Sociedade

«Que seja um Natal mais solidário e menos solitário» - Margarida Flores

No dia da apresentação do livro “Foram lágrimas Senhor, Foram Lágrimas” da autoria do conhecido jornalista Fernando Correia, o Algarve Primeiro falou com Margarida Flores para que nos fizesse um apontamento relativamente à quadra natalícia e à problemática da solidão.

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Esta é sempre uma altura do ano em que muitas pessoas se confrontam com a solidão, com as memórias e, há também quem viva distante dos seus familiares e, quem assista diariamente a um ambiente diferente do que desejaria.
 
Enquanto cidadã, Margarida Flores falou da solidão «como um problema que tem de ser encarado com enorme seriedade. Não é por acaso que, Inglaterra tem no Governo a pasta da Solidão. Trata-se de um fenómeno dos países evoluídos e que nos faz pensar nas respostas para essa mesma solidão».
 
Margarida Flores que foi convidada para apresentar a obra de Fernando Correia, sobre violência doméstica na Biblioteca Lídia Jorge em Albufeira, enquanto Diretora Regional do Instituto de Segurança Social de Faro, falou ao nosso jornal sobre a solidão, em especial nos idosos.
 
«O conceito de família mudou; a família hoje já não é os avós, os pais e os netos. Hoje temos uma mãe que vive com um filho, temos um pai que vive com um filho, temos um filho com os pais, temos um filho com dois pais, uma filha e duas mães, temos vários tipos de comunidades, pelo que temos de pensar na integração, temos de olhar para a nossa sociedade sem medo, e olhar a verdade que está nela».
 
Na posição de Margarida Flores, «temos de olhar para a verdade da realidade, tal como fizemos aqui ao abordar a problemática da violência doméstica que é um caminho que temos de persistir, para podermos intervir, se escondermos os problemas debaixo do tapete, vamos ter muitos mais radicalismos».
 
Margarida Flores abordou ainda formas de combater a solidão que, de algum modo «ajudam a aceitar a realidade, ao mesmo tempo em que permitem a aproximação entre as pessoas».
 
«Eu assisto a muitos casos de idosos que combatem a solidão com recurso à internet. Falam com os filhos e netos que estão noutros países ou noutras zonas do país e, dessa forma, mantêm os laços de proximidade. Quando vou aos Centros de Dia, acho muito interessante que as pessoas de 70, 80 anos aprendam a utilizar a internet para comunicarem com os seus familiares».
 
Temos todos de reconhecer que, «a solidão é um facto:hoje já não temos aquela figura da mulher ficar em casa, uma vez que, homem e mulher trabalham, as pessoas duram mais tempo e esperamos que estejam em sua casa com qualidade, mas muitas vezes longe dos filhos e netos, esta é a nova realidade que tem de ser encarada por todos».
 
Nestes novos tempos, «é importante que a pessoa fique na sua casa com mais conforto, que conte com o apoio domiciliário que é de extrema importância para que de alguma forma, haja um controlo da sua saúde, da sua higiene, no fundo, é uma forma de tratar essa solidão».
 
Para a responsável «as respostas que são dadas pelos serviços, vão todas ao encontro daquilo que se pretende que é acompanhar o mais possível as pessoas, neste caso os idosos, ajudá-las a ter mais qualidade de vida e autonomia durante mais tempo. Em resumo, estas respostas pretendem que falemos de um Natal mais solidário e não um Natal solitário».