Em entrevista ao Algarve Primeiro Joaquim Teixeira, presidente da União de Freguesias de Faro, (Sé e S.Pedro), fez um retrato de alguns aspectos preocupantes da capital algarvia.
Enquanto presidente da maior junta de freguesia do Algarve; que engloba cerca de 40 mil pessoas, Joaquim Teixeira mostra-se preocupado com as dificuldades de muitos farenses que, neste tempo de crise, “se encontram em situação de pobreza. Uma pobreza envergonhada. Percebo isso através do aumento de pedidos de ajuda, os quais tento responder da melhor forma possível, já que é a minha missão enquanto autarca”.
Sem perder de vista a importância de ajudar as pessoas, o autarca da União de Freguesias sublinhou que, “Com a actual dimensão desta junta de freguesia, com um orçamento anual de 600 mil euros e com atrasos nos pagamentos por parte da autarquia de Faro, torna-se cada vez mais complicada a tarefa de dar resposta a quem mais precisa. Ainda assim, o meu executivo tenta fazer o melhor que pode, uma vez que, esta crise colocou muitas pessoas em situação de carência extrema”.
Relativamente ao processo de agregação de freguesias, Joaquim Teixeira foi perentório: “Este processo foi mal feito, demasiado rápido e sem ouvir as pessoas. Com a anterior Junta da Sé, já era difícil dar resposta a todas as solicitações, agora com a agregação da freguesia de S. Pedro, temos um acumular de trabalho e recursos escassos para tantas exigências. Não posso concordar com este novo formato de organização que nos dificulta a acção junto de quem mais precisa”.
Nas mesmas considerações feitas ao Algarve Primeiro, Joaquim Teixeira adiantou ainda que, “a cidade de Faro precisa de um tecido empresarial forte. A baixa da cidade está morta e a precisar de uma mobilização dos empresários de forma a captar mais gente para uma zona nobre da cidade que está ao abandono”.
Ainda relativamente à baixa de Faro, o autarca adiantou que, “é necessário um plano de urbanismo que também permita reabilitar as casas e dar uma nova vida a esta zona da cidade. Concordo com a promessa de Rogério Bacalhau na sua campanha para as autárquicas em recuperar casas antigas da baixa e dar-lhes um novo sentido, mas até agora não vejo nada colocado em marcha e é fundamental”.
Ao mesmo tempo, Joaquim Teixeira sublinha que, “os empresários não podem estar à espera do Estado, tem de haver criatividade e dinâmica para voltar a tornar a baixa atractiva e comercial”.
No que diz respeito aos farenses em geral, o autarca lamentou a falta de civismo que é cada vez mais uma realidade na cidade, a ponto de “estar um cano roto e ninguém alertar os organismos competentes. Esta situação é preocupante, pois reflecte a falta de bairrismo essencial para a nossa vida quotidiana e para a melhoria das condições de vida das populações. Posso dizer que existe um desinteresse por parte dos farenses que me incomoda e preocupa”.
Por fim, destacou o facto de a autarquia de Faro ter uma dívida de 300 mil euros à União de Freguesias, “dinheiro que faz muita falta para apoiar mais as pessoas e para fazer muito mais do que aquilo que é permitido com o orçamento que temos disponível, dívida que será saldada após a aprovação do programa PAEL que tarda em chegar”.