Cultura

Morreu artista Daniel Vieira, figura da cultura popular algarvia

Daniel Vieira
Daniel Vieira  
Foto - CM Loulé
O artista Daniel Vieira, pintor, escultor, gravador, músico, figura impar da cultura popular de Alte, no concelho algarvio de Loulé, morreu esta madrugada no Hospital de Faro, na sequência de um AVC, revelou fonte da Junta de Freguesia daquela povoação.

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“A Junta de Freguesia de Alte manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento de Daniel Vieira, natural de Alte. A freguesia perde um dos seus, que levou Alte no coração e na sua expressão artística. À família e amigos, endereça as mais sentidas condolências”, disse à agência Lusa a presidente da Junta de Freguesia de Alte, Elisabete Vieira Luz.

O funeral deverá partir da Igreja Matriz de Alte apenas num dos primeiros dias do Novo Ano, porque Daniel Vieira deixou instruções para não ser sepultado até oito dias depois da sua morte, segundo Elisabete Vieira Luz.

“O Daniel continuará entre nós pelo seu exemplo de alegria, de juventude e de valores como a amizade e a liberdade, tão característicos da sua personalidade irreverente e sonhadora”, afirmou o presidente da Câmara de Loulé, Telmo Pinto, citado num comunicado.

O pintor e escultor Daniel José Ramos Vieira nasceu na aldeia de Alte em 03 de junho de 1937 e, por influência do seu pai José – pintor, escritor, poeta e músico -, dedicou-se à pintura desde muito jovem.

“Toda a minha vida foi dedicada às artes. Mas a minha vida é uma confusão. Eu fui mau estudante. Só estudei quando me interessou. Eu acho que quando uma pessoa vai e não gosta, não deve continuar a ir”, disse Daniel Vieira num texto na primeira pessoa que está publicado no site Rostos da Aldeia.

Com 20 anos foi para Lisboa e matriculou-se na Escola António Arroio, nos cursos noturnos de Desenhador e Gravador - Litógrafo, licenciando-se depois em Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, onde se especializou em gravura.

Manteve o seu atelier “Hortas das Artes”, no coração da aldeia de Alte, que servia como um centro de criatividade onde também ensinava outros artistas.

Foi membro da Sociedade de Gravadores Portugueses e expôs as suas obras tanto em Portugal como no estrangeiro, recebendo diversos prémios ao longo da carreira.

Segundo um comunicado da Câmara de Loulé, além da pintura, “era um talentoso músico e fadista”, conhecido por tocar diversos instrumentos e por manter vivas as tradições da cultura popular algarvia.

Também participou no Grupo Folclórico de Alte e no grupo Almanaque, tendo criado e participado nos grupos Levante e Erva Doce, onde tocava cavaquinho e bandolim “à sua maneira”.