Comportamentos

Jovens com novo vício perigoso

Foto|Freepik
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Os jovens entre os 12 e os 17 anos descobriram mais um vício que acarreta sérios problemas para a saúde.

Trata-se da inalação de gás de isqueiro que, por ser barato e de fácil acesso, está a constituir uma nova moda entre os adolescentes em vários países.
 
Dizem os cientistas que, ao absorver o gás dos isqueiros, os jovens vivem uma experiência de fuga à realidade durante alguns momentos, no entanto, esta prática envolve uma séria e perigosa alteração no organismo.
 
Alertam ainda os mesmos entendidos que, a inalação de gás de isqueiro é uma tendência muito perigosa que já tirou a vida a vários adolescentes. Contudo, esta prática ainda não está suficientemente legislada em muitos países, o que dá lugar à sua continuidade de uma forma livre, facto que deve constituir um motivo de alerta para os pais e para a comunidade em geral.
 
Uma aposta forte na prevenção é, para já, o primeiro requisito para evitar que muitos jovens se envolvam neste vício, sublinham  os especialistas alertando que, é relativamente fácil que um adolescente  tenha acesso a um isqueiro.
 
Tendo por base os trabalhos de investigação levados a cabo sobre esta matéria, a inalação do gás de isqueiro pode precipitar, no limite, uma paragem cardíaca porque se trata de uma substância conhecida como  gás isobutano. Este gás é um hidrocarboneto tóxico para os seres humanos. É usado como combustível e agora os mais jovens parecem ser atraídos pelos seus efeitos no sistema nervoso.
 
Do ponto de vista psicológico, os efeitos dessa substância são a evasão da realidade e a euforia. É uma espécie de embotamento que  leva o consumidor a sentir-se “ausente”. A inalação de gás de isqueiro provoca sensações semelhantes às obtidas com o consumo de álcool, o que inclui a desinibição. No entanto, , é preciso ter em conta os seguintes efeitos associados:
 
•Irritação das membranas mucosas.
 
•Salivação excessiva.
 
•Sonolência.
 
•Tonturas
 
•Dor de cabeça.
 
•Vómito.
 
•Falta de coordenação nos movimentos.
 
•Convulsões.
 
•Perda de consciência.
 
Uma superexposição a esta substância pode levar à paralisia da laringe e obstruir o fornecimento de oxigênio ao corpo, causando uma condição conhecida como “hipóxia”. Também tem o potencial de causar insuficiência cardíaca. Assim, inalar o gás pode ser mortal, pois aumenta a probabilidade de síndrome de morte súbita, alertam os cientistas.
 
Tendo por base os estudos realizados, este vício parece estar mais associado a jovens com fracos recursos económicos e com relações complicadas com os pais.
 
Estes adolescentes queixam-se de que os pais são muito protetores, hipervigilantes e pouco compreensivos e afetuosos, razão pela qual faz todo o sentido chamar a atenção dos adultos para que conversem com os filhos e tentem perceber o que se está a passar nas suas vidas, no seu quotidiano e, se efetivamente estão a consumir alguma substância perigosa na tentativa de compensar  algo que lhes falta.
 
É fundamental explicar aos adolescentes que, a inalação de gás de isqueiro produz danos irreversíveis ao organismo tais como:
 
•Deterioração da mielina. Esta substância afeta os neurónios e a sua deterioração pode causar distúrbios no movimento ou alucinações.
 
•Perda de audição.
 
•Neuropatias.
 
•Danos no sistema nervoso central.
 
Para concluir, os entendidos clarificam que, os jovens que recorrem a este ou a outro consumo de substâncias para “esquecerem a realidade”, não desenvolveram habilidades para enfrentar a vida e os seus naturais problemas, pelo que, é fundamental que os pais, ao longo da sua educação e da conversa diária que estabelecem com os filhos, lhes vão dando a conhecer as dificuldades inerentes à existência humana e que lhes vão mostrando que os problemas têm de ser resolvidos para que não se acumulem. É ainda imperioso que os adultos entendam que os jovens passam por momentos difíceis inerentes a essa fase de desenvolvimento, que sentem muitos medos, muitas inseguranças, que acumulam muitas dúvidas, que querem ver os problemas resolvidos no imediato e que, na maioria das vezes, não é assim que a vida se processa, pelo que têm de aprender a pensar, a organizar-se e a procurar encontrar soluções. Os progenitores devem mostrar-lhes ainda a importância do diálogo; de um espaço diário de conversa onde todos possam falar abertamente do que sentem e do que necessitam, sendo que os pais devem estar disponíveis para ajudar, esclarecer e pedir ajuda sempre que assim se justifique.
 
Fátima Fernandes