Política

Legislativas: Chega teve a maior subida no Algarve em Vila Real de Santo António

Foto - Algarve Primeiro
Foto - Algarve Primeiro  
Vila Real de Santo António foi o concelho do distrito de Faro onde o Chega mais subiu a votação nas eleições legislativas de domingo, comparativamente com 2024, superando o PS como força mais votada.

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Num concelho onde os socialistas tinham ganho em 2024, com 30,75% dos votos, o Chega obteve no domingo 38,57%, contra os 22,74% do PS, num escrutínio em que a AD – Coligação PSD/CDS-PP manteve o terceiro lugar, com 20,52%, mas melhorou o resultado em comparação com os 17,53% que obtivera no ano passado.

O Chega teve mais cerca de 1.100 votos do que em 2024, retirando votantes sobretudo à esquerda, nomeadamente ao PS, à CDU, quarta força (que passou de 6,02% em 2024 para 4,56% no domingo), e ao BE, que caiu da quinta para sétima posição (de 5,54% para 2,29%), sendo superado pela IL, quinto, com 2,52%, e o Livre, único partido a contrariar a tendência de quebra verificada nesse espaço político, que foi sexto, com 2,44%.

O presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, Álvaro Araújo (PS), disse à Lusa que encara os resultados eleitorais de domingo no concelho com “serenidade e respeito” pela vontade dos eleitores e considerou que os políticos devem “ouvir e compreender” o voto democrático dos cidadãos.

Álvaro Araújo defendeu que há um “sentimento de insatisfação generalizado” com os partidos “tradicionalmente mais votados”, como o PS, e é necessário “fazer uma reflexão profunda” sobre a resposta que a política tem dado “às preocupações concretas das pessoas”.

O autarca argumentou que o PS está a pagar ainda “o preço de algumas decisões políticas nacionais que não foram bem compreendidas pela população” e pela “incapacidade” de solucionar problemas “que preocupam muitos os algarvios”, como o novo Hospital do Algarve, a Estrada Nacional 125 e a gestão da água, exemplificou.

A imigração é também uma área que “causa apreensão junto das pessoas” e merece ser compreendida com “inteligência e humildade”, sublinhou, frisando que o resultado do Chega segue “uma tendência que se verificou em várias regiões do país”, “particularmente acentuada” no Algarve e em Vila Real de Santo António, deve levar os partidos democráticos a fazer “uma leitura lúcida deste fenómeno”.

O autarca considerou que há “um sentimento de desconfiança” em relação aos partidos tradicionais e as formações políticas como o Chega acabam por aproveitar a ”frustração e descontentamento” da população para se apresentarem como “alternativas ao sistema”, argumentou.

David Silva, presidente do PSD de Vila Real de Santo António, também comentou à Lusa os resultados eleitorais de domingo no concelho, considerando que, mesmo com o crescimento do Chega, a formação social-democrata está numa tendência de crescimento “coerente” em eleições legislativas no concelho desde 2019.

Sobre o aumento da votação no Chega, David Silva lembrou que se inclui numa tendência que levou o partido liderado por André Ventura a vencer em 11 municípios dos 16 do Algarve e no distrito de Faro e considerou que a “falta de respostas” aos problemas da região criaram um sentimento de “revolta e de engano” na população.

O “ressentimento” dos eleitores pela falta de respostas do Governo central a problemas regionais leva a que estes expressem o seu “voto de protesto”, levando a que esse “descontentamento” também se reflita a nível local.

A Lusa também tentou obter uma reação do Chega aos resultados eleitorais de domingo no concelho de Vila Real de Santo António, mas sem sucesso.

Lusa