O investigador Wolfgang Link, do Centro de Investigação em Biomedicina da Universidade do Algarve (UAlg), acaba de receber uma bolsa Terry Fox no valor de 15 mil euros.
A cerimónia oficial de entrega das bolsas de investigação científica Terry Fox 2016/2017 teve lugar no dia 8 de Abril, no Instituto Português de Oncologia de Lisboa.
Com esta bolsa, atribuída pelo Núcleo Regional do Sul da Liga Portuguesa Contra o Cancro e pela Embaixada do Canadá, que organiza em Portugal a Corrida Terry Fox, o investigador vai continuar a estudar os mecanismos de resistência a drogas mediados pela pseudo-cinase TRIB2, no contexto do melanoma.
Este cancro representa a forma mais agressiva de cancro de pele resistente a todos os tratamentos convencionais.
Esta é a terceira vez que um investigador da UAlg é distinguido com uma bolsa Terry Fox. Já antes Nuno Rodrigues dos Santos, que centra a sua investigação na leucemia aguda de linfócitos T, e a investigadora Ana Luísa Martins Ferreira, que estudou a aplicação de novas técnicas de diagnóstico na área da Oncologia, viram os seus projetos distinguido pela LPCC e pela Embaixada do Canadá, com as respetivas bolsas.
O melanoma é a forma mais agressiva de cancro de pele resistente a todos os tratamentos tradicionais. A resistência a drogas é a principal causa de insucesso, no tratamento a pacientes que padecem desta doença. No último ano, o grupo de sinalização do Centro de Investigação em Biomedicina da Universidade do Algarve, liderado por Wolfgang Link, identificou a proteína TRIB2 como biomarcador em melanoma. Esta descoberta vai permitir num futuro próximo triar os pacientes com mais precisão, tanto a nível do diagnóstico como na resposta ao tratamento.
Com a atribuição deste prémio pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, o grupo de Wolfgang Link quer agora investigar quais são os intervenientes e os mecanismos moleculares que permitem que TRIB2 confira resistência a agentes quimioterapêuticos.
Os resultados esperados são altamente relevantes, já que irão permitir diferenciar pacientes que respondem ou não a agentes anticancerígenos. Utilizando uma medicina personalizada poder-se-á desenvolver uma estratégia de co-tratamento para superar a resistência aos medicamentos.
Sobre as Bolsas Terry Fox
Terry Fox foi um jovem canadiano a quem, aos 18 anos, foi diagnosticado um cancro nos ossos na perna direita, o que originou a sua amputação. Durante o internamento no hospital, Terry ficou tão impressionado com o sofrimento dos outros jovens com cancro que decidiu empreender aquela que viria a designar por Maratona pela Esperança: iria atravessar o Canadá a pé com o objetivo de angariar fundos para a investigação em Oncologia. Entre Abril e Setembro de 1980, Terry percorreu mais de cinco mil quilómetros, até ser forçado a parar pela doença, que apareceu nos pulmões. Em Junho de 1981, aos 22 anos, Terry morreu, mas o Canadá nunca o esqueceria. Nesse mesmo ano foi organizada a primeira Corrida Terry Fox e nascia a Fundação com o mesmo nome, cuja atividade atravessou as fronteiras do Canadá e toca hoje vários países, incluindo Portugal.
Atualmente, as Bolsas Terry Fox para investigação em Oncologia são atribuídas em Portugal todos os anos pela Liga Portuguesa Contra o Cancro em conjunto com a Embaixada do Canadá. No valor de 15 mil euros cada, as bolsas são financiadas pelos fundos obtidos com a organização anual da Corrida Terry Fox, iniciativa lançada há 14 anos pela Embaixada do Canadá, a que se associou o NRS-LPCC. Os três projetos premiados anualmente emergem do conjunto de projetos pré-selecionados pela LPCC e enviados para a Fundação Terry Fox, no Canadá, que por sua vez os submete à apreciação do National Cancer Institute.