Sociedade

Médicos do Hospital de Portimão preparam cartas de demissão para apresentar à tutela

Isílda Gomes, candidata do PS à presidência da Câmara Municipal de Portimão, vai apresentar no início da próxima semana uma providência cautelar no Tribunal Administrativo do Sul, em Loulé, para impedir "o encerramento de vários serviços de saúde do Hospital do Barlavento Algarvio e sua transferência para o de Faro".

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Segundo o "Diário de Notícias" Isilda Gomes disse ter chegado ao seu conhecimento através de notícias vindas a público que, na sequência da reestruturação em curso no âmbito do recém-criado Centro Hospitalar do Algarve, "o serviço de urgência de otorrino do Hospital do Barlavento vai passar a funcionar em Faro, tal como o de oftalmologia, medicina cirúrgica, urgência pediátrica, psiquiatria e gastroenterologia". 
 
Por outro lado, acrescentou, "a urgência de ortopedia funcionará em Portimão até às 20.00 horas, enquanto a urgência pediátrica passa a contar apenas com um especialista, que terá a seu cargo cesarianas e internamentos".
 
"Se, por exemplo, uma pessoa sofrer fratura de uma perna em Aljezur terá de ser assistida em Faro, em vez de ir para o Hospital do Barlavento Algarvio, em Portimão, que passa a funcionar praticamente como um centro de saúde com internamentos, o que de resto já está a acontecer, com graves riscos para a saúde da população desta zona", lamentou Isilda Gomes. 
 
Na sua perspetiva, esta situação "representa um ataque à economia do sector do turismo no concelho de Portimão e do barlavento algarvio". "Por norma, os turistas procuram locais com boa assistência médica e se não os houver nesta zona do Algarve, receio bastante que as pessoas pensem duas vezes antes de a escolherem como destino de férias. 
 
Coloquei há meses várias questões ao Ministro da Saúde para saber o que vai acontecer ao Hospital do Barlavento Algarvio, em Portimão, e continuo a aguardar resposta", alertou Isilda Gomes, que deverá apresentar no início da próxima semana a providência cautelar no Tribunal Administrativo do Sul, em Loulé.
 
Por seu turno, Pedro Nunes, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve, que inclui os hospitais de Faro, de Portimão e Lagos, acusou Isilda Gomes de fazer "chicana política e de não saber do que está a falar". "Lamento que a doutora Isilda Gomes esteja a fazer declarações públicas sem ter confirmado se notícias publicadas num jornal correspondem à realidade. 
 
Estou disponível para a receber e de lhe prestar todos os esclarecimentos, tal como o fiz em reuniões com vários presidentes de câmaras do Algarve" e candidatos nestas eleições autárquicas, sublinhou Pedro Nunes, desvalorizando a providência cautelar que a candidata socialista à Câmara Municipal de Portimão se prepara para apresentar na justiça.
 
Depois de desmentir informações que apontam para o encerramento de vários serviços de saúde em Portimão, numa altura em que, na prática, passará a funcionar "um só hospital no Algarve", Pedro Nunes insistiu que "Isilda Gomes não tem conhecimentos para falar sobre saúde", admitindo que possa saber de "construção de infraestruturas e rotundas". 
 
Entretanto, o Centro Hospitalar do Algarve irá divulgar esclarecimentos sobre as alterações em curso nas unidades de saúde da região. 
 
Por outro lado, segundo apurou o DN, vários especialistas do Hospital do Barlavento Algarvio, em Portimão, têm cartas de demissão preparadas para apresentar à tutela, numa altura em que até um médico filiado no PSD se prepara para se afastar do partido. Nesta segunda-feira, decorreu uma vigília com populares junto àquela unidade de saúde.
 
Algarve Primeiro