A Associação de Pesquisa e Estudo da Oralidade (APEOralidade) vai apresentar na Biblioteca Municipal Lídia Jorge, em Albufeira, no próximo dia 4 de novembro, pelas 18 horas, duas obras poéticas que têm como autora Maria da Conceição Elói: O amor em quadras de inspiração popular e As vozes do coração.
A apresentação dos dois livros, com recolha, reflexão e coordenação do professor J. Ruivinho Brazão, cabe a Luísa Monteiro, doutorada em Literaturas Comparadas, pós-doutoramento em "Fernando Pessoa e no texto dramático". Doutorada em Filosofia, Luísa Monteiro pertence aos centros de investigação CHAM (Universidade Nova); CIAC (UAlg) e PRÁXIS – Centro de Filosofia, Política e Cultura (Universidade de Évora/UBI) e cumula ainda pesquisas no âmbito da Etnografia e Genealogia.
Técnica Superior de Comunicação, possui várias obras publicadas e mais de meia centena de encenações. Lecionou 'Dramaturgia' e 'Estética Teatral' na Universidade de Évora e leciona atualmente 'História do Teatro', 'Teorias da Arte Teatral' e 'Teatro e Comunidade' na Escola Superior de Teatro e Cinema, em Lisboa (graus de licenciatura e mestrado).
Conceição Elói desenvolveu uma atividade literária dinâmica, expressando-se, durante cerca de 70 anos, sobretudo em quadras e em sonetos, e deixou para a prosa os contos e as crónicas. Não chegou a ver concretizado o sonho de um livro seu, mas o conhecido jornalista Arménio Aleluia Martins, atento à vida cultural de Paderne, viria a dar-lhe cumprimento, ao publicar em livro: Ecos da Minha Voz (Edigarbe, 1983).
De acordo com a APEOralidade, Maria da Conceição de Sousa Elói nasceu em Paderne a 31 de agosto 1898 e é, em 1921, com três outras raparigas, todas elas Marias (e com o pseudónimo de flores), uma das fundadoras do primeiro jornal (manuscrito) do povo de Paderne: A Avezinha. Sob o nome de Madressilva, empenha-se na vida quotidiana de Paderne e, apesar de se lhe não conhecerem namorados, dedica uma boa parte da sua obra à reflexão sobre os afetos humanos. Salientou-se em jogos florais, chegando a ser considerada uma das vozes mais interessantes da poesia popular da região.
Tendo em conta a extensão e a qualidade da obra poética, J. Ruivinho Brazão decidiu reuni-la em dois volumes: no primeiro, as quadras; no segundo, os sonetos. Assim, no prefácio da primeira obra, o investigador classifica a poesia de Conceição Elói como de “inspiração popular”, reconhecendo-lhe “uma altura que excede, em toda a dimensão, a vulgar poesia que aparece dizendo-se de popular”. Salienta o professor que, “numa visão superior do mistério do amor, a poeta defende que no amor e no serviço que prestamos é que se decide a verdadeira estatura da pessoa”. O texto poético de Elói “inspira-se, efetivamente, na tradição popular, surge de uma finíssima criatividade de imagem e prende-nos, a todo o momento, com expressões de bom humor e humor crítico bem português.”
A APEOralidade conta com o apoio da Câmara Municipal de Albufeira e da Junta de Freguesia de Paderne.