O Núcleo Museológico Rota da Escravatura, instalado no Edifício da Vedoria / Alfândega (monumento de interesse público também conhecido por “Mercado de Escravos”), situado na Praça do Infante, inaugurou no dia 6 de junho.
Segundo descreve a edilidade, no Núcleo do Museu de Lagos procura-se transmitir ideias e conceitos que facilitam a partilha da memória e do conhecimento científico com a comunidade, criam comunicação, intensificam a relação com os diferentes públicos do museu e marcam a vida social, proporcionando e incentivando a participação dos cidadãos nas atividades do museu e no desenvolvimento local.
A cerimónia de inauguração, contou com a presença do Ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, de um represente do Chefe de Estado-Maior do Exército, do Presidente e deputados da Assembleia Municipal, vários autarcas, a Diretora Regional de Cultura do Algarve, o Diretor do Museu Nacional de Arqueologia, de um representante do Centro de Estudos de África, Ásia e América Latina do ISEG, todos os responsáveis envolvidos no projeto e diversas outras entidades e convidados.
A Presidente da Câmara Municipal de Lagos, Maria Joaquina Matos, referiu no seu discurso que em 2010, e posteriormente em 2012, “a Câmara assinou um protocolo de colaboração com o Centro de Estudos Sobre África e Desenvolvimento do ISEG com o objetivo de desenvolver, com a colaboração do Comité Português da UNESCO do projeto Rota do Escravo, um Museu ou Centro Interpretativo do Tráfico de Escravos e um Memorial de Homenagem a criar no local onde se deu essa descoberta”.
Recorde-se que também em 2010 e, posteriormente, em 2012, o Exército Português cedeu à Câmara Municipal os dois espaços deste edifício militar onde a exposição se haveria de desenvolver.
A Presidente da Câmara terminou a sua intervenção lembrando que “este foi o primeiro passo de uma longa caminhada de responsabilidade histórica que não termina aqui. Pretendemos dar continuidade ao aprofundamento desta temática, dinamizando a mesma e estabelecendo pontes de diálogo com outras comunidades unidas por este legado histórico. Cabe-nos, a todos, a responsabilidade de promover a reflexão sobre a evolução da escravatura, designadamente, nos tempos atuais, fenómeno que, embora com diferente roupagem, continua a existir, pondo em causa os mais fundamentais direitos humanos”.
Para o Ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, que acompanhou o projeto desde o início ainda na condição de embaixador, foi com muita satisfação que esteve presente “num momento tão importante para as nossas memórias históricas, que ainda que não sejam todas muito felizes, são reais”, acrescentando que “todas as conquistas de civilizações têm o lado negro e o seu lado bom. Este encontro de raças teve exatamente esse resultado”. Para o Ministro não há dúvidas de que “o tráfico de escravos foi condenável, mas faz parte da nossa história, e o facto deste núcleo retratar essa parte menos feliz da história do país é também muito importante”. A terminar, Luis Castro Mendes, realçou ainda da importância da abertura deste equipamento “no sentido em que muitos visitantes, nacionais e estrangeiros, não vêm só à procura do sol e praia, mas também do nosso património e da nossa história”.
O Mercado de Escravos representou um investimento global de 426.287 euros, dos quais 237.148 foram financiados pelo PO Algarve 21 a 65% e o resto com fundos próprios do Município.
A entrada no Núcleo Museológico Rota da Escravatura será gratuita até ao próximo dia 12 de junho.