Sociedade

Lídia Jorge recebeu com emoção o Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários APE/Câmara Municipal de Loulé

Lídia Jorge recebeu no último sábado, o Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários Associação Portuguesa de Escritores/Câmara Municipal de Loulé que este ano distinguiu a obra “Em Todos Sentidos”.

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A cerimónia que decorreu na Sala da Assembleia Municipal de Loulé, encerrou o programa comemorativo da Semana do Município de Loulé.
 
Natural de Boliqueime, a escritora disse sobre o prémio: “Não é explicável a emoção que sinto por receber, neste momento e nesta cidade, este prémio!”.
 
Conforme explica nota da autarquia, “Em Todos os Sentidos” nasceu do convite lançado à autora pelo diretor da Antena 2, João Almeida, para escrever crónicas, pessoais e não demasiadamente ligadas a acontecimentos, que pudessem ser lidas pela própria nesta rádio pública.
 
Durante o ano de 2019, semanalmente, Lídia Jorge deu voz aos textos, num ambiente criado também pelo som do trompete de Chet Baker em “Almost Blue”. Em 2020, ano em que “O Dia dos Prodígios” assinalava o seu 40º aniversário, preferiu a autora que “em vez de uma edição de capa rica dessa obra, se fizesse antes um livro novo de capa pobre”. E é assim que surge “Em Todos os Sentidos”, com 41 crónicas radiofónicas transpostas para o papel, reunidas na obra premiada.
 
“É um livro que tem muito da zona, que projeta muito aquilo que é a paisagem, os problemas da própria terra, mas sobretudo o meu amor pela terra”, frisou Lídia Jorge. As paisagens algarvias, as memórias de alguns hábitos do passado, Loulé e a vida noturna dos seus jovens, “com os seus sonhos e fugas imaginárias” ou personagens como Maria Inácia, uma defensora inabalável do órgão da Igreja de Boliqueime, transportam o leitor para as raízes da escritora. 
 
Lídia Jorge passa agora a integrar a lista de escritores que já conquistaram o Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários Associação Portuguesa de Escritores/Câmara Municipal de Loulé, entre os quais estão José Tolentino Mendonça, com “Que coisa são as nuvens”, em 2016, Rui Cardoso Martins, com “Levante-se o Réu”, em 2017, Mário Cláudio, com “A Alma Vagueante”, em 2018, Pedro Mexia, com “Lá Fora”, em 2019, e Mário de Carvalho, com “O que eu ouvi na barrica das maçãs”, em 2020. 
 
Trata-se de um prémio que tem crescido e que, como realçou o presidente da Associação Portuguesa de Escritores, José Manuel Mendes, “consolidou o prestígio junto de todos aqueles que constituem o arquipélago das letras”. “Desde a primeira hora em que ele nasceu, que se afirmou como preenchendo um lugar fundamental. E de então para cá tem vindo a comprovar-se a todos os níveis a sua importância. Há um maior número de livros de crónicas a saírem, há autores de livros de crónicas que veem, de edição para edição, os seus livros a chegar às mãos dos leitores”, disse.
 
Opinião partilhada pelo parceiro neste projeto, o autarca Vítor Aleixo, que realçou o facto de o prestígio dos vencedores deste galardão ter contribuído também para elevar o nome do concelho. A política de apoio ao livro e à literatura tem estado na agenda do Município de Loulé, através de uma série de ações que Vítor Aleixo enunciou nesta sessão: a publicação e apoio à edição de mais de uma centena de livros nos últimos sete anos e que figuraram recentemente numa exposição na Biblioteca Municipal; a publicação do “Cancioneiro Popular do Concelho de Loulé”, que dá voz aos poetas populares; a celebração do Dia da Língua Portuguesa com o lançamento de uma antologia poética compilada pelo escritor António Carlos Cortez; a publicação da obra poética não editada de Casimiro de Brito; a reedição da revista “Prisma de Cristal” (em fac-simile), aquele que foi um suplemento do jornal “A Voz de Loulé” e um marco do movimento da poesia contemporânea.
 
O autarca deixou ainda palavras de agradecimento à vencedora do prémio pelo papel que tem tido ao elevar a sua terra: “Mulher implicada, com um pensamento claro e acutilante sobre o nosso tempo, uma humanista, uma livre pensadora, uma pessoa que nos inspira a ser melhores e nos coloca a pensar e a refletir sobre o que fazemos, como fazemos e para que fazemos. Pelo que é e porque com a sua ação literária tem levado o nome de Loulé ao mundo, sendo conhecida e reconhecida pela sua escrita, colocando, assim, Loulé no mapa do berço dos grandes escritores mundiais”.