Sociedade

Movimento SOS Ria Formosa “vai estar entre as máquinas e as casas”

Na sequência do cenário a que se tem assistido nos últimos dias, em que as demolições parecem estar cada vez mais no horizonte, o Movimento SOS Ria Formosa sublinha que “ainda não baixou os braços à luta e que vai estar em frente às suas casas até ao último momento.”

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No comunicado a que o Algarve Primeiro teve acesso, o Movimento é imperativo: "não assumiremos qualquer responsabilidade caso a Sociedade Polis Litoral Ria Formosa decida avançar com maquinaria pesada para destruição de habitações no núcleo do Farol e Hangares na Ilha da Culatra".
 
No mesmo documento lê-se que, “o movimento SOS Ria Formosa sempre defendeu o direito dos ilhéus a permanecerem onde sempre estiveram e apresentou propostas nesse sentido, apresentou um projecto sério que contemplava “uma solução digna para todas as partes.”
 
Dizem os ilhéus que, “defendemos uma requalificação dos núcleos”, defendemos que “há demolições a fazer, nomeadamente barracas sem uso habitacional e casas abandonadas ou em degradação”, mas também sempre “defendemos que nenhuma casa habitada poderia ser demolida, sem que essa habitação fosse reposta noutro local dentro de cada núcleo.”
 
Os ilhéus afirmam que, “até este momento, estas propostas não estão a ser tidas em conta. Avança-se com demolições ao abrigo de um suposto risco, que para além de não existir, vem provocar situações inaceitáveis e injustas.”
 
Na posição dos ilhéus, “vão haver casas que serão deixadas em situação de risco, segundo os critérios da Sociedade Polis, e outras nas mesmas condições que serão demolidas.”
 
No mesmo comunicado, o Movimento sublinha que, “continuamos a assistir a um discurso confuso, dúbio e muitas vezes contraditório dos vários intervenientes políticos relacionados com este assunto.”
 
Em termos práticos, “temos a Assembleia da República a aprovar uma moção que recomenda ao governo o reconhecimento dos núcleos históricos das ilhas barreira e a pedir para que seja revisto o POOC para contemplar esse reconhecimento.” Ao mesmo tempo, “temos um ministro e uma Sociedade Polis a reconhecer que o POOC não está sequer pensado para revisão e que não foi iniciado nenhum processo nesse sentido.”
 
Diz o mesmo comunicado que, “ao contrário da recomendação, temos mais uma vez um Ministro a garantir que não está preocupado com a protecção das ilhas barreira e que em vez disso irá aguardar mais uns três anos para que possam avançar mais demolições,” pois sem um plano de protecção com certeza que “mais habitações irão ficar em Risco no futuro.”
 
“É certo que a quantidade de casas a demolir, diminuiu drasticamente entre o que estava planeado pelo anterior governo e este, mas o futuro é mais uma vez incerto e as perspectivas não são nada boas.”
 
Na posição do Movimento SOS Ria Formosa, “a estratégia parece ter mudado, não para o fim definitivo das demolições, mas para algo mais lento para não criar tanta contestação”, algo que possa “enfraquecer os ilhéus, demolindo a prestações.”
 
O Movimento deixa ainda um alerta de que “tem a primeira carta para demolição de uma habitação mas para a Ilha da Armona, enviada pela APA Algarve”.
 
Depois da tomada de posse administrativa por parte da Sociedade Polis Ria Formosa, não se sabe a data exata em que vão avançar as demolições, mas pensa-se que, dentro de um mês tudo estará pronto para avançar no terreno.
 
Em protesto e, com os ânimos exaltados, os ilhéus já tinham dito que “não seria fácil que as máquinas chegassem à ilha com a função de demolir”, agora este comunicado vem reforçar essa luta.
 
Algarve Primeiro