Política

Lagoa: Porta-voz do PAN visita Alagoas Brancas onde diz haver "crime ambiental"

A porta-voz do Pessoas-Animais-Natureza (PAN), Inês de Sousa Real, desloca-se esta terça-feira, 1 de novembro, pelas 11h00, às Alagoas Brancas, no concelho de Lagoa.

PUB
O partido refere em comunicado, que está em causa a conservação daquela que é uma das únicas zonas húmidas existentes na zona do Algarve, «que desde há cerca de uma semana foi invadida por maquinaria que iniciou trabalhos de terraplanagem, para dar lugar a um empreendimento comercial, destruindo os valores ambientais, florísticos e faunísticos, que constituem ainda um relevante valor histórico, cultural, paisagístico e identitário». 
 
“As Alagoas Brancas são um local com elevado valor ambiental e com um importante papel na preservação da biodiversidade e de prevenção de cheias. Não compreendemos como a autarquia de Lagoa, contrariamente ao que dizem estudos, especialistas e até a própria Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, deu o seu aval para arrasar com este reduto verde em prol de um empreendimento comercial, que pode e deve ser edificado noutro local. Numa altura em que os responsáveis políticos deveriam estar fortemente comprometidos com a preservação dos valores naturais, para combater a crise climática, esta postura da Câmara Municipal é um verdadeiro atentado ambiental. A Câmara deveria sim, estar a negociar com o promotor da obra, para encontrar outro local e ter classificado já as Alagoas Brancas como zona protegida. Pretendemos fazer uso de todos os instrumentos previstos por lei em nome da conservação das Alagoas Brancas”, afirma a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real. 
 
“A pressão colocada pela expansão urbanística não pode continuar a estar no cerne do desenvolvimento das regiões, particularmente quando em causa estão valores naturais insubstituíveis e cuja valoração vai mais além do fator puramente economicista”, defende.
 
A par de outras diligências em curso, o PAN diz ter dado inicío ao processo que conduzirá à formalização de uma queixa junto do Ministério Público, para que este atue em defesa dos interesses difusos, conforme previsto na legislação em vigor.
 
Segundo o PAN, com base num estudo levado a cabo em 2019 e financiado pelo Fundo Ambiental, só nas Alagoas Brancas foram identificadas 114 espécies de aves, destacando-se a presença neste local de pelo menos 1% da população nacional reprodutora de caimão (Porphyrio porphyrio) e 1% da população regional (Mediterrâneo, Mar Negro e África Ocidental) de Íbis Preta (Plegadis falcinellus) e espécies com estatuto de conservação desfavorável, como o cágado-de-carapaça-estriada classificada como «Em Perigo» e a Osga-turca classificada como «Vulnerável».