer na Assembleia da República, quer no Parlamento Europeu, para que se assegurem respostas imediatas e se adoptem políticas que contribuam para responder aos problemas que este incêndio "mais uma vez revelou".
 
No próximo dia 15 de Agosto, uma delegação do PCP, irá integrar Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do Partido, numa visita às zonas atingidas no concelho de Silves, fazendo-se também acompanhar pelos autarcas do município.